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Piauí tem mais de 300 estudantes órfãos de feminicídio, aponta levantamento

Por Rebeca Lima e Tiago Melo (TV Cidade Verde)

Cerca de 304 crianças matriculadas na rede estadual de ensino perderam a mãe em virtude do crime de feminicídio. O levantamento, realizado pela Secretaria da Educação em parceria com a Secretaria da Segurança Pública do Piauí, aplicou uma avaliação de risco social em 210 municípios do estado.

A assistente social Luara Dias explica que a maior parte das crianças abrigadas pela perda dos pais são de baixa renda. Ela reforça que a substituição do ambiente familiar pelo abrigo é um grande prejuízo na formação dos jovens.

“Muitas vezes, quando é uma família de classe média, em um caso de feminicídio, geralmente há condições financeiras para outros parentes ficarem com a criança. Em famílias mais pobres, as famílias são muito numerosas, com muitos filhos, e nem sempre conseguem ficar com todos, então alguns serão institucionalizados. A avó consegue ficar com um ou dois, ou todos vão para o abrigo", explica Luara.

Um dos casos mais recentes ocorridos em Teresina vitimou Josilane da Silva Moreira, de 37 anos, que foi morta a facadas dentro de casa no residencial Leonel Brizola, zona Norte da capital. A mulher tinha cinco filhos. O ex-companheiro, suspeito do crime, disse que não aceitava a separação e que se descontrolou ao presenciar a vítima com o novo namorado na residência.

Luara Dias destaca ainda que o contexto de violência doméstica em que as crianças são inseridas também impacta no comportamento delas.

“Antes do feminicídio, existe toda uma trajetória de violência dentro da família até chegar ao feminicídio, que é a última coisa que pode acontecer, é a tragédia final. Até chegar nisso, a criança passa por esse processo de violência e tende a se tornar uma criança mais violenta porque esse é o ambiente em que ela vive. Ela naturaliza esse processo de violência e, consequentemente, reproduz esses mesmos comportamentos”, ressalta Luara.

Leia também: 

Como denunciar violência contra a mulher: 

  • Polícia Militar: 190
  • Central de Atendimento à Mulher: 180
  • Patrulha 24 horas: 86 99525-3835
  • Guarda Maria da Penha: 153

Aplicativos:

  • Salve Maria
  • “Ei mermã! Não se cale!" através do telefone 0800-000-1673 

 

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