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"Não foi fatalidade, foi crime", desabafa mãe de médica vítima da queda de avião

Por SBT News

Foto: Reprodução redes sociais

Emocionada, Maria do Rosário Albuquerque, relembra da trajetória da filha Arianne Albuquerque Estevan Risso, de 34 anos, uma das 62 vítimas da queda do avião da Voepass, antiga Passaredo, na última sexta-feira (9), em Vinhedo (SP).

"Mataram 15 médicos [naquele avião], entre eles, minha única filha. Ela decidiu ser médica aos 9 anos, ela foi ser geriatra e queria se especializar em oncologia. [Estudou] Dois anos em Blumenau, outros dois no Hospital em Cascavel. Estava indo em uma felicidade para fazer um Congresso de Oncologia em São Paulo. Colocaram ela naquela lata velha, junto com os colegas", desabafa a mãe da médica em entrevista para o jornalismo do SBT neste domingo (11). Assista a entrevista abaixo.

Arianne nasceu em Cuiabá, no Mato Grosso, e viajava com a amiga Mariana Comiran Belim, também médica e que dividia a rotina de residência médica no Hospital do Câncer de Cascavel (Uopeccan).

A instituição lamentou a morte das residentes, destacou a atuação das duas profissionais e agradeceu pelo trabalho que elas prestaram aos pacientes do hospital.

"Profissionais competentes e que encontraram na Uopeccan a realização de um sonho: salvar vidas! Médicas humanas, que atendiam todos os pacientes com muita dedicação, carinho e respeito. Não é à toa que eram recorrentes os elogios às duas em nossas ouvidorias. Era muito nítido o amor que ambas tinham pela profissão. Agora, só nos resta a saudade e lembranças de duas jovens médicas que partiram cedo demais", afirmou a instituição por meio de nota.

Condições da aeronave

Maria do Rosário afirma ainda que o acidente aéreo não foi uma fatalidade e criticou as condições da aeronave utilizada, um ATR-72.

"Ela viveu a vida inteira para tirar a dor do outro. Minha filha era a expressão do amor e não morreu em vão. É uma dor que vai piorar. Qualquer um que estivesse naquele avião iria morrer, porque aquilo é uma lata velha. É preciso ter rigor", pediu a mãe, que está hospedada em um hotel no centro da capital paulista.

"Não foi fatalidade, foi crime", continuou a mãe. "Minha filha foi a última [a entrar] com a amiga. Foi sorrindo e a amiga também era filha única", lamenta.
Ela também faz um apelo para que tragédias semelhantes não ocorram novamente e diz que a equipe que está acolhendo familiares no hotel está orientando não ter contato com a imprensa.

"Como a minha filha morreu em vão? Queriam tirar o meu crachá para eu não ser identificada como mãe de uma das vítimas. Quem alenta minha dor? Eu não vou me esconder", desabafa.
Procurada pelo SBT News, a companhia Voepass, por meio de nota, afirmou que "não há orientação dos familiares evitarem falar com a imprensa".

Identificação das vítimas

O Corpo de Bombeiros de São Paulo concluiu os trabalhos no local do acidente com a aeronave da Voepass Linhas Aéreas, ocorrido no município de Vinhedo na tarde de sexta-feira (9).

Os corpos foram resgatados e levados ao Instituto Médico Legal (IML). Os escombros, no entanto, permanecem no local para maiores investigações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Ao todo, 62 corpos, sendo 34 masculinos e 28 femininos, foram removidos e encaminhados ao Instituto Médico Legal Central de São Paulo, para identificação. Destes, 50 já estão na unidade e os demais estão a caminho do local, que segue com atendimento exclusivo às vítimas do acidente aéreo.

Conforme o boletim, 30 corpos foram necropsiados e dois foram identificados por exame datiloscópico. Um cachorro de pequeno porte também estava a bordo do avião.

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