"Ele [o vírus H1N1] vai se espalhar, não tem para onde correr. Ele já circula por aqui. Ainda não é de uma forma dominante, mas, em certa hora, será. É uma questão de tempo", diz.
Embora concentre os piores índices sanitários do país, no caso da gripe, o Nordeste possui vantagens climáticas no que se refere à proliferação de vírus. O médico explica que a forte presença do sol na região é uma vantagem natural em comparação com os Estados do Sul e Sudeste, por exemplo.
"Aqui há menos chance de proliferação. Os vírus gostam de temperatura fria e seca, e a maioria deles é muito sensível ao meio ambiente. O sol é um fator protetor, e o frio favorece as infecções", ressalta.
Por outro lado, a falta de estrutura da rede básica, principalmente nas cidades do interior, é um desafio para epidemiologistas da região. "Nós vamos ter dificuldades, não há dúvida. É preciso estruturar as redes e capacitar os profissionais. Poucas cidades têm médicos residentes. Enquanto não tivemos uma situação em que o profissional tenha um salário decente, more na cidade e participe capacitações - e assim não 'morra' por falta de conhecimento científico - será sempre complicado", afirma o médico.
Para Teixeira, é impossível prever se a gripe no Nordeste vai apresentar índice de mortalidade maior que as demais regiões ou países do mundo. Hoje, esse índice chega a 1,5% dos contaminados.
"Calcular o risco é muito difícil, porque existem centenas de variáveis. Mas muitas das mortes da gripe poderiam ter sido evitadas se soubéssemos mais sobre o vírus. Esse desconhecimento ainda é um desafio, não só aqui no Nordeste", afirma.
"Hipocondria aguda" pode sobrecarregar rede
A chegada da nova gripe fez com que a população nordestina ficasse alerta para sintomas antes desprezados. Atualmente, ao primeiro sinal de tosse, dor na garganta e febre, as pessoas buscam atendimento médico.
Essa procura cresceu nos últimos meses em unidades de saúde de todos Estados da região.
Embora a nova gripe necessite de tratamento rápido, o médico Celso Tavares alerta para o que chama de "hipocondria aguda".
Segundo ele, o medo excessivo das pessoas pode sobrecarregar a precária rede de saúde pública da região.