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'Vou mostrar a minha bunda na avenida’, diz Elza Soares

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Elza Soares posa com a bandeira da Mocidade: "Ainda não pensei em fantasia. A Eva ainda não sabe como vem. Quem sabe não venho só com uma maçã?"

Afastada há uns bons anos, como ela mesma diz, de sua escola do coração - a Mocidade independente de Padre Miguel -, Elza Soares, 72 anos, diz que pensou em recusar o convite para ser madrinha da bateria da agremiação no carnaval 2010. O motivo? Ela não estava satisfeita com os últimos carnavais da agremiação e não queria sofrer pessoalmente na avenida.

“Fui para dizer não. Não queria me meter na Mocidade. Ano passado, chorei muito. Chorei e rezei muito para a escola não descer”, diz ela que mudou de ideia ao se deparar com um comitê de recepção na escola de joelhos, pedido para ela ficar. A tática deu certo. Elza topou vir à frente da bateria da verde e branco de Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, juntamente com a atual rainha da escola, Thatiana Pagung. Agora, a cantora é só empolgação com o enredo da escola que vai falar sobre “Paraísos” na avenida. Ela, é claro, já pensa em traduzir sua fantasia na roupa de Eva, a primeira habitante do primeiro paraíso.

“A Eva ainda não sabe como virá. Não sabe se vai vir com uma maçã?”

A cantora posa com a bandeira da escola
em sua casa no Rio
“Mas não seria uma folha de parreira, Elza”, pergunta a repórter achando que a cantora fez alguma confusão.

“Não, não, maçã é mais apetitosa (risos). Mas vou vir gostosa!”, diz ela que neste papo falou sobre carnaval, malhação e seu casamento com o cinegrafista Bruno Luccidi, de 27 anos. Confira!

 
Como nasceu seu amor pela Mocidade?
Elza Soares: Sempre fui Mocidade. Nasci em Padre Miguel. Depois é que me mudei para Água Santa, onde fui criada, mas sou completamente descendente da Vila Vintém. A Mocidade para mim está no sangue.

Como surgiu o convite para você virar madrinha de bateria?
Fui convidada, mas fui até a escola para dizer não. Não queria me meter na Mocidade. Ano passado, chorei muito. Chorei e rezei muito para a escola não descer. Acho que em toda agremiação rola briga, tem uma luta de poder. Mas acho que as pessoas esquecem que tem um povo apaixonado, que está ali pelo carnaval mesmo. Só que cheguei lá, eles me pediram de joelhos. Quando vi a bandeira, comecei a chorar. Ali é a minha casa. Eu ainda olhei para o Bruno (marido da cantora) para ver se ele me ajudava, e ele me disse: “não estou nem aí, faz o que você quiser”. Daí, eu disse que queria! Mas pedi para as pessoas esquecerem todas as adversidades, valorizassem a comunidade linda de Padre Miguel, que eu não quero mais chorar pela Mocidade.

Você fez mais alguma exigência?
Pedi para que convocasse a comunidade, pedissem aquele povo que fosse para a avenida. A alegria do povo brasileiro é o carnaval e o futebol. Ou melhor, mulata, cerveja, carnaval e futebol. Quero pedir muito ao meu São Judas Tadeu, que é protetor do Flamengo, para olhar pela minha Mocidade. São Judas, meu pai Ogum e minha mãe Iansã. Vou botar todo mundo de sentinela para proteger a Mocidade.

Já pensou na fantasia?
Não, mas já pedi ao Adão que se prepare! Mas a Eva ainda não sabe como virá. Não sabe se vai vir com uma maçã?

Não seria uma folha de parreira?
Não, maçã é mais apetitosa (risos). Mas vou vir gostosa!

Não vai querer esconder nada?
Não posso esconder nada. Quando fui convidada para posar nua. Fiquei aqui em casa pensando com o Bruno no que fazer. Ele falou para eu aceitar. Disse que se eu posasse, seria o maior exemplo para as mulheres, mostrando o meu corpão, para incentivar as mulheres a se cuidar mais. Bruno é tudo!

Elza Soares pensa em se fantasiar
de Eva em 2010
 
Acabou que você não posou, né?
Não, ainda não! Quem sabe no próximo carnaval Elzinha não vem aí? (risos)

 
Vai intensificar a malhação mais perto do carnaval?
Não preciso malhar para o carnaval. Já malho o ano inteiro. Por isso que digo que tenho a idade da bunda dura. Bunda que vou mostrar na avenida. Tenho certeza de que a bateria vai passar o olho na minha maçã (risos). 

Quando as pessoas pensam na Elza Soares, a cantora de voz rouca, torcedora da Mocidade, com tudo em cima...
Sim, gostosésima! (risos)

Mas você é uma “senhora” de 72 anos. O que você tem de uma senhora de 72 anos?
Digo que tenho 24 horas de nascida. Você dorme e acorda. Tem que contar com esse tempo. Meu nome “is now”. É agora. Não perco tempo em contar quanto tempo tenho, quanto dinheiro. Isso não vale nada. Vale a pena você viver, ser feliz, dar muito beijo na boca e ter muita cama gostosa. Não quero saber de outra coisa (risos). A única coisa que sou é uma senhora independente de Padre Miguel.

Elza Soares malhando em casa: a origem
da bunda dura

 

E como é essa coisa de se relacionar com homens mais novos?
Não sou eu que pego os meninos novinhos, são eles que me pegam! O que eu posso fazer? Dizer não? Eles são lindos! Sou uma mulher muito feliz.
 

Você se incomoda com esse tipo de pergunta? Como você lida com a repercussão que seus namoros causam?
Não ligo, não, porque sei que é inveja mesmo, e eu estou com a pele boa. Mas acho uma coisa engraçada: você já viu algum gay velho casado com outro velho? Não, né? Porque que eles podem e as mulheres ficar roendo osso? Não posso! Tenho pavor de tosse e bronquite! Não tenho bronquite, não tusso. Sou sadia. E para me aguentar tem que ter muito fôlego.

Essa sua filosofia de vida sempre esteve com você ou foi aprendendo com o tempo?
Sempre fui assim. Já levei umas porradas da vida, mas acho que é até por isso, por causa dessa minha filosofia. Porque vivo intensamente

Você já se arrependeu de ter se jogado demais em alguma coisa?
Não, em nada. Não me arrependo de nada.

Elza Soares: tatuagens, malhação
e a vida em 24h
E como surgiu essa filosofia de ser gostosa, malhada, com peitão, com cinturinha de menininha?
Tenho 56cm de cintura, um bumbuzão e pernão. Sempre malhei muito. Minha primeira academia foi subir o morro carregando lata d’água na cabeça. Não existe academia melhor. As pernas ficam gostosas, o bumbum duro. Além disso, existe uma coisa que é muito certa: quem come pouco, vive mais. Tem que saber o que está comendo também. Daí, quando me pergunta a minha idade, respondo que tenho a idade da bunda dura. Esse é o país das bundas e a minha está incluída nas boas bundas desse país.

Tem alguma coisa que você não come?
Eu como tudo. Carne, legumes e muito angu. O fubá tem um poder incrível. É um grande suplemento de energia para qualquer pessoa. É isso: muita comida boa, muita tatuagem...

Quantas tatuagens tem?
Tenho uma fênix na batata da perna, uma rosa nas costas, uma tribal, uma cobra na cintura cuja cabecinha fica lá naquele lugar. Tenho uma tribal tatuada atrás de cada bíceps, mas essas foram para esconder as cicatrizes da queda que sofri no Metropolintan (casa de show que existia no Rio de Janeiro).

Vai parar por aí?
Não, estou com vontade de fazer uma outra nas costas. Tenho uma ideia de desenho, mas não está fechada.

Do que você tem saudades no carnaval?
Tenho saudades das mulatas, das rainhas da comunidade mostrando como se faz. Ver mais zumbi no carnaval. As mulatas perdem o seu posto no Brasil e vão embora para o exterior.
Você é contra as rainhas de bateria famosas?
Acho que atualmente só a Beija-Flor e a Mocidade têm rainhas de bateria vindas de suas comunidades. Mas acho o seguinte: sabe sambar? Vai lá! Pode sambar! Mas não tira a mulata de frente da bateria, não. Não tira o seu violão de carne, aquela beleza para os olhos estrangeiros. Tenho saudade disso.
 
 
 
 
Fonte: Ego
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