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Ex-secretário e pivô de escandalo no Distrito Federal é piauiense

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A informação sobre a existência de um vídeo divulgado antecipadamente pelo iG que mostra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), tratando de propina, já circulava em boca pequena em Brasília há meses. Um dos protagonistas e autor da gravação, o ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, chegou a dizer a pelo menos dez pessoas, entre políticos, advogados e secretários: “O Arruda está na minha mão”.
 
A gravação é citada pela Polícia Federal no inquérito da Operação Caixa de Pandora, deflagrada nesta sexta-feira e que atingiu em cheio a cúpula do governo do DF, deputados distritais, secretários e empresários.A investigação, chefiada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), só foi possível graças às delações de Durval. Como disseram à reportagem do iG pessoas próximas do  ex-delegado da Polícia Civil, desde cedo ele descobriu que uma informação, se bem utilizada, pode ser bastante valiosa.
 
Nascido no Piauí, o delegado Durval Barbosa Rodrigues tinha fama de “truculento”. Aprendeu rápido, como dizem, a usar a chantagem como método para conseguir “benefícios”. Quando se aposentou da polícia e mudou para o ramo administrativo, Durval aperfeiçoou o modus operandi.
 
Mesmo trabalhando no governo de José Roberto Arruda desde 2006, quando este foi eleito, Durval Barbosa nunca desfez os laços com a turma do antecessor, Joaquim Roriz. É o que diz um dos braços-direitos do ex-governador, que o considera uma pessoa “muito querida”. Foi na gestão de Roriz que Durval presidiu a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), órgão que já foi investigado pela Polícia Federal, no ano passado, por suspeita de corrupção e desvio de verbas. Entre 2002 e 2005, empresas ligadas ao esquema teriam recebido mais de R$ 120 milhões da companhia.
 
Como o próprio Durval conta em depoimento ao Ministério Público Federal e à PF, juntado ao inquérito da Caixa de Pandora, ele foi procurado, ainda no governo de Joaquim Roriz, pelo então deputado federal José Roberto Arruda. O motivo: arrecadar fundos para a futura campanha de Arruda ao governo, em 2006. Segundo Durval, foram desviados R$ 60 milhões, recursos da Codeplan e de outros órgãos públicos, usados também para despesas pessoais.  
 
Quando percebeu que o próprio Arruda queria tirá-lo do governo, Durval começou a agir, segundo o iG apurou. No último ano, ele atuava como uma espécie de agente duplo. Munido de gravações contra membros do governo do DF, muitas delas clandestinas, o ex-secretário tentava parar as dezenas de ações (são mais de 30) que sofre na Justiça, acusado de crimes como formação de quadrilha, direcionamento de contratações, corrupção, entre outras.
 
Ao mesmo tempo, sinalizava à Polícia Federal e ao Ministério Público que detonaria com denúncias contra a administração de José Roberto Arruda, o que se efetivou em setembro, com os depoimentos e monitoramentos acompanhados pela Justiça.
 
Vaidoso e mulherengo
Um dos traços mais marcantes de Durval Barbosa, segundo seus amigos, é a vaidade. Come bem, anda sempre bem vestido, com os cabelos cortados e sobrancelhas feitas. Já foi casado duas vezes, tem três filhos e “alguns rolos por aí”, confirma um amigo.
 
Depois que a Caixa de Pandora foi para as ruas, Durval submergiu. O ministro Fernando Gonçalves, ministro do STJ que preside o inquérito, pediu no despacho que autorizou os cumprimentos dos mandados de busca e apreensão proteção policial para ele, já que “há perigo para sua vida”.
 
O deputado federal Laerte Bessa (PSC-DF), amigo de Durval desde os tempos de polícia, afirma que ele está em uma fazenda de um amigo. “Ele deve voltar para Brasília na segunda ou terça. E não está com proteção nenhuma. Ele foi para a fazenda descansar a cabeça e dar uma acalmada”, disse.
 
Fonte: IG
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