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Ambientalista denuncia trabalho escravo na Fazenda Santa Clara

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Atualizada dia 12/02, às 18h


A equipe do Cidadeverde.com foi procurada nesta quarta-feira para fazer o registro de mais um caso de trabalho escravo no Piauí. Dessa vez, a exploração acontece na Fazenda Santa Clara, núcleo de produção da Brasil Ecodiesel, localizada em Canto do Buriti, a 405 km de Teresina. De acordo com o ambientalista Judson Barros, presidente da Funaguas (Fundação Águas), os trabalhadores viviam em regime de escravidão, trabalhavam sob ameaças e eram constantemente vigiados para evitar fugas.



Trabalhador mostra leite recebido para a alimentação de toda a família


O projeto da Petrobrás foi implantado na fazenda em 2005. No sistema, 620 famílias trabalhariam dentro da proposta da agricultura familiar e forneceriam matéria prima para a produção em larga escala do azeite de mamona na fábrica de Floriano, a primeira da Brasil Ecodiesel no país.




Homens trabalham também com produção de carvão



No entanto, de acordo com o ambientalista, os problemas já surgiram no ato de assinatura dos contratos de parceria rural, que continham cláusulas desvantajosas aos trabalhadores. "O salário foi convencionado por conjunto familiar, isto quer dizer, os trabalhadores durante esses cinco anos receberam salário por conjunto de pessoas de uma mesma família, em média 4. O valor era de R$ 160, o que daria R$ 40 por pessoa", afirma.




Até crianças trabalham nas plantações de mamona



Judson relata que muitos trabalhadores já foram despejados e não receberam qualquer garantia ou direito trabalhista. "O Sr. Miguel Dias foi algemado e levado para a sede da fazenda pelos seguranças, armados, diga-se de passagem, porque participou de uma manifestação em frente à empresa. Ele ficou sem receber salário por oito meses", conta. Aqueles que ainda persistem no local, são ameaçados dioturnamente que caso recorram à Justiça, perdem o salário e a alimentação.



O ambientalista acredita que a Petrobrás tem conhecimento da situação, mas não parece muito preocupada em tomar providências. "É com o trabalho escravo dos homens e mulheres da fazenda Santa Clara que a Petrobras se mostra ao mundo. Será que a direção da empresa tem conhecimento desses fatos? Com certeza sabe, apenas finge não saber", garante.



A Brasil Ecodiesel fechou o núcleo de produção de matéria prima em dezembro do ano passado, mas os trabalhadores continuam em condições insólitas, segundo Judson Barros, e aguardam providências da Justiça.


Sobre a acusação, a Petrobrás divulgou uma nota esclarecendo que não compatua com o trabalho escravo e é, inclusive, signatária do  Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil desde o seu lançamento, em 2005. A empresa afirma ainda que todos os seus fornecedores comprometem-se ainda a não fazerem uso de tal serviço.



Confira na íntegra a nota da empresa:


Sobre nota publicada neste site acusando trabalho escravo nas instalações da empresa Brasil Ecodiesel, que é fornecedora de biodiesel à Petrobras, cabem os seguintes esclarecimentos: (1) a PETROBRAS repudia esta prática e inclui em todos os seus contratos cláusula, pela qual seus fornecedores se comprometem a não utilizar mão-de-obra em condições análogas à escravidão no exercício de suas atividades; (2) a PETROBRAS é signatária do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil desde o seu lançamento, em 2005; e (3) as aquisições de biodiesel são feitas em leilões, onde fornecedores cadastrados na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) se apresentam, sendo a participação nos mesmos uma obrigatoriedade a todos os refinadores de petróleo do país, na forma da regulação da citada agência.

 

 

 


Da Redação
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