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Veja na íntegra o discurso de posse do novo governador Wilson Martins

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Minhas Senhoras, Meus Senhores 
 


"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. 

Mas há também quem garanta que nem todas,... só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.”  


As palavras que acabo de pronunciar são de William Shakespeare, um homem universal.

Aqui, me valho de suas palavras para traduzir este momento, porque assumir o governo do Estado do Piauí é um sonho...

Certamente, não é um sonho só meu. É também da maioria (ou de todos) os que me ouvem agora. 


Para mim, em particular, duas razões especiais me fazem tomar este momento como a concretização de um sonho.

Primeira: porque acho que chegar aqui é como se ouvisse um anjo sussurrar “vale a pena lutar”, “vale a pena não se conformar com os limites”, “vale a pena acreditar”. 
 


Segunda razão: pela possibilidade de servir ao meu povo, de forma mais ampla, mais direta, mais intensa. 


Quando falo da primeira razão, não estou me referindo às refregas políticas, a essa coisa de ser ou não ser candidato, se fazer ou não fazer parte de uma chapa. 

Não!!!    Estar na política, hoje, é a apenas a conseqüência de uma luta muito maior, que empreendi desde tenra idade, desde as ruas de terra batida que formavam a minha Santa Cruz lá na década de 50.

Desde lá, lutei muito, e nunca me contentei com os limites que eram vistos como uma espécie de condenação imposta pelo destino. Sim, porque quem nascia no interior como eu nasci, numa família pobre, não tinha muito futuro. Menos ainda se nascia numa família pobre com 13 filhos, como é meu caso. Numa família deste tamanho, você é mais um... e tem que se esforçar até mesmo para ser notado dentro de casa... 


Para chegar até aqui, muitos sonharam comigo. Uns, até sonharam antes de mim... 

Este é o caso de meu pai e minha mãe. 

Meu pai, um agricultor e comerciante que só tinha hora para levantar, antes do canto das galinhas.

Minha mãe, uma mulher determinada, religiosa e organizada, um amor de criatura que viveu para servir ao próximo...

Meu pai e minha mãe desenharam sonhos cor-de-rosa para cada um de seus filhos. E deram um duro danado para que esses sonhos se realizassem.

Com eles aprendi a ser disciplinado, na busca de resultados. Com eles descobri que o conhecimento é  a estrada mais curta e segura até o sucesso. Com eles eu compreendi que a vida é uma eterna partilha, uma comunhão de vontades... e que sozinho ninguém vai a parte alguma.

Principalmente, com eles aprendi que é preciso acreditar no sonho, porque só assim ele se faz realidade... 


Outra pessoa especial que sonhou comigo (ou antes de mim), foi uma senhora que queria estar aqui, mas se faz ausente por conta da idade e da saúde. O nome dela é Olívia. E foi minha primeira professora.

Dona Olívia é uma heroína, uma guerreira que abraçou a luta contra a ignorância, que significa a luta contra a desesperança e a falta de horizonte.

Dona Olívia ensinava todas as matérias, para alunos de todas as idades... Éramos uns 50 alunos, mas a sala de aula só tinha umas 30 carteiras. Quem não quisesse correr o risco de ficar sentado no chão, que levasse o tamborete de casa.

Apesar de tudo, Dona Olívia ensinava a todos nós com uma satisfação incrível... Com uma competência extraordinária... E por tudo, eu aqui quero dizer: “Muito obrigado, dona Olívia”. A senhora permitiu a cada um daqueles alunos sonhar um pouco mais... 


Quero destacar aqui um casal que embalou meus sonhos de uma forma mais que especial. Eu me refiro ao tio Sebastião e à tia Ilma, meus padrinhos. 

Tia Ilma e tio Sebastião moravam em Picos. E, depois de estudar até a quarta série com Dona Olívia, estava na hora de buscar novos conhecimentos. Eu já me preparava para fazer o Exame de Admissão em Picos quando o Tio Sebastião me disse: “Estou indo morar em Teresina. Quer ir comigo?”

Claro, eu vim para Teresina e fui morar com meus padrinhos, deles recebendo o suporte material, as bênçãos e o carinho sem fim. Morei lá por 13 anos, e só saí com o diploma de médico na mão. 

Também a vocês, tio Sebastião e tia Ilma, quero dizer o meu muito obrigado. Sem vocês, muitos de meus sonhos teriam se transformado em pura frustração. 
 
 


Também quero agradecer a um montão de pessoas que a vida foi me colocando no caminho. Professores extraordinários, que me ajudaram a sonhar mais alto... Aqui está presente um deles, o meu caro amigo Ubiraci Carvalho. E também o Francisco Ramos, que me orientou no primeiro procedimento cirúrgico.

Também meus muitos colegas, no Diocesano e na Faculdade de Medicina... Juntos, realizamos muitos sonhos e deixamos a estrada feita para outros projetos...

Foi muita sorte encontrar cada um de vocês pelo caminho.

E agora é uma alegria ainda maior ver que todos saíram pelo mundo, voando alto e realizando seus sonhos pessoais e coletivos.

A cada um, o meu muito obrigado. 


Mas, sem querer desmerecer os demais, quero destacar alguém que me permitiu sonhos realmente únicos. Eu me refiro à Lílian, minha a mulher, minha companheira, minha amiga e parceira de todas as horas. Mais que tudo, a mãe do Victor, do Raphael e do Wilson Filho.

Lílian, você é todo um sonho. E eu sou o homem mais feliz por tê-la tão perto, sempre... 
 
 


Minhas senhoras, Meus senhores 


Eu dizia que eram duas as razões especiais para festejar esse momento. Da primeira já falei, que é a vontade de superar os obstáculos e conquistar o que parecia impossível.

A segunda, é o desejo de servir ao Meu Estado e ao Meu Povo. E nada me embala mais que essa vontade... 


Tenho uma vida toda pautada pelo interesse coletivo. Seja como médico, seja como político, carrego sempre a perspectiva do outro, na vontade de servir ao próximo. 

Como secretário de Saúde de Teresina, sob o comando de Wall Ferraz, pude iniciar o processo de descentralização da saúde pública na capital. 

Como deputado, o empenho permanente na defesa dos interesses gerais da sociedade piauiense; e a comunhão de vontades com grandes figuras que formam esta casa, meu caro presidente, deputado Themístocles Filho. 

Como secretário de Wellington Dias, a luta pela transformação no campo. E como vice de Wellington, pude abraçar os grandes projetos que abrem novos horizontes para nosso Estado e nossa gente.

Tudo isso, meu caro Wellington Dias, já seria um grande sonho realizado. Mas agora esse sonho se faz maior, quando tenho a oportunidade de assumir o governo do Estado.

Aqui desde posto, me disponho a realizar novos vôos, que possibilitem ao Piauí chegar mais longe, a conquistar novos espaços, a crescer e a se transformar. 


Sei que tenho grandes desafios.

O maior deles, é precisamente o de substituir Wellington Dias. O governo de Wellington é um marco na administração pública piauiense. Nosso Estado carecia de um plano estratégico, de um projeto de desenvolvimento consistente. Precisava saber onde queria chegar, e quais as ações necessárias para realizar tal empresa. 


Wellington colocou a casa em ordem. Não foi uma tarefa fácil, porque era necessário manter a máquina andando, ao mesmo tempo em que se promoviam as mudanças. Utilizando uma figura retórica que ele tanto gosta, foi como trocar um pneu com o carro em movimento. 
 
 
 


Mas a tarefa foi realiza com louvor.

E aí estão os grandes feitos. Obras palpáveis, visíveis, como as estradas, os hospitais, as escolas de ensino médio em toda parte... Aí estão os conjuntos habitacionais, as redes de distribuição de energia, os sistemas de tratamento dágua e coleta de esgotos... Aí estão os aeroportos, as barragens, os projetos de irrigação, o desbravamento da mineração... Aí estão as novas fronteiras agrícolas e o resgate da pecuária, com a saída da condição de risco desconhecido para a aftosa.  


Mas há outras obras, tão ou mais importantes que essas bem visíveis. São obras que não podem ser fotografadas, a não ser no sorriso dos piauienses. O sorriso que traduz a auto-estima resgatada, a cultura revitalizada, os indicadores recuperados...

São obras que também se traduzem nos altos índices de aprovação deste governo, do qual faço parte com muito orgulho... 


Os desafios são grandes. E agora, ao assumir a cadeira de governador, tenho um compromisso que aqui manifesto de público, diante desta Assembléia e de todo o povo piauiense... O meu compromisso de levar adiante o grande projeto de transformação do nosso Piauí.

É um projeto que vem dando certo, e por isso mesmo não pode parar. Não pode parar porque o Piauí  não quer voltar atrás. Ao contrário, o Piauí quer seguir em frente, e tem pressa: pressa de crescer, pressa de ser grande... O Piauí tem pressa em realizar, de uma vez por todas, o grande sonho da transformação, da inclusão social e da geração de oportunidades para todos. 


O Piauí pode sonhar alto, porque os sonhos agora são possíveis.

Temos um projeto, temos as ações estratégicas realizadas ou em andamento, e temos um povo que acredita no Estado e nos seus governantes. Temos um povo que não baixa mais a cabeça. Ao contrário, é um povo que se permite pensar grande, e procura realizar seus desejos.

Mário Quintana dizia que “Sonhar é acordar-se para dentro”.

Eu acredito nisso. E, pensando no nosso Estado e em nossa gente, parodiando o poeta, eu diria que o Piauí  “acordou-se para dentro”. É um despertar que se traduz no sonho coletivo que busca uma nova realidade, que busca um mundo melhor, um Piauí melhor para todos. 


Este é o nosso sonho. Não um sonho das noites de verão. É um sonho de todas as horas, de todos os dias, de todos os homens e mulheres que fazem o Piauí. 


Como bem lembra Shakespeare, não importam se os sonhos são sonhados na noite ou no dia, no inverno ou no verão, no litoral ou nos cerrados. O que de fato importam são os sonhos, 

que homens e mulheres sonham sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado. 


Pois aqui vamos nós, Eu-governador, meus caros deputados, nós piauienses – todos os piauienses, todos juntos em busca do sonho... Como dizia Eleanor Roosevelt, “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos”.

E nos temos um belo sonho para sonhar, um grande futuro por concretizar... É um sonho possível, onde o Piauí será pujante, será cada vez mais justo, cada vez mais belo, cada vez mais a terra prometida, o desejo realizado no coração de cada piauiense.

Ou, repetindo Anatole France:

"Sim, o sonho! 

Sim, a quimera! 

Sim, a ilusão! 

Sem os sonhos, sem as quimeras, sem as ilusões, a vida não tem sentido e não oferece interesse. 

A utopia é  o principio de todo progresso.” 


Viva o Sonho. Viva a utopia. Viva o progresso do Piauí. 


Muito Obrigado  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


Um sonho possível, 

"O Futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos."  
(Elleanor Roosevelt) 
 
 
 


Sonhar 
Mais um sonho impossível 
Lutar 
Quando é fácil ceder 
Vencer 
O inimigo invencível 
(Porque)

Não me importa saber 
Se é terrível demais 
Quantas guerras terei que vencer 
Por um pouco de paz 
E amanhã, se esse chão que eu beijei 
For meu leito e perdão 
Vou saber que valeu delirar 
E morrer de paixão.. 


 
E assim, seja lá como for 
Vai ter fim a infinita aflição 
E o mundo vai ver uma flor 
Brotar do impossível chão 
 


(Shakespeare) 
 
 
 


(se quiser, podemos colocar uns agradecimentos mais) 
 
 
 
 


  Que

O segundo, o que permitir a seqüência deste projeto.

E de realizar novos projetos, abraçar novos desafios na busca da grande transformação que tanto buscamos. 


O Piauí tem pressa. 
 


Nesta nova função, mais que nunca,  
 
 


Nessa trajetória, também

Eles nunca tiveram nas mãos um poema de Mário Quintana, mas certamente não conheciam o poeta Mário Quinatana,  


Os limites sociais são uma dificuldade, sim. Mas, graças a Deus, não são um obstáculo intransponível. E pude superá-los e conquistar um espaço, fazer uma profissão, mostrar serviço e chegar aqui neste momento para mim tão significativo. 
 


Segunda razão: pela possibilidade de servir ao meu povo, de forma mais ampla, mais direta, mais intensa. 
 


"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. 

Mas há também quem garanta que nem todas,... só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.” (Shakespeare) 
 
 
 


Para se ter uma idéia dos limites,  


Esta é a talvez muitos pensem que me refiro a esse : ele queria chegar ao poder 
 
 
 
 
 
 
 
 


Victor Hugo dizia que a vida se resume à oportunidade do encontro.

Creio que é certo.

Se olhamos para trás, nossas vidas são uma soma de encontros que fazem a nossa história. Se olhamos para frente, nosso sonho é o de realizar novos encontros, simplesmente porque nascemos para viver juntos, conviver, partilhar...

Para mim, esta solenidade diz o quanto o escritor francês tem razão.

Porque esta solenidade é o encontro de pessoas a quem quero tanto bem, pessoas que dizem muito do que fiz, e muito do que sou... E, para começo de conversa, posso dizer que seria muito menos se não tivesse encontrado vocês no meu caminho... 


Estou emocionado ao receber este Título de Cidadão Teresinense.  
Como diria Roberto Carlos, ...são tantas emoções.

Entre tantas emoções, dois sentimentos afloram. 

O primeiro, um certo sentimento de estranheza. Sim, porque há muito me considero teresinense. Teresina está no meu coração – e quase tudo de importante que construí foi a partir de Teresina. 

O segundo, é o sentimento da gratidão, porque este título, meu caro Robespierre Bastos, me faz teresinense de fato e de direito. 

Talvez possa dizer de um terceiro sentimento: o da satisfação, porque este título quiçá revele que a luta e o empenho por esta cidade e por este estado valeram e continuam a valer a pena... 


Sei que a trajetória de todo homem, de toda mulher (e mais ainda daqueles que têm uma vida pública), é  uma obra em permanente construção. E devemos sempre estar mirando adiante. 

Mas esta solenidade me permite um olhar para trás. Um olhar sobre esse percurso, que une dois pontos absolutamente fundamentais na minha vida: o ponto da partida lá  em Oeiras e Santa Cruz,... e o da chegada, aqui em Teresina.

E quando lanço esse olhar retrospectivo, tenho em mente uma frase do português Agostinho Silva. Ele dizia: “O progresso consiste no regresso às origens, mas com a plena memória da viagem”.

Isto é: olhar para trás, observar os detalhes do caminho percorrido e traçar um novo caminho. Quero aqui ater-me à memória dessa minha viagem que já dura mais de 40 anos. 

Não foi um percurso fácil. Mas foi uma trajetória que me deu encontros extraordinários...

Tudo começou em março de 1966, numa viagem de 14 horas, em um Jeep 4 portas pilotado pelo Tio Severo. O “Jipão” enfrentava os buracos e o lamaçal das estradas. As águas daquele março, causavam estragos de toda ordem – tal como agora, nas águas de maio.

Eu vinha para fazer o Exame de Admissão no Colégio Diocesano. Ansioso por descobrir novos horizontes.

Saí de Santa Cruz às quatro da manhã. Cheguei em Teresina já no início da noite, e a primeira imagem que tive foi arrebatadora: 

Cheguei na Hora do Ângelus: aqueles sinos badalando, enchendo o ar de uma atmosfera que me parecia divina. 

Vi a Praça Saraiva: imensa, iluminada, uns globos exuberantes...

E logo vi o Colégio Diocesano, o prédio antigo, imponente... Para mim, era uma visão de sonho. 

Também vi um grupo de Escoteiros, disciplinados e decididos. Aquilo me impressionou – e depois viria a ser um deles, comandado pelo chefe Dico – o Josino Ribeiro. Ali carregávamos na mente os lemas do escotismo (“Esteja preparado”  e “Sempre alerta”); e levávamos na alma o desejo de servir. Numa das primeiras lições de todo escoteiro, logo aprendi a fazer nós. E, mais importante, aprendi a desfazê-los. Foi um belo aprendizado.

O desembarque em Teresina foi o início de uma série de enriquecedores encontros: com a alma e as pessoas de uma cidade que exalava frescura, leveza... O encontro com uma cidade que oferecia sonhos e apontava para um mundo a ser descoberto.

Procurei aproveitar o que Teresina me oferecia tão generosamente. 


Ao chegar, fui morar na Pensão da boa e rigorosa Dona Walquíria, na Álvaro Mendes – no local onde hoje funciona o IPMT. Uma dureza, que logo seria amenizada quando fui morar na casa dos Tios Ilma e Sebastião, na Rua Riacheulo. Depois passei pela Coelho de Resende e ainda pela Mato Grosso, que era só mato. Morava em frente ao Dr. Messias Melo, figura boa e tranqüila. 


Mas vim para estudar – e estudar no Diocesano.

Foi uma escola extraordinária. Quando digo escola, não apenas do ensino formal, mas de vida –  especialmente para um menino acaboclado que nunca tinha saído do interior. Ali, no Diocesano, querendo ou não, aprendíamos...

O Diocesano também me deu belas companhias. Para minha felicidade, muitas delas estão aqui –  porque são amigos que preservo até hoje.

Era uma turma fabulosa: Ricardo Coqueiro, Charles Silveira, Dirceu Arcoverde, Augusto Basílio, Paulo Henrique Costa, Marcelo Napoleão, Ricardo Alaggio, José Maria Correia Lima. Tinha também o Anchieta Rosalvo, o Bastião (vindo de Bom Jesus), o Emir Filho (matuto recém-chegado de Picos) e o Baganinha, como era conhecido o Marcos Trajano – que fumava sempre de carona. Ah, tinha o Prisco Medeiros, que era um ano à frente, mas sempre estava junto, fazendo acontecer.

Aprendi rápido. E ganhei a confiança dos colegas, pois logo depois chegaria a presidente do Grêmio, numa posse presidida por Dom Avelar. Quanta honra!!!

No Grêmio, fiz contato com muitas pessoas importantes. Quando a gente fez uma gincana, fomos negociar com Doutor Jesus Tajra uns espaços na Rádio Pioneira. Ele era o Diretor Comercial. Foi uma queda de braço, mas Dr. Jesus acabou fazendo nossa divulgação de graça.

Também buscávamos apoio no comércio. E um dos que sempre ajudava era seu João Claudino. Claro, antes fazia umas cem perguntas, uma hora de perguntas. Mas no final, sempre ajudava.

No Diocesano tive professores magistrais. Quem não lembra das histórias do professor Didácio, dos padres Moisés Fumagali, Carlos Brechianni, Luciano, Xavier e Ângelo Imperialli, do Irmão Guido. 

E do Padre Florêncio, humano e de extremo saber. Terror à primeira vista. Excelência em conhecimentos e ensinamentos. Com seu laboratório de Química, a Tabela Periódica sempre à vista, as Leis de Graham e Lavoisier na ponta da língua. E a Canção do Tamoio como ensinamento de vida:

Não chores, meu filho; 
Não chores, que a vida 
É luta renhida: 
Viver é lutar. 
A vida é combate, 
Que os fracos abate, 
Que os fortes, os bravos 
Só pode exaltar.  


No Diocesano, também lembro de um professor de português – baixinho, provocador e fumante inveterado. O nome dele: Ubiraci Carvalho. Um segredo, aqui só  entre nós: quando teve a reforma ortográfica, ele lançou um livro chamado “A Crase”, e obrigou todo mundo a comprar a grande obra... Se não comprasse, já viu!!!

Depois eu encontraria Ubiraci no primeiro semestre do Curso de Medicina da Universidade Federal do Piauí  – no Básico. No primeiro dia de aula, quando ele fazia a chamada, disse meu nome e parou. Levantou a vista e perguntou:

-- “Não é o Cebola?”  – Eu assenti. E ele emendou:

-- Aqui não é o Diocesano, não. Aqui é Federal. Se ficar com apresentação, o pau vai cantar...

O ‘Bira nos ensinou muito, principalmente fora das salas de aula, por sua inquietude, por sua visão, por seu compromisso... Um belo encontro. 
 
 
 
 


Diocesano

Era uma turma fabulosa: Ricardo Coqueiro, Charles Silveira, Dirceu Arcoverde, Augusto Basílio, Paulo Henrique Costa, Marcelo Napoleão, Ricardo Alaggio, José Maria Correia Lima. Tinha também o Anchieta Rosalvo, o Bastião (vindo de Bom Jesus), o Emir Filho (matuto recém-chegado de Picos) e o Baganinha, como era conhecido o Marcos Trajano – que fumava sempre de carona. Ah, tinha o Prisco Medeiros, que era um ano à frente, mas sempre estava junto, fazendo acontecer.

Aprendi rápido. E ganhei a confiança dos colegas, pois logo depois chegaria a presidente do Grêmio, numa posse presidida por Dom Avelar. Quanta honra!!!

No Grêmio, fiz contato com muitas pessoas importantes. Quando a gente fez uma gincana, fomos negociar com Doutor Jesus Tajra uns espaços na Rádio Pioneira. Ele era o Diretor Comercial. Foi uma queda de braço, mas Dr. Jesus acabou fazendo nossa divulgação de graça.

Também buscávamos apoio no comércio. E um dos que sempre ajudava era seu João Claudino. Claro, antes fazia umas cem perguntas, uma hora de perguntas. Mas no final, sempre ajudava.

No Diocesano tive professores magistrais. Quem não lembra das histórias do professor Didácio, dos padres Moisés Fumagali, Carlos Brechianni, Luciano, Xavier e Ângelo Imperialli, do Irmão Guido. 

Teresina me permitiu outros encontros maravilhosos.

Na Riachuelo, meu segundo endereço, fui vizinho do Galalau, o Luís Júnior, hoje reitor da Federal. Uma bela convivência com ele, com dona Socorro (sua mãe), sua irmã  Lúcia e seu irmão Lucídio. Lá também convivi com dois Jorge – um, filho do Raul Lopes; o outro, filho do seu Abdala Cury. Um era gordo, o outro era magro. E o que era gordo, o Jorge Lopes, ficou magrinho. E o que era mago, o Jorge Cury, ficou gordinho.

Seu Abdala tinha comércio no Mercado Velho, e era juiz de futebol. Vivia bem e tinha o carro da moda –  uma Rural... De vez em quando eu pegava carona e ia me divertir na AABB ou no Jóquei Clube.

Sem dinheiro e sem carteira de sócio, tinha que pegar carona para ter um pouco de lazer. Muitas vezes, sem alternativa, ficava o domingo pela manhã escutando rádio.  


Por sorte, havia boas opções, especialmente na Rádio Pioneira, que revelou nomes fundamentais para nossa cidade: Roque Moreira e Seu Gosto na Berlinda; Joel Silva e seu Domingo Alegre; Carlos Said, bradando contra os apedeutas; Carlos Augusto, fazendo sua agitação diária; o Deoclécio Dantas, com o inesquecível “É uma lástima, Chico Paulo”; e o Dídimo de Castro, detalhista na “Trajetória dos Noventa”. 

Noutra freqüência, estava o Garrincha, com o impagável “Prego na Chuteira”, onde o pastel da Maria Divina prometia uma passagem para o céu... 


O limite financeiro não me impedia de usufruir do que Teresina me oferecia, que era novo e intenso. Vivi carnavais marcantes, onde reinavam figuras, como a inesquecível Nicinha.

Desfrutava das coroas do Parnaíba, e do bate-bola na Baixa da Égua. 

Me deleitava no Mercado Central, onde Tomava Chá de Burro (conhecido como Mingau Maranhense) e ouvia as fanfarronices do Avião, um sujeito que pegava “emprestado” as galinhas da vizinhança e depois as vendia para o próprio dono...

Também me divertia praticando esporte, especialmente o vôlei. Fui da equipe do Diocesano. E também do Banespa, uma equipe que marcou época em Teresina.

Outra diversão era sair apressado do Diocesano, a tempo de ver o sensual espetáculo da saída das alunas do Colégio das Irmãs. Belas Garotas. Entre elas, a Tetê Lira, que (linda!!!) não dava bolas para a gente. 

Outra boa opção de lazer era assistir o bang-bang, na sessão das 10 horas, no Cine Rex.

A Pedro II era uma diversão especial. Lá na esquina estava Seu Cornélio com seu pão de queijo; e o Bar Carnaúba, ao lado do 4 de Setembro. Ali na Praça, nos finais de semana, ficávamos rodando no sentido anti-horário, enquanto as moças faziam o percurso no sentido inverso, produzindo encontros deliciosos, comemorados na Sorveteria Bela Vista.

No entanto, o mais delicioso dos encontros que Teresina me possibilitou aconteceu já na Faculdade. Naquela época havia o Básico, reunindo alunos de cursos diferentes. Na aula de inglês conheci uma linda aluna de Enfermagem. Além de linda, ela sabia inglês, coisa que eu sabia quase nada. Além de colega, ela se tornou minha professora de inglês. Aqui cá prá nós: ela se valeu dessa vantagem para me conquistar.

Claro, eu me refiro à Lílian, o maior presente que Teresina me deu. Depois nos casamos e ganhamos outros três presentes maravilhosos – o Rafael, o Victor e o Wilson Filho. Só isso já teria feito de minha vinda para Teresina uma grande fortuna.  
 


Mas não é tudo. Tem mais:

No período da faculdade continuei a acumular bons encontros. 

Lá conheci professores para a vida toda, muitos deles transformados em amigos de sempre. Figuras excepcionais como Lineu Araújo, Nathan Portela, Zenon Rocha, José  Wilson Batista, Noé Fortes, José Wilson Pereira, Juscelino Pinheiro, Ludgero Raulino, Francílio Almeida, Dib Tajra, Antônio Portela, Aécio Carvalho... Também nomes extraordinários como Benício Sampaio, Antônio Santos Rocha, José Noronha, Antônio Nascimento, José Cerqueira, Pedro Augusto, Lívio Parente, Mansueto Magalhães, Fernando Correia Lima, Arimatéia Santos, Amparo Salmito, Pedro Leopoldino e João Orlando. Mais tarde, quando defendia tese em Neurocirurgia na Universidade de São Paulo, tive o prazer de contar com o Professor-Doutor João Orlando na banca de avaliação.

Da UFPI, não posso deixar de lembrar do professor Camilo Filho. Era um virtuoso na arte de contornar as pressões da ditadura e estimular a transgressão estudantil, tão necessária às transformações das coisas.

Quando eu presidia o Diretório Acadêmico do Centro de Ciências da Saúde, nos empenhamos em trazer o presidente da OAB nacional, Genival Veloso de França. Era um nome marcado pela ditadura.

O professor Camilo não apenas bancou a vinda do Genival França, como participou da palestra, num 4 de Setembro lotado e sedento de novos tempos.

Também não posso esquecer dos colegas de turma. A animação do Lira Filho, dos mais velhos: Antônio Martins, Crisóstomo e Paulo Rodrigues, do Prisco, da Lúcia e de tantos outros. Tampouco poderia esquecer dos companheiros do Movimento Estudantil, especialmente Edmilson Jorge, Roosevelt Bastos, Walter Martins, Fonseca Neto, Josias Batista, Raimundinho Santana, Antônio de Pádua, Kleber Carvalho e Atualpa Amorim. Todos homens de princípios,compromisso e luta. 

Seguíamos aquele ensinamento dos estudantes franceses de 68, que dizia: “sejam realistas: exijam o impossível”. E muitas vezes o impossível se fez realidade, a começar pela redemocratização que a violência política, a tortura e a coação pareciam tornar uma meta irrealizável. 
 
 


Pois bem:

Saindo da faculdade, parti para novos desafios: me especializei na Neurocirurgia. E também nesse campo, tive bons encontros; construí boas relações, participando da consolidação do setor da Neurocirurgia no Piauí, nos hospitais Santa Maria, Casamater, Getúlio Vargas e na UFPI. 

Nessa área, impossível deixar de destacar a figura de Francisco Ramos, patrono de todos nós. Também as figuras de Arnaldo Ferreira, B.Sá, Socorro Melo, Socorro Martins, Raimundo Nonato Campos, Maria Inês, Raimundo Sá, Graça Campos, Nilmar Pereira, Abimael Rocha, Pádua Júnior e Reynaldo Mendes. Todos, companheiros de muitas batalhas por uma sociedade melhor..

Fiz uma pausa de minha vivência em Teresina durante a Residência no Rio de Janeiro e depois na pós-graduação em São Paulo. No Rio, encantei-me com o retorno de Brizola e participei ativamente de sua campanha de 82. Uma aula de habilidade política e sintonia popular. Em três meses, saiu de 4% da intenção de voto para a vitória, mesmo contra todo o rolo compressor do regime militar. 


De volta a Teresina, foram quinze anos de dedicação intensa à Medicina, mesclando com a política de classe, no Sindicado, no Conselho Regional e na Associação Piauiense de Medicina. Lá estavam Roosevelt Bastos, Artur Pereira, Flávio Nogueira, Felipe Pádua, Sérgio Ibiapina, Roberval Leite, Sílvio Mendes, Marco Aurélio, Wilton Mendes, Antônio de Deus, Eurípedes Soares e tantos outros. Todos lutando por uma saúde pública de qualidade... 


Foi nessa época quando conheci o professor Wall Ferraz. Logo, eu estava no grupo que acreditava no sentido ético e no compromisso social do professor. Participei de sua campanha em 92, seguindo as ordens de outro professor, aquele das aulas de português, o Ubiraci. 

Eleito, Wall me convidaria para a Secretaria e a Fundação Municipal de Saúde. Em 94, estimulado pelo próprio prefeito, tornei-me deputado estadual. Ao sair da Fundação Municipal de Saúde, com o aval do Ubiraci, apresentei como sugestão para o posto o meu caro Sílvio Mendes – e aí está  ele, no segundo mandato como dinâmico prefeito de Teresina.

Já na Assembléia, um outro encontro marcante: lá passei a conviver com o jovem deputado Wellington Dias, do PT. Tivemos bons embates, combatendo o bom combate, mas sempre marcados pelo respeito e o sentido da colaboração e do interesse coletivo.

Por isso, mesmo quando todos apostavam que estaríamos em aberto confronto, somamos força em busca de novas perspectivas para o Estado. Porque, apesar de alguns desencontros iniciais, sempre buscamos a comunhão das idéias que apontavam para um Piauí  melhor.

Foi assim quando somamos nossas forças na construção de uma aliança entre PT e PSDB, considerada impossível. 

Graças a ela, pudemos eleger em 98 dois deputados federais, ambos combativos, competentes e determinados: o próprio Wellington e o B.Sá – todos novamente juntos, o Wellington à frente de um governo que marca época; o B.Sá, parte de nossa caravana socialista do PSB e agora prefeito de nossa querida Oeiras. 

Aquele foi um acordo que garantiu ao Piauí uma representação na Câmara de muita qualidade. 
 


Meus caros amigos e amigas, 


Certamente poderia ficar horas e horas falando dos bons encontros que esta cidade me deu. E seria um prazer fazê-lo.

Mas também gostaria de oferecer um olhar para diante. Um olhar, sobretudo, de confiança, porque sou um homem otimista.

Não o otimista cego, que acredita sem nenhuma razão palpável. Acredito em Teresina, acredito no Piauí  porque sei das possibilidades que esta terra nos oferece.

Temos um povo determinado, um povo trabalhador, uma gente que acredita, sonha e trabalha por uma vida melhor.

E temos novos rumos: uma cidadania cada vez mais ativa, consciente de seus deveres e de seus direitos. Uma sociedade que, Graças a Deus, não se contenta com pouco –  porque merece muito.

Também temos as potencialidades de sempre: recursos naturais, vocações estratégicas, localização privilegiada. E projetos como nunca, projetos que começam a se realizar.

Mais que tudo, temos um capital humano de muita qualidade – nas universidades, no empresariado, nos movimentos sociais, na magistratura, na saúde, e na classe política.

Posso dizer que Teresina e o Piauí  vão cumprir seu destino de ser grande, de ser pujante, de oferecer uma vida melhor para nossa gente. 

Eu quero ter a felicidade de viver essa transformação. Não sei em que papel estarei, mas com certeza não será a de mero expectador, porque acho que cabe a cada um de nós ser agente ativo das grandes transformações que nossa terra cobra e precisa. 


Minhas Senhoras, Meus senhores 


Estou chegando ao final nestes comentários sobre essa viagem de mais de 40 anos, que certamente é o início de um novo percurso.

Esse meu olhar retrospectivo tem um propósito fundamental: dizer o quanto minha vida se entrelaça com as ruas, as pessoas e os fatos que fazem Teresina. E para dizer o quanto sou devedor desta cidade e de sua gente.

Por isso mesmo, queria ressaltar a minha gratidão.

Em primeiro lugar, a Deus, por me permitir chegar até aqui. Segundo, a todas essas pessoas que conheci, nos encontros que Teresina me facilitou. Terceiro, ao Robespierre Bastos, amigo de longas datas e companheiro de muitas lutas. A você, Robespierre, e à Câmara Municipal de Teresina, muito obrigado pelo título que me faz, também na forma, cidadão desta cidade que é de todos nós.

Quero agradecer a minha família, em especial a meus pais, que me empurraram do interior para cá, com a certeza de que aqui teria mais horizontes, mais oportunidades –  as oportunidades que nem Santa Cruz nem Oeiras e nem Picos poderia oferecer naquele momento.

E quero agradecer de modo muito especial a minha mulher, Lílian, e a nossos filhos, Rafael, Victor e Wilson Filho.

A você, Lílian, dizer que não poderia ter melhor companheira de viagem. Porque além da beleza, do carinho e do conforto, tenho em você o estímulo permanente, a vigilante decidida a fazer que minha trajetória, a nossa trajetória seja sempre a mais reta. A você também agradeço pelos filhos maravilhosos que temos.

Também a eles agradeço.

Ao Rafael e ao Victor, pela companhia e a confiança. E também pela compreensão, pelo pouco tempo que às vezes dedicamos à família. Sou grato também pela intensidade dos momentos que passamos juntos.

Quero agradecer ainda ao Wilson Filho. Ele não está ausente. Ao contrário, está muito presente na minha vida, nas nossas vidas. Wilson Filho segue nos mostrando caminhos, mesmo depois de encantar-se. E sua presença é  constante, diária e estimuladora. A você, meu querido Wilson Filho, que está aqui conosco neste momento, o meu beijo de saudade e gratidão. 


Muito obrigado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


Aqui em Teresina, encontrei muitas pessoas especiais que me ajudaram a sonhar mais e mais. Professores extraordinários e para a vida toda, como o Padre Florêncio, Irmão Guido, o Ubiraci Carvalho, Francisco Ramos, Lineu Araújo, Nathan Portela, Zenon Rocha, José Wilson Batista, Noé Fortes, José Wilson Pereira, Juscelino Pinheiro, Ludgero Raulino, Francílio Almeida, Dib Tajra, Antônio Portela, Aécio Carvalho... Também tive o prazer de conviver e crescer com o Benício Sampaio, Antônio Santos Rocha, José Noronha, Antônio Nascimento, José Cerqueira, Pedro Augusto, Lívio Parente, Mansueto Magalhães, Fernando Correia Lima, Arimatéia Santos, Amparo Salmito, Pedro Leopoldino e João Orlando. E destacar o papel de um home que não foi meu professor em sala der aula, mas que me ensinou com toda a clareza a lição da tolerância e o poder de diálogo. Eu me refiro ao professor Camilo da Silveira Filho. 

Foi muita sorte encontrar no caminho colegas como os do Colégio Diocesano. Estavam lá Prisco Medeiros, Ricardo Coqueiro, Charles Silveira, Dirceu Arcoverde Filho, Augusto Basílio, Paulo Henrique Costa, Marcelo Napoleão, Ricardo Alaggio, José Maria Correia Lima. Tinha também o Anchieta Rosalvo, o Bastião (vindo de Bom Jesus), o Emir Filho e o Marcos Trajano.

Da Redação
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