Foi quase por acaso o surgimento do tipo mais famoso do cinema da primeira metade do século XX, quem sabe até da sétima arte como um todo. O vagabundo com bengala, chapéu-coco, calças largas e sapatos de palhaço, o qual habituou-se no Brasil a chamar de Carlitos, só apareceu no segundo filme de Charles Chaplin e o imortalizou.
Tido por alguns críticos como “o maior gênio que o cinema já produziu“, o Clube de Vídeo de Teresina desta semana traz esse grande cineasta da comédia vaudeviliana em três momentos distintos. As exibições ocorrem na Sala de Vídeo da Casa da Cultura, gratuitamente, sempre a partir das 18h30.
Nesta quarta-feira, dia 16, o Clube de Vídeo apresenta Monsieur Verdoux, de 1947 e uma de suas últimas produções. Chaplin, longe de sua habitual persona do Vagabundo, faz o personagem-título, um serial killer que nos anos 1920 assassina mulheres após convencê-las a tirar todo o dinheiro do banco por conta de uma crise financeira que estaria por vir. Inspirado no caso verídico de Henri Désiré Landru, apelidado pela imprensa da época (1914 a 1918) de “Barba Azul”, a princípio seria um filme de Orson Welles protagonizado por Chaplin. Como este nunca havia sido dirigido antes, optou por reescrever ele mesmo o roteiro de Welles e dirigi-lo. Apesar da fraca recepção nos Estados Unidos, foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original, tendo a famosa frase “um assassinato faz um vilão; milhões um herói”, atribuída ao abolicionista Bishop Beibly Porteus (1731-1808).
Na quinta, 17, é a vez de O Garoto (1921), um de seus melhores trabalhos cinematográficos, senão o melhor. A engraçada e tocante história do vagabundo que encontra um bebê abandonado e termina o criando pelas ruas diverte e emociona até os dias de hoje. Considerado o primeiro “dramédia” da história do cinema, já se inicia avisando que este é “um filme com um sorriso, e talvez uma lágrima...” É de um encantamento ver o garoto e o vagabundo se tornarem uma dupla perfeita com o passar dos anos, e divertidíssimo acompanhar suas artimanhas para conseguir dinheiro para seu sustento. Graças à interpretação do garoto Jackie Coogan, que se tornaria uma das primeiras celebridades infantis do ramo, a ligação afetiva do filme com o espectador é forte, chegando a transcender a própria obra em si. Uma das cenas mais comoventes é quando o vagabundo luta para impedir que dois agentes levem o garoto dele. Um filme de fato imperdível, que cumpre as duas coisas prometidas: o sorriso e a lágrima.
Fechando a semana, outra obra-prima de Chaplin: O Circo, lançado em 1928, promete uma diversão antológica aos que forem à Casa da Cultura na sexta-feira, dia 18. Aqui, confundido com um ladrão de carteiras, o vagabundo foge da polícia e acaba indo parar num circo. Sem querer, faz grande sucesso com o público, levando o esperto dono do circo a contratá-lo. Explorado de todas as formas, Carlitos ainda encontra tempo para se apaixonar pela bela acrobata, coincidentemente (ou não, no cinema não existem coincidências) filha de seu inescrupuloso patrão. Um dos últimos filmes da fase silenciosa de Charles Chaplin, O Circo é uma de suas obras mais populares, tendo servido de inspiração para Os Saltimbancos Trapalhões, de 1981 e um dos melhores trabalhos no cinema do grupo formado à época por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Ainda que Saltimbancos seja baseado num conto dos irmãos Grimm, não há dúvidas da influência do timing cômico genial de Charles Chaplin.
Programação do Clube de Vídeo:
Quarta-feira, 16/06
MONSIEUR VERDOUX (Idem, EUA, 1947)
Comédia
124 min.
Direção: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Mady Correll, Allison Roddan
Quinta-feira, 17/06
O GAROTO (The Kid, EUA, 1921)
Comédia
68 min
Direção: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin Edna Purviance, Jackie Coogan
Sexta-feira, 18/06
O CIRCO (The Circus, EUA, 1928)
Comédia
71 min
Direção: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Henry Bergman, Tiny Sandford
Serviço:
Evento: Clube de Vídeo de Teresina
Local: Casa da Cultura
Data: Quarta, quinta e sexta-feira, 16 a 18 de junho de 2010
Horário: 18h30
Mais informações: 3215 7816
