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"Gravo bebendo cerveja para a voz ficar rouca", diz Zeca Pagodinho

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Conforme foi fazendo mais e mais sucesso popular, a voz de Zeca Pagodinho se tornou uma das pontes eficazes entre os compositores do samba --estreantes ou veteranos-- e o grande público.


Apesar de ser também ele um compositor, acabou por deixar o trabalho autoral em campo secundário.


"Tem tanta gente precisando ganhar um dinheirinho, não vou ficar gravando música minha", diz, assumindo o papel de intérprete que, no passado, pertencia essencialmente às cantoras.

Daryan Dornelles/Folhapress

Zeca Pagodinho no estúdio Cia. dos Técnicos, no Rio, despois de gravar a última música do CD


O baú de canções inéditas, portanto, está cheio. Mas Pagodinho prefere mantê-lo fechado. Segundo afirma, não vê entre os artistas da nova geração quem possa gravá-las de modo satisfatório.


"Antigamente, a gente fazia um samba e tinha, pra cantar, a Beth [Carvalho], a Alcione, o Roberto Ribeiro, o João Nogueira, o Agepê, o [grupo] Exporta Samba, o Mussum", enumera. "Hoje, quem tem aí pra gravar samba? Eu não conheço."


Diz reconhecer a importância do trabalho dos artistas da nova geração --que, desde a revitalização da Lapa carioca no começo da década passada, vem se dedicando a estudar, criar, cantar e divulgar o samba. Mas confessa suas restrições.


"O que eles fazem é legal --mas não muito. Vamos dizer assim: tem lugar pra todo mundo, mas cada um no seu lugar", ele diz, e sorri com o bom efeito da própria frase.


Pagodinho não cita nomes, mas expõe as razões que, na prática, criam a incompatibilidade.


"Nêgo muda muito [o espírito da composição], é complicado. Se eles fizessem como a gente quer que seja feito...", afirma. "A gente vem de outro conceito, esse é que o problema."

 


Fonte: Folha Online

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