Já eram quase 23h30 e o show estava para terminar. Num intervalo entre duas músicas, escuto a conversa entre um garçom e um segurança que, como eu, estavam trabalhando mas atentos ao espetáculo. "Esse cara canta muito...", observa o marombado homem que protegia o local. "E está muito bem. Eu tenho 55, ele deve ter quase 70 e está melhor que eu", observa o senhor de preto com a bandeija na mão. Ambos falavam de Ney Matogrosso, que se apresentou nesta quarta (11) no Atlantic City, em Teresina.

Fotos: Carlos Lustosa Filho/CidadeVerde.com

O show Beijo Bandido começou pontualmente às 22h15, com Ney apresentando ao público uma persona diferente daquele artista pintado e com roupas estravagantes da época dos Secos e Molhados e do início da carreira solo: o cantor subiu ao palco de terno e cantou "Tango pra Teresa", de Jaime Amorim e Evaldo Costa.

Daí pra frente, foi um desfile de grandes sucessos da MPB, como "A Bela e a Fera" de Chico Buarque e Edu Lobo, "Doce de Coco" de Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho entre outras. Mas os pontos altos foram realmente "A Distância" de Roberto e Erasmo e "Bicho de Sete Cabeças" de Geraldo Azevedo, duas canções cantadas em coro pela plateia e bastante aplaudidas.

Como se a interpretação cheia de entrega de Ney não fosse hipnotizante o suficiente, a iluminação do show e as projeções, deram um toque de regogizo aos olhos de quem assistia.

Para encerrar, Ney e os músicos Lui Coimbra (violoncelo e violão), Ricardo Amado (violino, bandolim e pandeiro), Felipe Roseno (percussão) e Leandro Braga (direção artística, arranjos e piano), voltaram duas vezes ao palco para o bis, executando mais cinco músicas, entre elas "Modinha para Gabriela" de Tom Jobim e "Mulher sem Razão" de Cazuza, Dé Palmeira e Bebel Gilberto.

De fato, aos 69 anos, Ney Matogrosso, mostra uma grande competência no palco, capaz de causar admiração não só ao garçom e ao segurança do show, mas a todo o seu público e à geração de novos artistas.

Carlos Lustosa Filho
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