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Bruno diz a juíza que tem duas filhas e possivelmente um filho

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O goleiro Bruno de Souza, acusado de envolvimento no sumiço e possível morte de sua ex-amante, Eliza Samudio, presta depoimento nesta quinta-feira no Tribunal do Júri de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Ao responder sobre seus dados pessoais, disse ter "duas filhas e possivelmente um outro filho". Questionado pela juíza Marixa Fabiane sobre quem seria o possível filho, o atleta respondeu: "o Bruninho" (filho de Eliza).

O advogado do jogador, Ércio Quaresma, pediu para conversar com seu cliente por cerca de uma hora antes do depoimento, mas a juíza concedeu-lhe apenas 30 minutos. Dessa forma, o atleta começou a ser ouvido a partir das 10h10.


A juíza deferiu ainda o pedido de Quaresma para que não fosse permitida a transmissão de imagens do depoimento de Bruno. A magistrada também negou o pedido de exceção de suspeição feito pela defesa de Luiz Henrique Romão, o Macarrão. Os advogados solicitavam que a juíza deixasse o caso, já que, na avaliação deles, ela havia manifestado anteriormente opinião condenando os acusados.

Além de Bruno, a juíza deve ouvir também Macarrão. Por volta das 10h, ele e Bruno ouviam a leitura da denúncia do Ministério Público. Claudio Caledoni, um dos três advogados de Macarrão, disse preferir que seu cliente permaneça calado durante a audiência.

O advogado afirmou ainda que vai pedir ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) que os delegados que investigam o caso também sejam ouvidos pela juíza, para apurar denúncias de tortura a acusados pelo crime. Caso o pedido seja negado, Caledoni pretende levar a reivindicação ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

"As denúncias que chegaram aqui dos procedimentos durante a investigação são graves, precisam ser esclarecidas. A denúncia da promotoria (que teve como base o inquérito policial) é apenas uma sugestão de condenação. No processo, não há uma prova concreta de que Eliza foi morta. Não há o corpo, por exemplo, e nem provas da materialidade indireta", afirmou.

Macarrão chegou ao fórum por volta das 9h. Pouco antes, a mãe de Eliza, Sonia de Fátima Moura, chegou ao local, onde afirmou que gostaria que o neto não fosse filho de Bruno. Ela disse ainda que espera apenas uma coisa ao final das audiências: "que eles (os acusados) digam onde está o corpo de minha filha".

Apesar de seu advogado, José Arteiro Cavalcante Lima, ter afirmado em outubro que um exame de DNA confirmou a paternidade de Bruno, Sonia disse que ainda não tem a confirmação se o jogador é realmente o pai de seu neto, já que o teste, realizado no Rio de Janeiro, ainda não teve o resultado divulgado. Segundo a mãe de Eliza, somente seus advogados estão autorizados a comentar o assunto.

O caso

Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.


Fonte: Terra
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