Na noite do centro de Teresina, mais precisamente no cruzamento da ruas Firmino Pires e Paissandu, no chamado calçadão popular, existe grande movimentação no comércio de drogas. Por ser o crack a droga mais vendida, a área é conhecida como "cracolândia de Teresina".

Reportagem da TV Cidade Verde exibida no Jornal do Piauí desta quarta-feira (8) mostrou como funciona a atuação desse comércio. A partir de 21h, garotas de programa, usuários e vendedores de drogas ocupam o local. Pessoas de todas as idades se entregam ao vício.

As drogas podem ser compradas livremente. Durante a negociação, a Polícia Militar passa pela rua, mas não faz nenhuma abordagem. Os traficantes afirmam que existem todos os tipos de drogas no local. Basta o interessado "fazer o pedido". Na reportagem, um produtor adquiriu três pedras de crack ao preço de R$ 40.

O comandante da Companhia Cosme e Damião - Codam, major Ramos, responsável pela ronda no centro de Teresina, afirma que aquela área é historicamente conhecida como de prostituição, e que é necessário quebrar essa relação. "Temos que descaracterizar aquele ambiente, e o caminho para isso é utilizarmos mais a área para comércio", declarou o major durante debate no Jornal do Piauí.

Na entrevista, também estavam presentes o titular da delegacia de Entorpecentes, Samuel Silveira, e o coordenador da Fazenda da Paz (instituição que trata de dependentes químicos), Célio Barbosa.

Samuel Silveira informa que a delegacia já investiga esse comércio e busca mais informações e meios legais para combater. "São questões de moradores de rua e menores. Se formos uma noite por lá, até daremos o flagrante, mas no outro dia os presos estarão soltos. É necessário analisar as questões jurídicas e ver quem são os verdadeiros culpados pelo tráfico, e quanto a isso nosso serviço de inteligência já está investigando", declara.

O coordenador da Fazenda da Paz, Célio Barbosa, considera que a questão da droga não começa precisamente no uso de narcóticos. "O problema da droga começa na bebida, que existe até em esquina das escolas e muitas vezes os pais nem sabem do consumo por parte do filho menor".

Célio reitera que a questão da droga é um problema social. "Na Fazenda da Paz recebemos pessoas que sofrem de alcoolismo, desempregados, que procuram a droga por achar o caminho mais fácil", comenta.

A Fazenda da Paz é uma entidade sem fins lucrativos, idealizada pelo padre Pedro Balzi, em parceria com leigos da arquidiocese de Teresina. O tratamento no centro de reabilitação é realizado de acordo com a metodologia: oração, trabalho, disciplina e conscientização, com acompanhamento terapêutico sem o uso de medicamentos.