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Guido Mantega: mínimo maior que R$ 545 vai gerar um descontrole

Sergio Lima/Folhapress
Durante participação em uma comissão geral da Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, justificou na tarde desta terça-feira (15) que seria “desaconselhável” que a Casa aprovasse um reajuste ao salário mínimo superior à proposta do Executivo –de R$ 545– já que o valor poderia gerar descontrole fiscal das contas públicas e pressionar a inflação. Oposição e centrais sindicais defendem reajuste de ao menos R$ 560.

"Se nós já começamos descumprindo os R$ 545, aí vão dizer: o governo vai flexibilizar outras despesas, e, portanto nós vamos ter um descontrole fiscal no país, e a inflação vai subir por causa do descontrole fiscal e de outras despesas", afirmou Mantega. Ele frisou que além do salário mínimo, “há várias despesas e vários outros pleitos” que estão sendo discutidos e que podem trazer insegurança quanto aos rumos das finanças públicas do país.

“Acho desaconselhável que, em 2011, mudemos uma regra acordada em 2007, porque em 2009, tivemos uma crise que resultou numa queda de salário, que foi pontual. Propomos que se aplique a regra e, em 2011, o salário seja de R$ 545”, completou o ministro.

A conversa com deputados em plenário acontece um dia antes da votação do projeto do Executivo de uma política para o salário mínimo. Pelas contas do ministro, se a regra for mantida, já em 2012, haveria “aumento real de pelo menos 7,5%” mais a inflação. Segundo Mantega, cada real a mais no salário mínimo custa cerca de R$ 300 milhões aos cofres públicos.

“Estamos propondo que o salário mínimo tenha uma correção todo ano. Isso é bom para o trabalhador e para o governo. Nós teremos sim aumento de despesas, mas é uma despesa previsível”, afirmou. Além de Mantega, representantes da indústria, das centrais sindicais, dos municípios e deputados irão expor suas ideias sobre o tema na sessão.

Os mesmos manifestantes que vaiaram o ministro na entrada dele em plenário, ouviram atentamente as argumentações do alto da galeria lotada, onde mais de 400 manifestantes do movimento trabalhista acompanham as discussões.

Acordo
O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara dos Deputados, disse na tarde desta terça-feira (15), antes do início da comissão geral, que a base aliada está fechada em torno do valor de R$ 545 para o mínimo.

“Todos os partidos decidiram que vão aprovar a política que tem dado resultado desde o governo Lula. Apenas o PDT falou que não acompanhará e o PSB não estava na reunião. Eu acho que o governo tem conforto para debater essa questão e para votar”, disse Vaccarezza.

Questionado se 100% de cada um dos partidos da base votaria pelo reajuste que transformaria o mínimo em R$ 545, o deputado desconversou e mostrou confiança no apoio declarado até o momento. “O PMDB falou em 60 votos, o PT tem 100% de apoio. Outros partidos também falaram em 100%”.

O deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), provocou o líder do governo dizendo que “seria bom que Vacarrezza contasse com menos gente”. “Até amanhã, ele vai contar com menos votos, já tem 27 a menos do PDT", disse.

Sobre o valor a ser reajustado, não há uma convergência no partido em torno de uma proposta única, segundo Paulinho. “O PDT não está fechado ainda, até amanhã a gente vai decidir. A gente decidiu que não vai decidir”, divagou.

A primeira proposta dos sindicalistas é de que o salário mínimo seja reajustado para R$ 580, mas alguns deles, nos bastidores, já aceitam o valor de R$ 560.

Fonte: Folha

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