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Renda per capita do brasileiro ultrapassa US$ 10 mil em 2010

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A auxiliar de limpeza Janaína Aragão, 20 anos, nunca sonhou com um salário anual de US$ 10 mil. Funcionária de um condomínio em Osasco, região da Grande São Paulo, ela divide os R$ 598 que ganha por mês para ajudar a sustentar duas casas: a que mora com o pai e uma irmã, em São Paulo, e a que mora sua filha, de 2 anos, com a mãe e outros cinco irmãos, na Bahia. “O dinheiro nunca dá”, diz, com a voz embargada.



Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgados nesta quinta-feira, mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita - resultado da divisão entre as riquezas produzidas por um país e sua população – do Brasil chegou a R$ 19.016 em 2010, o equivalente a US$ 10.237. Foi a primeira vez na história que a renda per capita do brasileiro ultrapassou a casa dos US$ 10 mil anuais – o que corresponderia a um salário mensal de cerca de R$ 1,4 mil.

Ainda não na história de Janaína, que vê o patamar médio do brasileiro como “uma coisa muito longe”. “Com US$ 10 mil daria para comprar um monte de coisa. Tipo, uma casa... eu daria entrada em uma casa”, diz ela, que hoje paga R$ 230 de aluguel na casa onde mora.

Não é somente nas camadas mais baixas de renda que há essa percepção de distanciamento do PIB per capita. A auxiliar administrativa Ana Cristina Ribeiro, 26 anos, diz que o aumento da renda per capita do brasileiro não corresponde à sua realidade. Com salário de R$ 1,1 mil mensais – que a coloca na chamada “nova classe média” – Ana Cristina diz que a renda de US$ 10 mil anuais está “distante da realidade”. “O meu dia a dia é trabalhar duro para receber uma ‘merreca’ no fim do mês.”

Quando começou a trabalhar, há 12 anos, na mesma emissora de rádio onde está até hoje, Ana Cristina recebia R$ 300 mensais como telefonista. Há seis anos atuando como assistente de produção, Ana Cristina vê seus rendimentos subirem cerca de 5% ao ano, por conta do dissídio. “O salário aumenta, mas as outras coisas sobem absurdamente. A gente nem sente o aumento do salário.”

Com gastos de R$ 250 com aluguel e as despesas básicas como água, luz e alimentação, a auxiliar administrativa não consegue fazer poupança. “O sentimento que eu tenho é de revolta mesmo”, afirma. “Eu quero fazer um curso de inglês, mas não consigo. As minhas contas são prioridade.”

Ana Cristina diz que espera receber “em breve” o salário de R$ 1,4 mil, que lhe garantiria a renda anual de US$ 10 mil. “Mas, do jeito que as coisas andam, acho que isso só vai acontecer daqui a uns três ou quatro anos.”

Fonte: IG

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