Cidadeverde.com

Espetáculos piauienses se apresentam na Alemanha

Em abril acontece na Alemanha a quinta edição do festival internacional de dança Brasil Move Berlim. Pela segunda vez o Núcleo do Dirceu se apresentará no evento: há dois anos o coletivo mostrou os trabalhos Sobre Ossos e Robôs, 02 Heterogêneo, Corpo Manual e Bull Dancing.


Entre os dias 07 e 11desse mês a parceria se repete a convite da organização. O espetáculo Matadouro, co-produção Marcelo Evelin/Demolition Inc e Núcleo do Dirceu, fará a abertura do festival. A programação do Move Berlim também incluiu o solo “Ai, ai, ai” – uma das obras mais importantes do coreógrafo piauiense.
 

Matadouro esteou nacionalmente no final do ano passado, e já foi apresentado no Rio de Janeiro (Festival Panorama), Teresina (Galpão do Núcleo do Dirceu) e São Paulo (Mostra Sesc de Artes). A peça fecha uma trilogia iniciada com Sertão (Holanda-2003) e seguida por Bull Dancing (Brasil-2006). Matadouro investiga o corpo como metáfora de um campo de batalha em que a luta travada entre o oficial e o marginal, entre selvageria e civilidade, entre o território e o mundo globalizado, o lança no espaço subjetivo e intermediário do “entre”. Nem lá, nem cá, o indivíduo avança na tensão entre seguir e desistir. Vida em sua condição de precariedade. Vida que no corpo é “matável”. Vida que, sem eira nem beira, resiste e insiste.

Fotos: Sérgio Caddah e Layane Holanda


O espetáculo é composto por oito intérpretes que, através de uma ação contínua, incorporam a luta em seu estado limite e arrastam consigo o espaço entre a periferia do Dirceu, a favela da Maré, Auschwitz ou Canudos, acompanhados pelo Quinteto em C Maior de Franz Schubert. Numa enquete promovida pelo Guia da Folha Online, Matadouro foi considerada a terceira melhor estreia do ano passado em todo o Brasil. Para a pesquisadora Helena Katz, em crítica publicada no jornal O Estado de São Paulo, “essa corrida tem a força de uma metáfora poderosa: a da resistência, mas de um tipo especial de resistência, que não é a de resistir contra, mas resistir a favor (...). É a tensão dessa resistência por alguma coisa que torna Matadouro uma das mais importantes obras de 2010.”


O espetáculo Matadouro foi subsidiado pela FUNARTE (2008) e conta com apoio da Lei de Incentivo Estadual do Governo do Piauí/SIEC/FUNDAC. Foi criado no Galpão do Núcleo do Dirceu em Teresina-PI, e em residência artística no Hetveem Theater de Amsterdã e Centro Coreográfico do Rio de Janeiro.


A segunda peça incluída na programação do Brasil Move Berlim é o solo “Ai, Ai, Ai”, criado em Nova Iorque pelo coreógrafo piauiense Marcelo Evelin quando vivia no exterior em meados dos anos 90. Há anos distante de sua terra, o solo foi concebido como um mergulho em suas raízes, um trabalho pessoal criado a partir de questões pertinentes ao próprio corpo. Saudade e identidade, presente e memória são questões centrais deste solo que foi remontado em 2010 a convite do Panorama Sesi de Dança de SP.


Matadouro fará a abertura do festival no teatro HAU1 – um dos mais prestigiados espaços cênicos da Alemanha. A programação do Move Berlim também tem peças do grupo Gira Dança (Natal), Charlene Sadd (Maceió) e do carioca André Masseno. O projeto é subsidiado por uma ação conjunta entre Hauptstadtkulturfonds (Fundo de Cultura da Capital Federal), Ministério da Cultura do Brasil e a Fundação Nacional de Artes – Funarte. Para os organizadores Wagner Carvalho e Björn Dirk Schlüter, a iniciativa é um projeto modelo com um olhar diferente sobre o Brasil e sua diversidade cultural. Sérgio Mamberti, Secretário de Políticas Culturais do MinC e patrono do festival, afirma que o evento, além de fomentar a diversidade cultural brasileira na área da dança, estreita os vínculos entre os dois países.

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais