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Na estreia da turnê 360º do U2 em São Paulo, Bono cita tragédia no Rio

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O clima era de “balada”, como adiantou Bono em engraçado português às 90 mil pessoas que compareceram ao Morumbi na noite deste sábado (9) para o primeiro dos três shows do U2 no Brasil. Mas, no final, a alegria deu lugar à tristeza: na última canção, “Moment of surrender”, o líder da banda de Dublin fez um discurso em homenagem às 12 crianças vítimas do massacre na Escola Municipal Tasso de Silveira, em Realengo, no Rio.

“Liguem seus isqueiros, seus celulares, vamos homenagear essas crianças e suas famílias”, pediu o cantor, enquanto o nome da uma dúzia de vítimas aparecia no telão 360º. Um momento triste e bonito, que marcou a segunda parte (melancólica) do bis. O oposto da energia que o grupo levou ao palco a partir das 21h40.

Fotos: Flavio Moraes/G1


Em exatas duas horas de apresentação, o grupo justificou porque a atual turnê é a mais lucrativa da história: com uma estrutura de palco jamais vista, o U2 cumpre o que é, de fato, “o maior espetáculo da Terra”.

A “garra” de quatro dedos que serve para sustentar as caixas de som e de luz é tão grande (50m) que pode ser vista fora do estádio. Já o telão que se contrai e expande proporciona uma experiência e conforto de ser ver um show em arena jamais visto.

“É muito bacana você poder ver um show independente de onde estiver ou de seu tamanho”, afirmou a assistente administrativa Renata Luna,de 30 anos. Cadeirante, ela pode ver a apresentação em uma área reservada, ao lado do amigo Thiago Motta, 26, também cadeirante. “É sensacional, só digo isso”, resumiu ele, olhando para o alto.

Dia de pizza, Pixinguinha e vaias à Dilma



Se o palco deixa uma falsa impressão, o mesmo não se pode dizer do telão de 500 mil pixels. Faltam adjetivos para defini-lo. Se até “Magnificent” ele serviu apenas para exibir os integrantes do U2, ora em cores ora em preto e branco, em “Mysterious ways” ele mesclou o conteúdo ao vivo com imagens psicodélicas de uma dançarina.

Depois, antes de “I still havent’ found what I’m look for”, ele mostrou a tradução simultânea de algo que Bono inventou de improviso. “Hoje é dia de balada, de comer pizza e passear”, brincou o vocalista, ovacionado. “Sou pepperoni”, riu, comentando depois quais seriam os sabores de cada músico se eles fossem o prato. “Adam é mais exótico, seria pizza de banana. Edge está sempre atrás do obscuro, então seria uma pizza de jaca. Larry não teria nada de queijo nem tomate. Nós o chamaríamos de pizza boa pinta”, continuou.

Outras referências ao Brasil aconteceriam durante a noite. Antes de “Beautiful day”, Bono puxou uma garota da “red zone” e, juntos, leram um trecho de “Carinhoso” (Pixinguinha). O público veio abaixo.

Reação oposta aconteceu quando o vocalista citou seu encontro com a presidente Dilma Rousseff .

De volta ao telão, é após a balada politizada “Miss Sarajevo” que ele mostra o porquê de ser tão revolucionário. Terminada a canção, ele cresce de tamanho e “engole” a banda, agora dentro dele. Começa então “City of blinding lights”, cujos acordes inspiram uma sequência de cores hipnótica. Na parte do refrão, a antena gigante que fica sobre o meio do palco acende e holofotes são mirados para um único ponto do céu. Impossível não se arrepiar.



“Vertigo”, em seguida, transforma o telão em um imenso carrossel de imagens disparadas em looping. Um efeito visual tão impressionante quanto os globos de discoteca que iluminam o estádio durante “With or without you” - que traz Bono vestido com uma jaqueta de LEDs vermelhos, mesma cor do microfone suspenso que o faz rodopiar acima do público.

Passado, só o recente

Por se tratar de um show do U2, o telão também serviu para mostrar mensagens politizadas, é claro. Elas fizeram referência aos conflitos atuais da Líbia e Egito (para introduzir “Sunday bloody sunday”) e à política birmanesa Aung San Suu Kyi.

Já o arcebispo Desmond Tutu, sul-africano que venceu o Nobel da Paz pela luta contra o apartheid, apareceu fazendo um discurso motivacional para introduzir “One”. O público se dispersou neste momento e pareceu se importar mais em beijar seus conjugues assim que viu no telão o nome da balada de “Achtung baby” (1991).

O repertório do primeiro show em São Paulo, de 23 canções, priorizou os trabalhos do U2 da década de 1990 até a primeira metade dos anos 2000. Ficaram de fora canções de 30, 25 anos atrás, como “New years day”, “Pride (in the name of love)”e “Bad”, executadas nos dois últimos concertos portenhos da semana passada - o último show teve 25 músicas tocadas, por sinal.

O set list da apresentação de sábado, por outro lado, foi igual à primeira de Buenos Aires. Fica então a torcida para que o mesmo cronograma se repita em São Paulo nos próximos shows.

Set list:
1 - “Even better than the real thing”
2 - “I will follow”
3 - “Get on your boots”
4 - “Magnificent”
5 - “Mysterious ways”
6 - “Elevation”
7 - “Until the end of the world”
8 - “I still haven't found what I'm looking for”
9 - “Stuck in a moment you can't get out of” (acústico)
10 - “Beautiful day”
11 - “In a little while”
12 - “Miss Sarajevo”
13 - “City of blinding lights”
14 - “Vertigo”
15 - “I'll go crazy if I don't go crazy tonight”
16 - “Sunday bloody Sunday”
17 - “Scarlet”
18 - “Walk on”

Bis 1:
19 - “One”
20 - “Where the streets have no name”

Bis 2:
21 - “Hold me, thrill me, kiss me, kill me”
22 - “With or without you”
23 - “Moment of surrender”
 

Fonte: G1

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