Cidadeverde.com

Piauí desponta como nova fronteira agrícola com a produção de soja

Imprimir

No Sul do Piauí, já nos limites do semiárido, vem surgindo um novo polo econômico naquela que vem sendo chamada de "a última fronteira agrícola do País". Por lá, o conhecido sertão nordestino tem uma outra cara. A caatinga, vegetação que acompanha quase todo o clima da região, entrelaça-se com o cerrado que vai tomando espaço, numa mistura que caracteriza o relevo de Bom Jesus, município que vem registrando, há pouco mais de uma década, intenso crescimento puxado pelo surgimento e avanço do cultivo da soja.



Localizado na região do Vale do Gurgueia, a cidade virou a "febre" de empresários gaúchos do agronegócio, que foram migrando para a região atraídos pelos platôs encontrados por lá, ideais para o plantio do grão. Hoje, dos 90 produtores, 80% são provenientes do Rio Grande do Sul, formando uma verdadeira colônia gaúcha em pleno semiárido nordestino.

Um dos pioneiros desse movimento foi Idemar Cover, diretor administrativo da empresa MCR. Depois de passar uma temporada produzindo em Mato Grosso, soube das terras boas e planas do sul do Piauí e, em 1994, instalou-se em Bom Jesus. Começou sua produção nas superfícies altas, a cerca de 600 metros do nível do mar, na chamada Serra do Quilombo, para onde foram seguindo todos os novos empresários do emergente negócio.

Soja avança
Resultado disso é que, ano passado, o Piauí, puxado principalmente por Bom Jesus, chegou a plantar cerca de 400 hectares de soja, o que representando aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de grãos, em um processo de avanço contínuo por aquelas terras. Atualmente, algo entre 12% e 15% do cerrado piauiense já é explorado com o cultivo da soja. Em Bom Jesus, esse porcentual já chega a 25%.

"O ´boom´ foi entre 1994 e 1995. Os primeiros plantios eram de três a quatro mil hectares. Bom Jesus, até então, só tinha agricultura de subsistência. Mas a gente sabia que ia dar certo, porque no Maranhão e na Bahia já estava dando certo", informa Cover.

Segundo ele, no início, copiava-se a produção que vinha destes outros estados, já hoje, Bom Jesus possui suas variedades próprias de soja, que melhor se adaptam àquele solo.

Mas, até chegar nesse ponto, foi preciso um alto investimento. "O solo de cerrado é pobre. Então, entramos com adubação, correção, enriquecimento do solo, e, cada ano que passa, a produtividade cresce. São R$ 1.500 por hectare para deixar o solo a nível médio de produção. Cada ano que passa, o solo está melhor", explica.

Seguindo essa migração que vinha do Sul, o também gaúcho João Carlos Fiúza resolveu investir na localidade. Chegou em 2000 e subiu para a serra. "Antes, eu não tinha certeza que ia dar certo, mas vim me aventurar". E deu. Na Fazenda São Carlos, como assim denominou, possui 2,75 mil hectares, dos quais cultiva 1,5 mil. Quer, todavia, até 2013, expandir suas terras e cultivar uma área de 3 mil hectares. Com esta área, ele pode ser considerado um pequeno produtor, para os padrões da cultura da soja. Por lá, há produtores com 25 mil hectares.

Fonte: Diário do Nordeste

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais