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Almodóvar pega Antonio Banderas no colo após sessão de Cannes

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Pobre Almodóvar. Em “A Pele que Habito”, seu novo filme exibido hoje (19) em Cannes, o diretor espanhol se arrisca mais uma vez num filme sombrio, com clima de thriller, um pouco na linha de “Má Educação” (2004).


Antonio Banderas volta às mãos do diretor 21 anos depois de “Ata-me”, como um cirurgião plástico obcecado em reconstruir a pele de sua esposa morta num acidente. Em paralelo, ele busca vingança para sua filha que foi estuprada.

Banderas comemora o retorno aos braços do diretor. “Almodóvar não é só parte da minha carreira, mas também da minha vida. Voltar a ele é como voltar para casa - meu país e minhas raízes, com todas as suas grandezas e contradições”.

Na parte final de "A Pele que Habito", o filme constrói uma surpresa que se revela decepcionante - mas não se pode falar para não estragá-la. Na sessão de imprensa, o público ria e até gargalhava em algumas cenas feitas para serem dramáticas. Ao final, alguns aplausos tímidos. O filme estreia em novembro.

O roteiro é adaptado do livro “Tarântula”, do francês Thierry Jonquet, que Almodóvar leu durante uma viagem de avião há muitos anos. Depois das comédias pop e dos melodramas, Almodóvar está feliz em fazer um thriller.

“É um dos meus gêneros favoritos. Por um tempo, pensei até em fazer um filme mudo e preto-e-branco, mas depois mudei de ideia", comentou. Entre as influências, o cinema noir de Fritz Lang e o francês “Os Olhos Sem Rosto” (1960), de Georges Franju.

Banderas falou das dificuldades em encarnar um psicopata, protagonista do filme. “Desta vez, Almodóvar não me deixou sorri. Robert é um homem que diz diálogos cruéis com uma naturalidade absoluta. Foi bem difícil para mim”. O elenco ainda tem Elena Anaya e Marisa Paredes.

Brasil positivo e negativo

O Brasil ganha uma referência boa e outra ruim em "A Pele que Habito". Zeca (Roberto Álamo), meio-irmão de Robert (Banderas), é um vendedor de drogas que cresceu no Brasil e foge da cadeia para reencontrar a mãe. (Numa cena curta, o garoto é visto em flashback correndo numa favela na Bahia). Quando aparece em cena, Zeca está vestido de “Tigrão”, fantasia que conseguiu durante o Carnaval - quase um clichê.

A boa é a música “Pelo amor de Amar”, gravada por Helena de Lima, cantora dos anos 50 e 60. Na história, ela é cantada em português por Norma, a filha de Robert.

Almodóvar explicou as referências brasileiras. “Cito o Brasil no filme porque o país possui uma grande tradição de cirurgiões estéticos. O primeiro de quem ouvi falar foi o Ivo Pitanguy, nem sei se ele ainda está vivo.” (Sim, Pitanguy está vivo e tem 84 anos.)
“Estive três ou quatro vezes na casa de Caetano Veloso na Bahia. O Brasil é um dos lugares mais ricos do mundo musicalmente. Gosto das canções mesmo de antes da bossa nova, e muito da música eletrônica de hoje”, confessa o cineasta espanhol.

Fonte: UOL

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