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Em 2011, número de acidentes aéreos cresceu 68% no Brasil

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Com uma infraestrutura classificada por especialistas como "supersaturada", a aviação civil brasileira registra elevação dos acidentes em 2011. O comando do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Aeronáutica contabiliza até o dia 31 de junho 76 casos, enquanto no mesmo período do ano passado foram 45. Um crescimento de 68,8%. Os dados não levam em conta os acidentes deste mês, como o do bimotor LET-410 da companhia Noar, que caiu na quarta-feira, logo após decolar do Aeroporto de Guararapes, em Recife (PE), e de um helicóptero em Jaraguá do Sul, na região norte de Santa Catarina, na sexta-feira.



"É provável que o aspecto mais determinante para essa elevação seja o crescimento absurdo no número de decolagens. As empresas estão comprando aviões de forma 'adoidada'. A tendência é de as estatísticas aumentem", avaliou o professor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS e coordenador do Departamento de Treinamento de Voo da universidade, Guido César Carim Júnior.

Regras brandas impostas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para exigir qualificação de pilotos das aeronaves de pequeno porte também podem explicar crescimento, segundo o especialista. "Hoje, muita gente sem experiência recebe autorização para voar no dia seguinte. Estes acidentes, em sua maioria, ocorrem com aviões privados muitos deles para práticas desportivas."

As estatísticas do Cenipa também revelam crescimento no ritmo de acidentes aéreos com mortes. Com a queda do bimotor no Recife, e do helicóptero em Jaraguá do Sul, os primeiros seis meses de 2011 já têm 17 casos. Em todo o ano passado, foram 21.

"São números relativos, pois não há um levantamento oficial e confiável no número total de decolagens, que aumentou massivamente", ponderou Carim Júnior. Já o ex-ministro da Aeronáutica, brigadeiro Mauro Gandra acredita que a falta de interação entre Anac e o Cenipa é o pivô dos problemas. "Fizeram uma operação 'Tiradentes' com a aviação, ao criarem a Anac. Ela (aviação) foi esquartejada. Vamos sair dessa. Mas vai demorar. Mais cinco anos, quem sabe", opinou.

"Houve uma desconexão entre a Anac, o Cenipa e o comando da Aeronáutica em relação a quem é o responsável pela segurança de voo. É um aspecto preocupante", concordou o professor da PUCRS. "Durante mais de 20 anos, tivemos uma constante queda no número de acidentes, mas agora há o efeito inverso com o crescimento das decolagens. Hoje, no País, falta habilidade de órgãos superiores para definir uma política de investimentos que preveja os acidentes. A estrutura está supersaturada e as aeronaves estão voando. Há risco de colapso".

A Anac foi procurada pelo Terra mas até a noite desta sexta não havia se manifestado sobre o crescimento no número de acidentes em 2011. Já o Cenipa informou que devido à mobilização para investigar o acidente de Pernambuco, nenhum profissional poderia falar sobre o tema.

Até o final do mês passado, os gráficos do órgão da Aeronáutica apontavam o andamento de 199 investigações de acidentes com aeronaves no país. Mais de 700 já foram concluídos nos últimos dois anos. Casos de perda de controle em pousos, colisões durante os deslocamentos, e panes no motor figuram na lista dos problemas mais frequentes.

Fonte: Terra

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