O que era encarado como uma série de suicídios no município de União, 56 quilômetros ao Norte de Teresina, passou a ser investigado como assassinato. Pelo menos 10 pessoas foram enforcadas de forma semelhante nos últimos meses, todas com perfil semelhante: são homens de até 23 anos que vivem em bairros com forte presença do tráfico de drogas. A suspeita agora é que as mortes tenham sido motivadas por dívidas de entorpecentes.

O caso despertou a atenção da polícia, Ministério Público e Câmara Municipal. Segundo o vereador e advogado Adailton de Oliveira Silva, foram 10 pessoas mortas nas mesmas circunstâncias nos últimos meses. "Dentro desse código de postura que eles utilizam como traficantes eles criam suas normas de pagamento e de dívidas. Caso não sejam pagos, eles possam fazer pressões, buscar meios que possam estar forçando inclusive a própria retirada da vida dessas pessoas", declarou.

Entre as mortes está a de Guilherme da Silva, 21 anos, achado enforcado em um cajueiro às 6h da manhã de 25 de setembro. O tio da vítima, Valdinar da Silva, contou para a TV Cidade Verde que o sobrinho havia recebido ameaças por conta de dívidas de traficantes. O caso foi registrado como suicídio.

Francisco Rodrigues perdeu o filho de 14 anos no início do mês. Ele declarou que o garoto foi ameaçado por uma pessoa para que pagasse uma conta, mas não contou ao pai que dívida era essa. Francisco admitiu que o jovem usava drogas, mas não seria viciado. O rapaz foi achado enforcado no quintal de casa por volta de 23h30.

O promotor de Justiça Marques Neto declarou que os casos de suicídio fugiram da média e passarão a ser apurados com mais cautela. "Vamos investigar com mais zelo e mais cuidado esses suicídios entre aspas", declarou.

Delegado há três meses em União, Anfrísio Castelo Branco anunciou um levantamento em todos os casos recentes de suicídio. A Polícia Civil irá analisar cada laudo pericial e verificar a possibilidade de se ter tentado disfarçar um suicídio.