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Divisão do Pará cortará 7 terras indígenas; entidade vê ameaça

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A possível divisão do Estado do Pará em três novas unidades cortaria pelo menos sete terras indígenas situadas na porção central do Estado. Tomando por base o mapa da Funai (Fundação Nacional do Índio), as divisas dos novos Estados passariam por cima das terras Kayapó, Menkragnoti, Apyterewa, Araweté, Trincheira Bacajá, Koatinemo e Ituna-Itatá.

Segundo Marcos Antonio Reis, 35, coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Pará e Amapá, na região de Carajás todos os povos indígenas são favoráveis à divisão, exceto os Akarãtika-Tejê, conhecidos como Gavião da Montanha. A etnia divide a reserva Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins, com outros dois povos, o Gavião Kyikatejê e o Gavião Paraketejê.

“Os Akarãtika-Tejê perderam todas as suas terras por conta da Hidrelétrica de Tucuruí na década de 70. Atualmente, travam uma luta política contra a Eletronorte para que não seja construída a hidrelétrica de Marabá e são contra a duplicação da ferrovia da Vale (Estrada de Ferro Carajás), que corta a reserva delas. Eles acham que a divisão obecede a interesses de mineradoras e políticos aliados delas e, por isso, são contra”, diz Reis.

Caso a divisão ocorra, o Estado do Carajás terá 36,4% do território ocupado por terras indígenas e áreas de proteção ambiental. Em Tapajós, o percentual sobe para 73,5%. Na avaliação do Cimi, a divisão do Pará incentivaria os produtores rurais e mineradoras a avançar sobre estas áreas, além de dificultar a demarcação de novas terras. Há, na região de Carajás, pelo menos 15 processos envolvendo a demarcação de reservas.

“Essas duas regiões concentram a maior riqueza mineral do país. A nossa leitura é que haverá pressão sobre essas terras protegidas, o que aumentaria o desmatamento nessas regiões”, afirma o missionário.

Reis diz que o Cimi está tentando convencer os indígenas da sua avaliação, mas estes estariam mais inclinados a se seduzirem pelas “promessas de políticos”. “Por mais que a gente tente levar as informações, eles são facilmente ludibriados por políticos locais, que fazem promessas de investimento e dizem que a divisão é a única alternativa.”

Segundo o Cimi, há cerca de 5.000 indígenas em Carajás e 30 mil no Tapajós. O coordenador afirma que a posição dos indígenas na região tapajoara é, em geral, diferente da verificada em Carajás. “Ali, os povos indígenas são ressurgidos, ou seja, passaram anos negando seu passado e depois de um tempo resolveram reviver sua identidade e buscar o direito à terra. A maioria é contrária à divisão”, afirma.

Fonte: Uol
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