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Perguntas a amiga de Eloá geram bate-boca

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Após o depoimento de Nayara Rodrigues sobre a morte da amiga Eloá Pimentel, nesta segunda-feira, no julgamento do acusado do crime, Lindemberg Alves Fernandes, as perguntas que a defesa do réu fez para a estudante geraram bate-boca entre a advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, e os assistentes de acusação.

Nayara chega ao julgamento

A advogada questionou a jovem por uma hora, causando agitação entre a acusação quando chamava o cárcere privado de "estadia". "È verdade que seu advogado mandou você chorar aqui dentro?", perguntou Ana Lúcia, ao que Nayara respondeu negativamente. "É verdade que você está processando o Estado por ter voltado ao cativeiro?", questionou a advogada, causando protestos do defensor da jovem e da família de Eloá. Os advogados consideraram os questionamentos uma "sessão de tortura".

Neste momento, a promotora Daniela Hashimoto se dirigiu aos colegas, assistentes de acusação: "deixa ela fazer o circo todo". A juíza Milena Dias também se manifestou, afirmando que Nayara era "vítima". Ana Lúcia, então, respondeu ironicamente: "é verdade. Ela não tem que dizer a verdade porque ela é a vítima".

A advogada ainda questionou Nayara sobre as mudanças de humor de Lindemberg, perguntando se elas aconteciam quando o réu via alguma coisa sobre o cárcere privado na imprensa. A jovem não fez a relação. "Não, porque a gente via TV o tempo todo e uma hora ele estava agressivo, e outra hora não."

Ana Lúcia ainda insistiu com Nayara sobre ela ter dado calmante para Eloá. Ao ser questionada se entregou o medicamento à amiga, Nayara negou, dizendo que entregou apenas "água com açúcar". Neste momento, a advogada consultou no processo um depoimento anterior de Nayara e mostrou que ela havia afirmado ter dado calmante à amiga. "A defesa não é leviana. A defesa mata a cobra e mostra o pau", finalizou a advogada.

O mais longo cárcere de SP

A estudante Eloá Pimentel, 15 anos, morreu em 18 de outubro de 2008, um dia após ser baleada na cabeça e na virilha dentro de seu apartamento, em Santo André, na Grande São Paulo. Os tiros foram disparados quando policiais invadiam o imóvel para tentar libertar a jovem, que passou 101 horas refém do ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes. Foi o mais longo caso de cárcere privado no Estado de São Paulo.

Armado e inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg invadiu o local no dia 13 de outubro, rendendo Eloá e três colegas - Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vieira de Oliveira. Os dois adolescentes logo foram libertados pelo acusado. Nayara, por sua vez, chegou a deixar o cativeiro no dia 14, mas retornou ao imóvel dois dias depois para tentar negociar com Lindemberg. Entretanto, ao se aproximar do ex-namorado de sua amiga, Nayara foi rendida e voltou a ser feita refém.

Mesmo com o aparente cansaço de Lindemberg, indicando uma possível rendição, no final da tarde no dia 17 a polícia invadiu o apartamento, supostamente após ouvir um disparo no interior do imóvel. Antes de ser dominado, segundo a polícia, Lindemberg teve tempo de atirar contra as reféns, matando Eloá e ferindo Nayara no rosto. A Justiça decidiu levá-lo a júri popular.

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