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Maria Rita se emociona em homenagem a sua mãe Elis Regina

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Maria Rita bem que tentou driblar a emoção, mas foi inevitável. A cantora foi às lágrimas ao revisitar o repertório de Elis Regina (1945-1982) durante a pré-estreia (restrita a convidados) da turnê Viva Elis na noite desta segunda-feira (19), no Vivo Rio, no Rio de Janeiro — foi a primeira vez na carreira que ela cantou um repertório composto exclusivamente por canções gravadas pela mãe. A série de shows marca os 30 anos da morte de Elis.

A cantora Maria Rita homenageia a mãe, Elis Regina, em show no Rio: apresentação contou com 28 músicas gravadas pela Pimentinha (Foto: Alexandre Durão/G1)

Maria Rita parecia prever que seria mesmo difícil suportar as cerca de duas horas de show sem ser tomada pelas lembranças da Pimentinha, apelido dado à Elis por Vinícius de Moraes. Tanto que brincou com o público logo no início da apresentação.

"Eu e os músicos da banda fizemos um bolão pra tentar adivinhar quantas músicas eu ia durar. Já passamos da terceira, e ainda não chorei. Sintam-se à vontade para fazer bolões entre vocês também", disse a cantora. Ganhou quem apostou em "Se eu quiser falar com Deus", de Gilberto Gil, o 17º número da noite.

Apresentação durou cerca de duas horas e contou com sucessos como 'Águas de março', 'Maria Maria', 'O bêbado e a equilibrista' e 'Fascinação' (Foto: Alexandre Durão/G1)

Maria Rita surgiu em cena precisamente às 22h23. Toda de branco, abriu o show com a sequência "Imagem" (Luiz Eça e Aloysio de Oliveira), "Arrastão" (Edu Lobo e Vinícius de Moraes) e o clássico "Como nossos pais" (Belchior). Acompanhada do pianista Tiago Costa, do baixista Sylvinho Mazzucca, do guitarrista Davi Moraes e do baterista Guga Teixeira, mostrou técnica apuradíssima, segurança e total intimidade com as canções escolhidas para o espetáculo.

Sobre o palco, e mais ainda agora, Maria Rita parece assumir de maneira bastante saudável sua semelhança com Elis: voz, trejeitos, sorriso. Tudo lembra a mãe. Mas isso não parece ser mais um peso ou um problema. Combinado ao repertório, faz do show algo ainda mais divertido, sentimental e único.

Turnê Viva Elis começa oficialmente no próximo dia 24, em Porto Alegre, e vai passar por Recife, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro (Foto: Alexandre Durão/G1)

"Agradeço a vocês por terem vindo com o coração aberto e por compreenderem que isso é unica e exclusivamente uma homenagem. Sinto que, se isso for percebido ou intuído, minha missão estará cumprida", disse Maria Rita ao se dirigir às cerca de 800 pessoas convidadas pela empresa de cosméticos que patrocina o projeto — e que reagiram de maneira fria à maior parte das canções, algo bastante comum quando se trata de shows fechados. "Nós, os artistas aqui em cima do palco, e meu irmão, João Marcello (Bôscoli, filho de Elis com Ronaldo Bôscoli), principalmente, nos entregamos com muita honra, paixão e respeito à essa homenagem", destacou a cantora, que demonstrou certo nervosismo durante os primeiros números.

Ela só pareceu relaxar mesmo depois da dobradinha "Saudosa maloca" e "Agora tá", quando abandonou o pedestal e livrou-se de uma espécie de capa translúcida que cobria seu vestido. Divertiu-se cantando "Querelas do Brasil", quando assumidamente utilizou-se da letra impressa numa folha de papel, provavelmente por conta de versos como "Gererê, sarará, cururu, olerê / Ratatá, bafafá, sururu, olará". Comprensível.

Estão no roteiro todos músicas dos compositores mais representativos na carreira de Elis: Chico Buarque, Edu Lobo, Belchior, Gilberto Gil, Rita Lee, Adoniran Barbosa, Jorge Ben Jor, Ivan Lins e a dupla Aldir Blan e João Bosco, entre outros. Milton Nascimento ganhou uma menção especial, com a trinca "Morro velho", "O que foi feito" e "Maria Maria" ("Herdei essa amizade", justificou Maria Rita). Também cantores, como Ângela Maria e Cauby Peixoto, foram lembrados com "Vida de bailarina" e "Bolero de Satã", respectivamente.

Se não muito diferentes dos originais, os arranjos ganharam uma pegada mais elegante e moderna. Pitadas de rock and roll e jazz aparecem em "Doce de pimenta", com direito a solos de guitarra de Davi Moraes e breve citação ao hit "On Broadway", de George Benson; e "Onze fitas", uma das canções que formaram o bloco político do show.

"Com garra, suor e angústia, Elis falou sobre as questões mais sérias do seu país. Fez isso com uma propriedade que não se vê hoje em dia. As lições ficaram. As próximas músicas passeiam por esse viés da mamãe", anunciou Maria Rita entre as músicas "O bêbado e a equilibrista" e "Menino" ("Nas profundezas do corte / Que a bala riscou no peito / Quem cala morre contigo / Mais morto que estás agora"). "Fascinação", "Madalena" e "Redescobrir" formaram o bis, que encerrou a festa em alto astral.

Depois da pré-estreia no Rio, a turnê Viva Elis parte para Porto Alegre no próximo dia 24, seguindo para Recife (1º de abril), Belo Horizonte (8 de abril) e São Paulo (22 de abril) antes de retornar à Cidade Maravilhosa (29 de abril). Todos os shows terão entrada franca.

Fonte: G1
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