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Conheça a gangue das loiras e como agiam

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Elas são loiras, bonitas, de classe média alta, falam mais de um idioma e já viajaram para o exterior. Essas características insuspeitas foram uma das maiores dificuldades que a Polícia Civil de São Paulo teve para ligá-las a mais de 50 sequestros-relâmpago cometidos nos últimos cinco anos na capital paulista. Em um dos casos, elas gastaram mais de R$ 17 mil no cartão de crédito da vítima.


O esquema da "gangue das loiras", investigado há cerca de dois meses, foi apresentado nesta terça-feira pelo titular da 3ª Delegacia Antissequestro do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Alberto Pereira. Segundo ele, o grupo - formado por seis mulheres, sendo uma morena, e um homem - abordava mulheres que aparentavam ser ricas em estacionamentos de shoppings e supermercados nas zonas sul e oeste de São Paulo. "Muitas vezes algumas delas até seguiam as vítimas para ver se gastavam dentro do shopping", disse.

Conforme o delegado, os crimes eram cometidos à luz do dia. A vítima era rendida no estacionamento e mantida refém em seu próprio carro, que rodava pela cidade com dois ou três membros da quadrilha. Enquanto isso, uma das bandidas usava documentos e cartões para fazer compras e saques. "Em um dos casos, no shopping Ibirapuera, elas compraram R$ 17,5 mil no cartão, e ainda sacaram mais R$ 3 mil", disse Pereira.


Para não despertar suspeitas, as criminosas tinham duas estratégias: escolher vítimas parecidas com elas, para confundir algum atendente que pedisse o documento na hora das compras; e ir com roupas provocantes. "Elas eram escolhidas para a quadrilha porque podiam usar a sedução para fazer as compras", afirmou o delegado Joaquim Dias Alves, da Divisão Antissequestro do DHPP.

Até o momento, somente uma integrante da quadrilha foi presa: Carina Vendramini, 25 anos. De acordo com a polícia, ela foi capturada em Curitiba, onde morava e tinha emprego fixo. Conforme a investigação, ela viajava a São Paulo exclusivamente para praticar os crimes. Todas as demais integrantes foram identificadas pela polícia, assim como um homem apontado como coordenador do grupo.

Perfil criminoso

Segundo o delegado Alberto Pereira, o bando era muito profissional, o que dificultou a investigação da polícia. "Elas não ficavam mais de uma semana com o mesmo celular", disse. "Tenho muitos anos de trabalho em crimes contra o patrimônio, e há tempos não via uma quadrilha tão bem organizada."

Todas elas já tinham passagem pela polícia, conforme informou Pereira. Muitas já haviam roubado condomínios, mas foram levadas ao sequestro-relâmpago. "Quando você invade um condomínio, está exposto a alguns riscos. No sequestro, a vítima está em seu poder e há menos chance de dar errado", disse Pereira. As mulheres mantidas reféns muitas vezes eram agredidas pelas criminosas.

Carina Vendramini era a mais experiente, mas as mais atuantes do grupo eram sua irmã, Vanessa Vendramini, Monique Scasiota e Priscila Amara. Além delas, também são investigadas Franciely dos Santos, Silmara Lan e Wagner de Oliveira Gonçalves, que é procurado pela Justiça por sequestros.

Todos os integrantes da quadrilha moram na Bela Vista, região central de São Paulo, menos Carina, que levava uma vida dupla. Depois de ficar presa alguns meses pelo crime de sequestro, em 2008 ela foi solta e viajou para a Nova Zelândia, onde conheceu um "rapaz honesto e trabalhador", segundo o delegado. 

Com ele foi morar em Curitiba, teve uma filha e tinha um emprego fixo de atendente de telemarketing - mas viajava para São Paulo para praticar os crimes, sob o pretexto de visitar a família. "É a verdadeira mente criminosa", afirmou Pereira.

Apesar de os crimes ocorrerem desde 2008, foi só a partir de novembro do ano passado que a Polícia Civil pôde concentrar os esforços somente em casos como esse. "A criação da 3ª Delegacia da Divisão Antissequestro do DHPP foi fundamental", afirmou Pereira. "Conseguimos investigar diversas ações parecidas. Nos próximos dias, outras quadrilhas serão presas."

Fonte: Terra
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