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Comissão de Anistia julga 6 processos de piauienses presos na Ditadura

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A Comissão de Anistia da Ministério da Justiça julga seis processos de piauienses perseguidos pelo Regime Militar. A audiência acontece na Câmara de Vereadores e segue até as 19h desta sexta-feira (30). Esta é a primeira vez que a Caravana da Anistia vem ao Piauí.

Fotos: Sana Moraes

Serão analisados os processos de Tiago José da Silva, presidente do Sindicato dos Estudantes do Estado; Clidenor de Freitas, médicos e fundador do Sanatório Meduna; Antônio Damião de Sousa, fundador do Sindicato dos Trabalhores Rurais de Campo Maior; José Sebastião Rios de Moura, artista gráfico e professor da Universidade de Brasília; José Gomes Moreira, servidor público e Manoel Lopes Veloso, advogado e ex-Procurador Geral do Estado.

Alguns dos processados e vários familiares estavam presentes no auditório para acompanhar o julgamento, entre eles, José Gomes Moreira, preso em 1976, acusado de fazer parte do Grupo dos Onze em Fortaleza-CE (movimento criado por Leonel Brizola). "Fui preso em Fortaleza, onde cumpri três meses de detenção e depois fui levado para Crateús, onde cumpri mais três meses. Fui julgado inocente, mas apenas em 2002 soube que poderia ser indenizado".


Segundo Suely Beratto, vice-presidente da Comissão de Anistia, muitas pessoas nem sabem que têm direito à anistia. "Hoje vamos julgar seis processos aqui no Piauí. Existem mais. Acreditamos que depois da passagem da caravana, algumas pessoas também entrarão com processos pedindo indenização". A Comissão de Anistia possui 25 conselheiros, seis deles estão no Estado. 

Vanete Maria Rios Teixeira veio acompanhar o julgamento do processo do irmão, José Sebastião Rios de Moura, assassinado em 1983, na cidade de Salvador-BA. Ele foi exilado político na França e participou do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, episódio contado no filme "O que é isso, companheiro", que resultou na libertação de José Dirceu e da presidenta Dilma Rousseff. 


José Rios tinha 36 anos e até hoje as circunstâncias de sua morte não foram esclarecidas. "Durante muitos anos, nós tentamos saber informações sobre o assassinato do meu irmão, mas tem uma hora que cansa. Nós queremos o reconhecimento do absurdo que aconteceu durante a ditadura. O que desagrada é a ditadura", destacou Vanete Teixeira.

O teto máximo de indenização pago pelo Ministério da Justiça aos anistiados é de R$ 100 mil. 


Quem também acompanha os julgamentos é o jornalista Aldir Nunes, anistiado em 2003. Ele foi exilado em Estocolmo durante cinco anos. Era militante da Ação de Libertação Nacional (ALN) e foi preso durante o congresso da UNE em 1968. "A Lei da Anistia precisa ser revista porque os militares que mataram, torturaram e sequestraram também são beneficiados pela mesma lei que anistia os perseguidos", afirma Aldir, acrescentando que tem 30 amigos também perseguidos pela ditadura que estão desaparecidos até hoje. 

Flash de Sana Moraes
Redação de Jordana Cury

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