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Recenseadores do IBGE fazem paralisação por melhores condições de trabalho

 

Fotos: Arquivo Pessoal

Recenseadores do IBGE realizaram nessa quinta-feira (1) no município de Parnaíba, a 337 km de Teresina, uma paralisação das atividades de coleta dos dados do Censo Demográfico de 2022. O protesto é em busca de melhores condições de trabalho e pagamento de salários atrasados.

O ato faz parte de um movimento nacional, onde os recenseadores decidiram se unir em busca de melhorias na prestação dos serviços. Em vários estados estão sendo registradas reclamações relacionadas aos valores que estão sendo pagos, atrasos nos pagamentos de alguns trabalhadores, alguns sem receber desde o treinamento realizado em julho, e a falta de segurança.

A recenseadora Marina Sousa, de 24 anos, explicou que entre as reivindicações está o baixo valor das taxas que são pagas no Piauí. Cada estado é aplicada uma taxa geral que influencia diretamente em quantos os profissionais vão receber.

“Cada estado tem uma taxa. A do Piauí é a de número 3, isso significa que nós recebemos aqui apenas R$ 0,62 centavos por cada unidade visitada. Essa valor é por cada casa que visitamos, e se o morador não estiver lá, temos que voltar até 4 vezes, mas o pagamento é apenas um. É um valor minúsculo, irrisório, pois é o recenseador que leva o IBGE até o morador. Queremos que esse valor seja revisto, e o mesmo está acontecendo em outros estados. Tem estados onde a taxa deles é bem maior, e eles também estão reivindicando melhorias. Nós fazemos o mesmo trabalho que pessoas de outros estados e eles ainda ganham mais que a gente. Não sei como definiram esses valores para o nosso estado, mas não acho justo”, afirmou.

No Piauí, enquanto o recenseador recebe R$ 0,62 por visita, no Rio de Janeiro o valor é de R$ 1. Cada questionário por amostra é de R$ 1,70 e cada questionário básico é R$ 1,46, enquanto no Rio de Janeiro, é quase o dobro, sendo R$ 3,03 por questionário amostra e R$ 2,60 por questionário básico.

“O que foi prometido no edital não está sendo cumprido, porque botaram no edital um cálculo por produção por hora, com base em 10h de trabalho diário, onde o salário seria perto de R$ 2.300, só que com essas taxas colocadas, não estamos conseguindo cumprir. Às vezes não conseguimos encontrar uma pessoa em casa, temos que voltar umas quatro vezes, então existe todo um esforço e se não conseguimos aplicar o questionário, isso prejudica a gente. Com esses valores não temos garantia de ganhar perto de R$ 2.300. Como não recebemos mensalmente, mas por setor, em três semanas de trabalho recebi R$ 1.070, que é abaixo do salário mínimo”, lamentou.

Outro problema é a segurança, com a possibilidade de serem assaltados. Eles pedem que o IBGE peça para a polícia reforçar o policiamento em áreas onde são registradas mais recusas.

“Existe um problema na segurança, pois vamos em muitas residências e o que queremos é só um apoio nesse sentido. Chegamos a procurar o coordenador do IBGE daqui, mas ele deu apenas um panfleto com orientações, onde diz que a gente não tem que entrar em residências onde não se sentir seguro, esse tipo de informação”, destacou.

Ela disse que os recenseadores procuraram o coordenador do IBGE nesta quinta-feira, mas ele teria se negado a receber e tratar sobre o assunto com os trabalhadores.

Demandas solicitadas pelos recenseadores:

  • aumento das taxas (a taxa geral do Piauí é 3); 
  • possibilidade de pedir adiantamento de 50% do setor;
  • calculadora do IBGE com taxas reais para dar transparência de quanto vão receber realmente;
  • concessão de 50% ou 100% para andar com o transporte público pelo estado;
  • pagamento de todos os débitos atrasados do IBGE (inclusive do treinamento);
  • pagamento por visita de domicílio, incluindo os 4 retornos obrigatórios. 
  • pedir apoio logístico de segurança da Polícia Militar e/ou da Guarda Municipal em horários alternativos, especialmente, nas áreas que apresentam mais número de recusas;
  • ampliar outros meios de comunicação para divulgar sobre o Censo 2022 (transporte público, outdoor, shopping center, prefeitura e outros meios alternativos).

O Cidadeverde.com entrou em contato com o IBGE e aguarda esclarecimento. 

 


Bárbara Rodrigues
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