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Coluna 28/01

Dois modos de fazer política: os estilos Rafael e Themístocles

Com um mês de governo, já está claro para os políticos, tanto da base quanto da oposição, que os estilos de fazer política do governador, Rafael Fonteles (PT), e do vice, Themístocles Sampaio (MDB), são bem diametralmente distintos. Políticos analisam que Rafael faz política conversando com os seus. Themístoles faz política conversando com todo mundo e não rompe (por muito tempo) com ninguém. 


Amanhã e depois

A questão não é apenas de personalidade ou visão administrativa, afinal, a diferença é normal e salutar em composições de coalizão, mas impacta além: na sucessão de Dr.Pessoa na Prefeitura de Teresina e na presidência da Assembleia Legislativa do Piauí. Cada um com seu estilo. A coluna ouviu interlocutores e traça o cenário.


Para a oposição, nada

O tratamento de Rafael Fonteles para os políticos de oposição é cristalino: distância firme. Os aliados, merecem espaço – mas nem tanto quanto almejam. Rafael não é Wellington Dias, e isso também está claro aos aliados. Movimentos como o de Franzé Silva (PT), ao alinhar o apoio público de Jeová Alencar (Republicanos) na eleição da presidência da Assembleia Legislativa, foram criticados internamente no Palácio de Karnak, assim como a costura de Themístocles Sampaio com o progressista Marden Menezes para atrai-lo para a base aliada à revelia da prefeita de Piripiri, Jôve Oliveira.


Para todos

Já o vice-governador Themístocles Sampaio é conhecido e reconhecido pela postura agregadora. Quando foi presidente do Poder Legislativo estadual, não deixou de contemplar ex-deputados que passaram pela Casa. Reúne-se também com frequência com políticos dos mais diversos espectros ideológicos. Uma das formas de mostrar recados é a postagem dessas imagens nas redes sociais. Exemplo disso foi quando se reuniu na Assembleia com Kléber Montezuma, ex-adversário de Dr.Pessoa, em meio a crise do prefeito com o MDB, há dois anos. Mesmo sem perspectiva de apoio para uma eleição futura com alguns interlocutores, as portas estão sempre abertas com o vice-governador e “mais” (aliados) é sinônimo de “melhor”.


Impacto profundo

A principal consequência desses dois modos de estar na política revela-se na novela para a sucessão de Franzé Silva na Alepi. O acordo PT e MDB para os próximos dois biênios já ruiu com nomes do PT (Flávio Jr, Nerinho, Janaína Marques, Fábio Novo e Firmino Paulo) pedindo votos suceder Franzé justo no biênio que foi acordado com Rafael Fonteles para ser de Severo Eulálio (MDB). 


Velho PT

Um dos motivos do PT trabalhar para seguir com o comando de um Poder além do Executivo é o fato de que os nomes que representam o “Velho PT”, ou seja, deputados históricos e políticos que ascenderam à Câmara dos Deputados, por exemplo, considerarem terem tido poucas indicações na gestão de Rafael Fonteles. Assim, de maneira simplificada, a Assembleia Legislativa seria a opção de poder político que o grupo de petistas enxerga para diminuir a dependência do Executivo.


Popular

O ministro e senador Wellington Dias não se envolve nesta seara. Rafael já delimitou os espaços políticos e busca fazer uma gestão popular, de ligação direta com a população. Sendo um governador popular e que, consequentemente, terá mais autonomia em relação aos humores do mundo político, deputados federais e estaduais pouco podem fazer para demonstrar um nível maior de ambição em relação à máquina estadual. Resta, portanto, a reação de independência com a Alepi.


Revoga-se

Portaria no Diário Oficial do Município datada de 25 de janeiro, revoga a criação da comissão de gestão das obras do município, que seria administrada por João Duarte, o Pessoinha, filho do prefeito Dr.Pessoa, fato antecipado pela coluna há duas semanas. A comissão gerou reação negativa entre os vereadores e superintendentes das Saads porque tirava poder sob o orçamento das pastas.


Cedo demais

Vereadores da base ouvidos pela coluna acreditam que o ato visa diminuir a pressão sob o Palácio da Cidade após a crise gerada com o rompimento e denúncias do vice-prefeito, Robert Rios. No entanto, avaliam também ter sido precipitada a revogação da comissão, demonstrando cedo demais a necessidade que o Palácio tem de alinhamento com os vereadores. Ou seja, diminui o poder de barganha da PMT com os vereadores. Isso pode fragilizar o Palácio nas conversas futuras com o Legislativo municipal.


Protocolados

Falando nisso, o Legislativo municipal já foi avisado que na segunda-feira, 30, deve receber dois pedidos de impeachment contra o prefeito. Os outros pedidos que tramitavam na Câmara nesse sentido foram arquivados pelo ex-presidente, Jeová Alencar, no ano passado. Agora, Enzo Samuel (PDT) terá a prerrogativa de aceitar ou rejeitar os pedidos. Não deve fazer nenhuma das duas opções. Tende a receber e guardar.


A foto do dia

O economista Petronio Portella Filho estará em Teresina no dia 11 de fevereiro para lançar o livro “Mentiras que Contam Sobre a Economia Brasileira: Textos Contra a Desinformação e em Defesa de Políticas Novas e Velhas Pró-Crescimento”. Ele é o filho do ilustre político piauiense, que foi prefeito de Teresina, governador do Piauí, senador e ministro da Justiça. Trata-se do terceiro livro de autoria do Petrônio Filho. O evento acontece na Academia Piauiense de Letras, no sábado 11 de fevereiro, às 10h. 

Economista formado na UnB, com mestrado na Universidade de Minnesota e doutorado na Unicamp, o consultor do Senado Federal buscou combater a desinformação com estatísticas oficiais e fatos.  O livro, que será lançado em Teresina e depois em Brasília, procura resgatar a memória econômica e política do brasileiro. “Não podemos ser um povo sem memória.  No ano do meu vestibular, o Brasil era um tigre econômico. Estamos estagnados há nove anos. Temos que entender por que e como saímos do trilho do desenvolvimento econômico”, explicou Petronio.


A frase para pensar 

A maior parte das pessoas não pensa nunca durante a vida. Eu me tornei uma celebridade pensando três vezes por semana", George Bernard Shaw (1856-1950), dramaturgo inglês.