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Coluna 31/01/23

Os bastidores do acordo para manter os biênios com Franzé e Severo

Hoje, paz e amor. Ontem, momentos dramáticos. Assim resume um experiente nome da base aliada sobre os últimos dias de negociação para que se chegasse a um consenso a respeito da sucessão de Franzé Silva na presidência da Assembleia Legislativa do Piauí. O acordo PT e MDB foi mantido e Severo Eulálio (MDB) será o presidente da Casa no biênio seguinte ao de Franzé. Quem saiu ganhando? Quem teve a posição fragilizada? A coluna responde.


Os primeiros a romper

Os “novatos” - políticos eleitos na primeira legislatura no PT: Gil Carlos, Rubens Vieira e Dr.Vinicius  - ficaram bem na fotografia com Wellington Dias e Rafael Fonteles por decidirem primeiro apoiar Severo Eulálio. Eles romperam a frente formada pela maior bancada, a do PT, que queria lançar (e tinha os votos) um candidato próprio. O rescaldo disso com os colegas, no entanto, é de certa mágoa, relata um deputado.


Dialoga ou cai

No final, o PT aproveitou para avançar posições na Alepi, tanto de cargos como de diretorias. Nos bastidores, os deputados da sigla queixavam-se de que Severo não tinha conversado com eles sobre como ficaria a divisão de espaços em sua futura gestão na Casa. Foi o estopim.


Espinha dorsal

“Franzé deu espaço para todos e Severo não chamou nenhum deles para dizer como seria. Então lançaram candidato próprio, no meio do caminho se empolgaram porque viram que tinham como eleger mesmo um presidente. Mas Wellington Dias foi decisivo, gastou boa parte do tempo no final de semana resolvendo esse impasse. No final, o Governo quebrou a espinha dorsal deles”, explicou um deputado à coluna, em reserva. Um resumo de como a política da vida real opera: ação e reação.


Árido e essencial

O tema é árido e ninguém senta numa roda de conversa para dizer alegremente: “Vamos falar hoje de reforma tributária e ajuste fiscal!”. Apesar disso, toda a agenda econômica do presidente Lula nesse primeiro semestre está calcada na aprovação de uma reforma tributária e do novo marco fiscal – o que também está relacionado com a eleição na Câmara dos Deputados e do Senado Federal. São essas as instituições que irão modificar, rejeitar ou aprovar a agenda do governo Lula 3.


O x da questão

Problemas fiscais resultam em instituições previdenciárias que se tornam cada vez mais caras, o que influencia na difusão da pobreza e subclasses. Não se trata apenas de uma questão de divisão de custos e sim do fato de que os recursos estão – ou não – sendo organizados de forma inadequada aos problemas que eles devem enfrentar. O Estado se torna enfraquecido pelos seus próprios sucessos: quando uma economia se torna adversa, aqueles que se beneficiaram passam a proteger a posição que alcançaram contra grupos que estão em posição desfavorável. A roda nao gira, ela trava.


Castro Neto cede a vez

A bancada federal do Piauí toma posse nessa quarta-feira, 01, em Brasília, mas não chegou a um consenso sobre o critério de divisão dos cargos federais. Aliás, nem os cargos federais estão definidos ainda, pois persistem dúvidas sobre os espaços efetivos que terão representação no Piauí por parte do Governo Federal. Uma parte da bancada quer divisão por sorteio, a exemplo de Flávio Nogueira (PT). Outra – tendo como líderes o senador Marcelo Castro (MDB) e o deputado federal Júlio César (PSD) – querem a manutenção do critério do mais votado. Nesse sentido, Marcelo e Castro Neto fizeram um gesto ousado.


Fico por último

Marcelo Castro informou à coluna que o filho, deputado federal Castro Neto, cede a vez na escolha dos cargos federais e ficará em último lugar na escolha dos espaços políticos como forma de defender o critério do mais votado. Essa, segundo Marcelo, é uma forma de responder às críticas de que o senador e filho estariam defendendo esse critério em benefício próprio. Castro Neto foi o terceiro parlamentar mais votado, portanto, a atitude o prejudica em face dos colegas. 


Tecla SAP

Leitura política: Marcelo dobra a aposta em confronto direto de ideias com Flávio Nogueira. Ambos disputaram a coordenação da bancada federal, cedida a precedência por Marcelo após pedido do ministro Wellington Dias. Flávio e Marcelo devem disputar o Senado em 2026. PT e MDB já desenham os embates que virão.


Sobre Janaína

A coluna destaca trecho da pertinente nota pública da Defensoria do Estado do Piauí sobre a morte da estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos. “Torna-se extremamente simbólico que Janaína tenha sido vitimada em uma Universidade, espaço por muito tempo proibido e negado às mulheres, principalmente as como Janaína, mulher preta e periférica. Faz-se necessário que haja uma ação imediata de todas as instituições públicas, tanto as responsáveis pela rápida e adequada investigação, processamento e punição do agressor, como as que garantam à família de Janaína os devidos suporte e acompanhamentos”.


Todes

Como quase tudo hoje nas redes sociais, os focos são desvirtuados rapidamente e ao invés do aprofundamento das discussões sobre violência contra a mulher e a segurança na Universidade Federal do Piauí, houve pseudo-polêmica sobre a utilização do termo “todos, todas e todes” na nota da Defensoria Pública.


Nunca mais

Há problemas maiores a se discutir, especialmente o fato de que notas públicas devem ser apenas a sinalização discursiva de uma esteira de ações efetivas que as instituições precisam tomar para evitar que casos como o de Janaína não se repitam. Há tragédias e há acidentes. Mas há também crimes evitáveis. Esse era um deles. Segurança no campus, fiscalização das festas no âmbito da Universidade, conscientização e educação em um calendário constante sobre violência contra a mulher, além de um ambiente de respeito às estudantes seriam bons passos nesse caminho.


A frase para pensar

Eu aprendi uma coisa em política: você não toma uma decisão até que seja necessário’, Margaret Thatcher (1925-2013), ex-primeira ministra britânica.

 

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