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Coluna 30/03/23

Quem são os líderes da esquerda, da direita e do centro em Teresina?

Proponhamos aos dois ou três leitores atentos desta coluna um exercício de imaginação para ilustrar de modo simplificado um argumento político. Se um extraterrestre chegasse hoje ao nosso planeta, mais especificamente ao Brasil, e pedisse: “Me levem ao líder de vocês da esquerda, da direita e do centro”, há 90% de chance do leitor leva-lo a Lula e Bolsonaro como líderes da esquerda e da direita, respectivamente. No centro, há dúvidas. Porque política se faz com liderança e o tal “centro” brasileiro não tem um líder estabelecido. O resultado da eleição de 2022 prova o ponto.


Um ET no Piauí

Com a ideia devidamente captada, agora a coluna vai pedir mais esforço do leitor. “Me leve ao seu líder da esquerda, da direita e do centro no Piauí e em Teresina”, diz o suposto ET a título de extrapolação nas conjecturas. O líder da esquerda no Piauí: Rafael Fonteles. O da direita no Piauí: Ciro Nogueira. O do centro? Em aberto.


Nave em Teresina

Para a mesma pergunta, focando em Teresina, alguns responderiam: “Líder da direita: Sílvio Mendes”. E da esquerda? Alguém do PT? Mas quem? “Quem tem muitos candidatos não tem nenhum”, disse à coluna um deputado petista essa semana, o que resume bem a questão do nó no PT. Talvez, Enzo Samuel, presidente da Câmara de Teresina, consiga incorporar mais o sentimento de líder da esquerda na capital hoje. E, no centro, Marcos Aurélio Sampaio tem trabalhado para se cacifar nessa posição no cenário de Teresina. Até 2024, há tempo.


Vem aí

Após romper o cordão umbilical com o prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, o PSD busca novas articulações de olho nas próximas eleições municipais. O vereador Vinício Ferreira (PSD) é aliado do deputado federal Marcos Aurélio Sampaio, mas esteve em conversa com o presidente da Assembleia, Franzé Silva (PT), que é um nome trabalhado pelo Partido dos Trabalhadores como possível candidato para concorrer à Prefeitura de Teresina em 2024. Vinício Ferreira deve assumir a presidência do PSD na capital com a missão de fortalecer a sigla e tem elogiado Franzé.


Esquenta

Para fontes da Assembleia, a candidatura de Bárbara do Firmino é irreversível. Isso porque a deputada do Progressistas foi eleita em um contexto muito específico e, até mesmo para garantir sua permanência na política, precisa manter o nome em alta. A eleição de 24, vitoriosa ou não, também tem o efeito colatetal de “esquentar” o nome para a reeleição em 2026.


Combinado, então

Fonte presente nos corredores da Alepi, entreouviu conversa entre os deputados neo-petistas Hélio Isaías e Nerinho: “Como está o acordo em Picos?”, questionou Hélio, ao que Nerinho teria respondido: “110%”. A fonte da coluna não ficou para ouvir o restante da conversa nem os termos do acordo.


E agora?

A vice-prefeita de Picos, Xandú (PT), é irmã de Nerinho, e aliada do progressista Gil Paraibano. A dúvida sobre a eleição de 2024 é sobre como vai se comportar o grupo político de Zé Neri, pai de Nerinho, já que a região é crucial para o Governo de Rafael Fonteles e ponto de honra para o senador Ciro Nogueira. 


Proibido nível mil

Vale lembrar que o deputado Júlio Arcoverde disse que aliança entre PT e Progressistas no Piauí serão vetadas. Portanto, o grupo de Nerinho em Picos deve ir para o PSB. Já na base, a dúvida é se o secretário de Turismo e deputado Pablo Santos será mesmo o nome de consenso do grupo rafaelista na cobiçada região.


Palavra dada

O senador Ciro Nogueira postou há cinco dias no Twitter que iria esperar o ex-presidente Jair Bolsonaro no aeroporto. Dito e feito. Ciro marcou presença por lá. Mesmo sem registrar publicamente, o ex-ministro tem reforçado agenda constante em São Paulo, com influência no governo de Tarsício de Freitas. 


Nova versão

Chama a atenção o fato de Ciro Nogueira ter sido conhecido um político mais de bastidores e articulações discretas. O perfil mudou no governo Bolsonaro. E segue agora, no governo Lula. Hoje, Ciro fala bastante de pautas nacionais, se colocando assim como um dos principais porta-vozes de parte da direita brasileira.


Happy End

Conforme antecipado pela coluna, a novela sobre o comando do Sebrae teria desdobramentos, e teve. Mas o final foi feliz para a deputada federal Margarete Coelho. O presidente do Sebrae, Carlos Melles entregou ontem carta de renúncia ao cargo cujo mandato seria de quatro anos na bilionária estrutura do Sistema S. Margareth, porém, permanece.


Permanece

Para o lugar de Carlos Melles vai o ex-deputado federal Décio Lima, de Santa Catarina, ligado a Lula. O acordo para a permanência da piauiense envolve o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Margareth foi nomeada para uma diretoria no Sebrae nacional no final do Governo Bolsonaro. Apesar disso, a ex-deputada não fez críticas públicas ao PT na campanha e, não custa lembrar, foi vice de Wellington Dias no Karnak.


A foto do dia

A coluna acha que a expressão “homem forte” está meio batida, mas vai usar mesmo assim porque cabe bem para os secretários de Governo e Segurança Pública, Marcelo Nolleto e Chico Lucas, em flagra exclusivo em Brasília (ambos acompanhavam Rafael Fonteles em reunião com a bancada federal). Os dois evitam falar de política publicamente – “é cedo”, dizem – mas a coluna perguntou se Chico Lucas poderia disputar o Senado em 2026, o que ele negou a intenção. Quem convive com Chico Lucas acha que ele vai sim. Vale o registro.


A frase para pensar

Os que respeitaram as normas jamais alcançaram a governabilidade; e os que conseguiram a governabilidade, nunca respeitaram as normas”, María Matilde Ollier (1995-2021), cientista política argentina, sobre os dilemas enfrentados pelos presidentes democratas de seu país na sua relação com o Congresso.