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Coluna 10/04/23

Os três próximos desafios após 100 dias de Rafael

Completados hoje 100 dias de Governo, Rafael Fonteles tem três desafios que são, na verdade, sementes daquilo que foi plantado por ele nesse início de gestão no Palácio de Karnak. A coluna elenca: 

-O conflito geracional entre o novo e velho PT; 

-A busca por trazer modelos inovadores e tecnológicos de gestão;

-A tentativa de eleger o primeiro prefeito de Teresina com a estrelinha do PT no peito.


Novo PT e Velho PT

Conciliar o “velho PT” (os próprios petistas chamam assim a raiz histórica da sigla) e o “novo PT”: o velho PT são os petistas de origem no movimento sindical e estudantil, advindos do período da redemocratização no país. Wellington Dias, Regina Sousa e companhia são os expoentes desse PT, que ainda é majoritário na legenda, apesar da caneta estar com o novo PT (o próprio Rafael é o expoente).  


Boomers x Geração Y

A correlação de forças internas tem mudado. Prova disso é a ascensão ao primeiro escalão dos novos petistas, com perfil acadêmico, advindos de carreiras do serviço público ou empreendedorismo. Rafael é da Geração Y, Millennial, nasceu em 1985. É uma geração multitarefa, competitiva, alinhada às causas sociais. 


Calma aí

O velho PT é Boomer ou da geração X, nascidos nas décadas de 60 e 70, viveram a ditadura e o período de industrialização. Para exemplificar: o velho PT é uma mistura de Zé Dirceu com Gleisi Hoffman. O novo PT é mais parecido com Tabata Amaral e Guilherme Boulos. É um conflito de gerações, formas de pensar. Não é incomum ouvir dos petistas históricos as ponderações sobre o passo de Rafael, que acreditam ser intenso demais, sem atentar aos ritmos e ritos de todas as forças que compõem o PT. O velho PT quer ser ouvido.


Partiu

Rafael Fonteles fez, nos primeiros meses de gestão, agenda inédita em viagens ao exterior. Postou tudo nas redes sociais, dando transparência aos itinerários, já que viagens desse tipo costumam gerar algum tipo de crítica dos opositores. No roteiro, a busca por projetos que deram certo em países desenvolvidos. Naturalmente, políticas públicas não podem ser apenas transplantadas de um país ao outro sem que sejam respeitadas as particularidades de cada nação. Mas, a semente promete bons frutos.


A semente

E a promessa é clara: o Piauí é uma potência no agronegócio, já sabemos. Se tiver mais tecnologia nos processos, é possível impulsionar a área em que já somos bons e avançar onde não somos (produtos manufaturados, indústria e mercadoria com maior valor agregado). É essa a aposta.


Agora ou nunca

Por fim, mas não menos importante, deixamos a política para o final. Rafael Fonteles foi eleito num contexto nacional de polarização entre Lula e Bolsonaro, com vantagens expressivas para o petista no Nordeste, o que refletiu na vitória de Fonteles no Piauí. A campanha toda foi basicamente uma visão dos arquétipos do sábio (Sílvio Mendes) contra o líder carismático (Rafael). Agora, Rafael precisa se provar estrategista de si mesmo e de seu grupo político. A eleição de 2024, em que o PT vai tentar mais uma vez eleger o prefeito de Teresina (fato nunca conseguido pelo partido, cujo eleitor tende historicamente a rejeitar a sigla para o Executivo municipal), é a prova final. Será aprovado ou fica de recuperação?


100 dias de Lula

Aos que dizem que faltou uma marca ao Governo Lula em seus primeiros 100 dias, a coluna discorda. A marca de Lula – e não é pouca coisa - é reativar os programas do PT, descontinuados no governo Bolsonaro. O Governo Lula é de centro-esquerda, eleito numa coalização (não necessariamente governado por uma coalização, atentai bem!). Lula passou toda a campanha destacando e prometendo trazer de volta Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, etc. E assim o fez.


Lista de problemas

Só isso não basta, fato. Os desafios de Lula são muitos, a coluna enumera: aprovar o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária sem maiores desconfigurações no Congresso; solidificar uma base de apoio no Legislativo, que inexiste hoje; azeitar o discurso dos ministros, que falam demais e sem coordenação e criar novos programas de governo, antenados aos novos desafios que o Brasil enfrenta na economia.


Eu fico

O secretário de Meio Ambiente de Teresina, Luís André, disse à coluna que fica, ao contrário de informações que circularam sobre sua possível saída da pasta e indicação de um substituto. Há várias obras importantes na Semam, já aprovadas pelo prefeito, que começam nos próximos meses. Com ou sem queixas, o suplente de Luís André, vereador Zé Filho, permanecerá na Câmara de Teresina até segunda ordem.


Vai ter troco

Fonte próxima ao Palácio da Cidade confidenciou à coluna que aguarda com ansiedade os próximos dias na PMT. É que, segundo essa fonte, haverá retaliação silenciosa aos vereadores que estão segurando a votação do empréstimo pedido pela PMT e que precisa tramitar na Câmara. “Já tem uma lista com o nome dos 16 vereadores e já tem um deles que foi escalado para servir de exemplo”, relatou o político, sem dizer o nome do vereador que, segundo ele, “vai perder o que tem”.


Foto do dia

O registro do prefeito Dr.Pessoa com Ronney Lustosa em missa do domingo de Páscoa. O gestor da Prodater, conforme adiantou a coluna, tem estado bem próximo de Pessoa. Não há vácuo na política. Aliás, falando em Ronney, a questão sobre com quem ficará o comando do União Brasil segue posta. A tendência é que os apoiadores de Dr.Pessoa dentro do partido fiquem com o prefeito, mas não com a sigla. A conferir.


A frase para pensar

“O Congresso não perdoa quem está fraco”, Renato Casagrande (1960-), governador do Espírito Santo.

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