Coluna 09/06/23

A pedra no sapato de Franzé Silva para a PMT

Ter o diretório municipal do PT em Teresina não é suficiente para que o presidente da Assembleia Legislativa, Franzé Silva, seja escolhido candidato a prefeito da capital e o entorno do petista sabe disso. O que as fontes dizem e a coluna repassa: se Franzé não crescer pelo menos até alcançar dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto até agosto, será incompreensível e injustificável para o próprio PT e o eleitorado que ele seja escolhido em detrimento de Fábio Novo, que desde o início da pré-campanha é o petista com melhor desempenho nos levantamentos.

De cima pra baixo, não

A imposição do nome de Franzé via diretório não é viável porque terminaria vitimizando Fábio Novo e fazendo com que a candidatura do presidente da Alepi sofresse rejeição interna e, quiçá, externa. Ou Franzé cresce, ou não se viabiliza, simples. Se aumentar as intenções de voto quantitativas, mesmo que não alcance Fábio Novo, vai contra-argumentar que tem curva de ascendência, mais partidos do seu lado e que os critérios somados valem mais do que a pura e simples pesquisa quantitativa.

Ganha o mais forte

Por isso mesmo, Franzé vai fazer nesses próximos dois meses, duas ações: eventos maiores, no estilo caravana, para mostrar força política e tentar ficar conhecido pelo maior número de pessoas possível no mínimo de tempo viável. Ele estava focando em pequenas reuniões plenárias e isso já não funciona mais para quem corre contra o tempo. Mostrar força em política é importante, já força demais, não é bem vista. “O Franzé não vai matar e morrer para ser candidato, mas ele não está parado”, resumiu um presidente de partido aliado, em conversa com a coluna.

Prova

Prova da estratégia é a imagem abaixo, do apoio oficial do Partido da Mulher Brasileira a Franzé no mesmo dia em que Dr. Vinícius declinou para apoiar Fábio Novo. A sigla tem 22 suplentes de vereador do PTB filiados, ou seja, está com boa parte do espólio do desidratado PTB. Já são 40 pré-candidatos a vereador no PMB e como só podem ser 30, está sobrando gente. Esse time é coordenado pelo suplente de deputado estadual do MDB, Tiago Vasconcelos, que participou do evento como convidado (a reunião foi conduzida por Valter Brito), aliás, já que segue oficialmente filiado ao MDB e ajudando na construção das chapas do PSD, seu partido de origem.

Que dia a gente pode se encontrar?

Segundo ponto: Franzé vai tentar adesões de peso do PDT e do PSD/MDB. O presidente da Câmara, Enzo Samuel, o deputado federal Marcos Aurélio Sampaio e o vice-governador Themístocles Sampaio estão na mira. Um acordo de Franzé com Themístocles soa bem mais complicado pela maneira levemente crítica como Franzé assumiu a presidência da Alepi após a saída de Themístocles, é o que dizem políticos que entendem de Assembleia. Essas também são adesões que o deputado Fábio Novo vai atrás. Conversas já estão sendo marcadas. Os telefones não param de tocar.

Frente para segurar o PT

E como ficam Enzo e Marcos Aurélio? Aliados veem ponte para os dois se unirem numa frente que vocaliza a preocupação de outros nomes da base com o avanço do PT no Piauí: com a presidência da República, o Governo do Estado e a possibilidade de ter a Prefeitura de Teresina, como ficaria uma chapa do Governo para 2024? Rafael teria força para cacifar uma chapa pura? Um exemplo: Fonteles encabeçando, o secretário de Educação, Washington Bandeira, na vice e o de Segurança, Chico Lucas, no Senado é um cenário citado por mais de um nome da base, estilo distopia. 2024 passa por 2026 e vice-versa. O mundo político só pensa nisso e naquilo: uma eleição após a outra.

Muita calma nessa hora

Como tudo na vida, resolve-se um problema e automaticamente outro nasce mais na frente. O governador Rafael Fonteles já tem seu candidato, Fábio Novo, mas não poderá bater de frente com Franzé Silva, já que sendo ou não candidato a prefeito, Franzé é o dono da pauta na Assembleia e pode fazer a vida do governador, por mais popular que ele seja, bem mais complicada ao pautar ou deixar de pautar os projetos de interesse do Governo.

Carro na frente dos bois

O ex-prefeito Sílvio Mendes acha, e nisso a coluna concorda, que o pleito de 2024 está excessivamente antecipado em Teresina. Mas, com a antecipação sendo um fato dado, resta lidar com ela e com a possibilidade de que uma chapa majoritária se configure com ele e a deputada Bárbara do Firmino (Progressistas), a quem adversários (e aliados) apontam como dedicada, mas ainda inexperiente.

Quem está vivo, pode aprender

“Experiência se aprende, ninguém sabe tudo. Tem um instrumento chamado equipe. Quando eu era prefeito, toda segunda-feira a gente planejava Teresina e quando tomávamos uma decisão, era para ser cumprida”, respondeu Sílvio Mendes à coluna.

Caminho sem volta

Bárbara, que é médica formada recentemente, recebeu o seguinte conselho de Sílvio Mendes, ortopedista: “Para mim, é incompatível fazer medicina e política em cargo majoritário. Seu tempo é para servir os outros. Não é qualquer coisa. É uma decisão que mexe com você, sua família e não é uma decisão qualquer. Não pode ser prefeito sem pensar na eleição, que exaure você fisicamente, mentalmente”, argumentou Sílvio. Em resumo, e por interpretação da coluna: as escolhas políticas de hoje refletem bem mais do que nos próximos quatro anos. É um projeto de vida, de família e de futuro profissional também.

PMT ganha liminar contra Governo

A coluna antecipou há algumas semanas o impasse não apenas político, mas administrativo e financeiro entre PMT e Governo do Estado, que segue rendendo novos capítulos, agora com a decisão do Tribunal de Contas do Estado, favorável à PMT. Documento obtido pela coluna mostra que foram suspensos os critérios de cobrança do Governo sobre o ICMS municipal incidido nos índices da educação e saúde, o que impactava diretamente (e negativamente) os cofres da PMT. Ou seja, as mudanças aprovadas pelo Governo de Rafael Fonteles faziam com que a Prefeitura de Dr.Pessoa arrecadasse menos. Foram pra Justiça ver quem tinha razão na queixa. Liminar obtida, o Estado tem dez dias para cumprir e a PMT respira aliviada, apenas por ora.

Retóricas em competição pelo voto

Quando falamos de estratégia de Comunicação em política, nada é simples, mas a coluna tenta a inglória missão de simplificar o nó. O candidato da situação, do grupo político que está no poder, deve apresentar a realidade como boa em suas falas e apontar para o horizonte de que ela vai melhorar se ele continuar no poder. Hoje está bom, vote em mim e amanhã vai melhorar, basicamente.

Garantidor do mundo futuro

A oposição precisa fazer o contrário: o mundo atual é ruim e vai ficar bom no futuro, se vencerem nas urnas. Ganha a eleição quem se configurar como o garantidor de um futuro melhor. A disputa é sobre a interpretação dominante do mundo em que se vive e uma série de estruturas psicológicas e de imagem são movidas com esse intuito. Tudo depende da credibilidade que cada garantidor do mundo futuro transmite. Rapadura é doce, mas não é mole não.

Embaixador do Bolsa Família

Registro do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, em Brasília, com a rainha dos Países Baixos, Máxima Zorreguieta. Trataram sobre os projetos de inclusão socioeconômica no Brasil e como eles podem ser replicados em outros países em desenvolvimento. Ainda nesta semana, Wellington esteve em Buenos Aires levando as experiências sociais do Brasil para países do Mercosul. A ideia é levar o Bolsa Família como mote para ser replicado em outros países. O programa de redistribuição de renda, como já foi provado por vários estudos em Políticas Públicas, efetivamente contribui para diminuir a desigualdade social. Merece o reconhecimento.

A foto do dia

Os irmãos Solano podem se dividir na eleição municipal de Teresina: Maurício, postou foto com Franzé Silva, no mesmo dia, o suplente de vereador Décio Solano apareceu com o governador Rafael Fonteles (o que sinaliza apoio a Fábio Novo). Merlong, mantém o nome posto e começou a fazer mais agendas em Teresina. Eles representam corrente importante no diretório municipal de Teresina e são esses votos que garantem que o PT bata o martelo em quem vai disputar a PMT em 2024. A conferir.

Para ler, ver e ouvir

E se a União Soviética tivesse chegado na Lua antes dos Estados Unidos? A série “For all mankind” (Apple TV) discorre sobre esse cenário hipotético da corrida espacial e avança com uma fiel reconstituição histórica que vai da década de 60 aos anos 90, em que John Lennon não morreu, os Beatles seguem tocando e a sociedade é mais inclusiva. Estados Unidos e União Soviética vivem ainda em Guerra Fria, mas a meta é pousar em Marte antes da virada do milênio. Tem muita ficção científica, para quem gosta (a coluna é uma delas), mesclada a comentário social. Boa forma de passar o tempo!