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Coluna 21/06/23

Não chamem Enzo Samuel e Admilson Lustosa para a mesma mesa

A relação entre o presidente da Câmara, Enzo Samuel, e o secretário de Finanças, Admilson Lustosa, precisaria melhorar muito antes de ser considerada ruim. Fontes com acesso aos dois Poderes atestam que os dois não se encontram há mais de dois meses e, reflexo disso, está na votação do reajuste salarial de categorias profissionais do município na terça-feira (20). Admilson, por sua vez, está cada vez mais forte politicamente no Palácio da Cidade. A forte pressão das categorias para serem incluídas no aumento teve efeito sobre os vereadores e um dedo (ou a mão) de Enzo Samuel na articulação. Na avaliação de interlocutores do Legislativo, o presidente da Câmara deu um recado nada velado sobre o poder de agenda, em especial de temas sensíveis ao Executivo. Entendedores entenderam.


Faz o que quer

Um vereador (por incrível que pareça) da base, acredita que os “sustos” na articulação entre a Prefeitura de Teresina e a Câmara Municipal em votações como essa de reajustes salariais, que impactam diretamente nos cofres do município, se deve a um outro motivo: critério. Ele citou dois colegas como exemplo – um vereador e uma vereadora – que exemplificam o que seria o problema.


Castas

 “Tem vereador que está na base hoje e falta quando quer e vota como quer e é quem mais tem as coisas na prefeitura. A prefeitura não mete a caneta em ninguém. Tinha que pegar dois pra Cristo e tirar tudo, dividir com os que não têm. Duvido que iam fazer graça”, sugeriu o parlamentar. A coluna não é de dar ideia, mas faz o registro, quem sabe...


Sinais de fogo

Conclusões sobre Sílvio Mendes no comando do União Brasil: do seu jeito, o ex-prefeito de Teresina demonstra estar vestido com o uniforme de candidato a prefeito, pronto para ser escalado. Análise de um ex-tucano, altamente graduado: “Sim, a vontade dele é ser candidato no corpo todo. Mas vai ficar na dele, calado. Não tem, nesse momento, como competir com os Palácios (Karnak e Cidade)”. Faz sentido.


Sem mover uma palha

Enquanto está todo mundo suando para conseguir subir ao menos um ponto nas ingratas pesquisas de intenção de voto, Sílvio Mendes aparece em diversos cenários com posição mais do que confortável. Alguns argumentam que no decorrer da campanha, com a desconstrução de imagem na eleição, ele diminuirá o capital eleitoral. Mesmo assim, o fato intriga os neófitos em política. Os “macacos velhos”, no entanto, sabem que um princípio básico do marketing e do posicionamento explica a questão: a batalha pela legitimidade.


Tudo ou nada

Ex-prefeito por oito anos, ex-secretário de Firmino Filho, recém-saído de uma campanha para o Governo do Estado em que figurou por muitos meses na liderança, Sílvio conquistou um conceito na cabeça do eleitor: não haverá grandes surpresas caso Sílvio seja eleito. E o eleitor, caso busque previsibilidade, considera essa uma escolha atraente: segurança, é isso que Sílvio significa. Os aspirantes a desbancar Mendes, precisam se cacifar em algo que o ex-tucano já projeta bem: alta visibilidade e confiabilidade. 


Era do Gelo

A maior reticência que Sílvio enfrenta é do próprio mundo político (inclusive de partidários), que considera o ex-prefeito duro demais no trato com aliados e prevê uma gestão com bem menos (e bote menos) espaço do que há hoje com Dr. Pessoa, em caso de sucesso nas urnas. Eleição é fazer política, com os de casa e os de fora. E em casa, sempre há as próprias rinhas. 


Só cabem dois e mais ninguém

Eleição é uma corrida de dois jogadores, uma luta titânica em um palco em que só cabem dois: o líder e o segundo colocado que visa desbancar o líder. O consagrado e o iniciante, quase sempre. O terceiro lugar em política é um lugar difícil mas, quando não há um número 2 definido, muita coisa pode ser feita para virar a mesa, a depender da habilidade dos contendores. Os ingredientes estão expostos na bancada. Só falta acender o fogo.


Congelamento de adesões

Há um freio na onda de adesões de peso esperadas tanto para Franzé Silva como para Fábio Novo. No caso de Franzé, ele já havia antecipado a maior parte das alianças disponíveis com antecedência. Somado a isso, os nomes com maior relevância no mundo político estão com as barbas de molho, sem querer confronto direto com o Palácio de Karnak. Todo mundo em compasso de espera. O problema de Fábio Novo, é outro.


Cumprir acordos ou não cumprir acordos, eis a questão

No caso de Fábio Novo, a questão é que vereadores, suplentes e deputados que fecharam com Franzé Silva estão sendo convidados pelo Karnak a mudar de lado. O problema é que já empenharam a palavra, fizeram eventos e estão amarradíssimos, por assim dizer, com Franzé. Como a moeda da política é a palavra, mesmo que queiram seguir com Fábio Novo, estão pelo menos pedindo um tempo para fazer a transição.  Complexo.


Bicho de sete cabeças

Uma das zonas de conflito que permanece inflamada na questão eleitoral em Teresina é expressa pelo que falou à coluna um político, sob reserva: “Se o PT ganhar em Teresina, como já tem a presidência da República e o Governo do Estado, a gente não tem pra onde espernear. É aguentar calado”. Políticos gostam de ter opções.


Achismos

Um cardeal petista acha que vai acontecer o seguinte: Franzé Silva é escolhido pelo diretório municipal de Teresina como candidato a prefeito pelo PT, alguém recorre para o diretório estadual, que pode confirmar Franzé ou Fábio Novo e no final, o B.O. sobe para o diretório nacional decidir: “Aí no nacional podem escolher um novo completamente diferente”. A coluna achou a teoria bem estilo “Black Mirror” de ficção política, mas por via das dúvidas, é prudente não ignorar essa coisa maravilhosa chamada informação.


Foto do dia

Como já disse o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Sepúlveda Pertence, o Supremo é um arquipélago de onze ilhas. O futuro ministro do Supremo Tribunal Federal até 2050: Cristiano Zanin, sabatinado hoje no Senado Federal e, ao que tudo indica, aprovado, é a nova ilha dessa geografia de pesos e contrapesos do Estado brasileiro. A demora no tempo da sabatina, a acidez das perguntas, tudo isso pode ser sinal de força ou fraqueza. Não do candidato, mas sim do indicador, no caso, o presidente Lula. Vale lembrar os longos meses que André Mendonça teve que esperar para ser sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça presidida por Davi Alcolumbre no governo Bolsonaro. Além de Zanin, Lula vai indicar o sucessor (ou sucessora), de Rosa Weber e, talvez, de Luís Roberto Barroso, caso o ministro antecipe a aposentadoria. O presidente do Senado, Rodrigo Pachêco e o ministro da Justiça, Flávio Dino, estão na lista de possibilidades. Uma nova orquestra certamente tocará um som diferente.


Frase para pensar 

“A cabeça do Magalhães funciona como um terreno baldio, onde há sempre alguém atirando alguma sujeira”, Tancredo Neves (1910-1985), quando lhe disseram que seu adversário, Magalhães Pinto, estava conspirando com militares radicais, nos anos 1980.

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