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Coluna 14/08/23

O recado de Bárbara, a ausência de Sílvio: bastidores da reunião das oposições

Não adianta, o assunto do final de semana foi mesmo a reunião das oposições na casa do senador Ciro Nogueira em Teresina. Todos esperavam ele, o ex-prefeito Sílvio Mendes, que não foi justificando uma viagem pessoal já marcada. O pessoal se chateou com ausência do nome com maior capital eleitoral do grupo, mas considerou que “ele é assim mesmo”, denotando a personalidade mais forte e já conhecida, por assim dizer, do ex-prefeito. "Não custava nada ele ter ido, a Bárbara também tinha reunião e desmarcou", disse uma fonte.


Vermelhou

O que causou mesmo foi a deputada Bárbara do Firmino (Progressistas), aparecer com nada mais, nada menos, do que uma camisa vermelha de cor intensa. A cor do Progressistas é azul (todos estavam de azul e variações), a cor do PT e das esquerdas, historicamente, é o vermelho. Para um dos presentes, o fato deve ser minimizado pois a deputada “nem se tocou” ao escolher a roupa. Já outro parlamentar, acredita que a cor foi claramente um recado de insatisfação de Bárbara com o tratamento que vem recebendo dos próprios colegas, que não estariam dando o suporte necessário para que sua pré-candidatura fosse trabalhada. Com a conclusão, o leitor...


Elogio velado

Na reunião, também ficou claro que a oposição trabalha vários cenários, todos tendo Fábio Novo como candidato do PT em Teresina. Ninguém nem se estendeu sobre o presidente da Assembleia Legislativa, Franzé Silva, a quem admitem que tem se movimentado bem, mas não o suficiente para fazer frente à clara predileção do governador por Novo. “O Ciro sabe da força e inteligência do Rafael, ele admitiu isso lá só internamente, claro, que o Governo é capaz de ganhar Teresina, por isso precisam estar unidos Sílvio e Bárbara”, relatou, em reserva, à coluna um interlocutor que participou do encontro.


Olhe pra nós

Para alguns oposicionistas, Ciro Nogueira deveria estar mais presente no Piauí, diminuindo um pouco sua atenção à agenda nacional e costurando a vitória do projeto oposicionista após duas derrotas majoritárias, em 2020 em Teresina e em 2022 no estado. Outros, no entanto, defendem, discretamente, que é melhor que o senador fique operando apenas nos bastidores, já que a associação dele ao nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, é como água e óleo: inconciliável no Nordeste.


Que tal escolher só ano que vem?

“Eu acho que iremos fazer encontros zonais. Penso que com a participação mais ativa dos candidatos, em especial do Dr Silvio... Ele tem que andar, não pode cometer os erros de 2022”, admitiu outra fonte com mandato presente no encontro na casa de Ciro Nogueira. “Há uma certa ansiedade para definição do nome, eu penso, assim como mais alguns, que devemos protelar para o próximo ano”, completou a fonte, admitindo a falta de consenso interno, mas ponderando um contraponto: “Até porque os nossos dois nomes têm uma partida muito maior que os outros”. Isso também é verdade.


Bancada do Rafael

O governador Rafael Fonteles afirmou, segundo interlocutores presentes na última reunião com a bancada estadual na semana passada, que nenhum secretário de sua gestão disputaria uma cadeira na Assembleia Legislativa em 2026. Não ficou claro para os presentes se a determinação englobaria alguns potenciais candidatos a vereador de Teresina. 


Já tem até nome

A turma do PT já especula nomes de uma “bancada do Rafael” (palavras deles) na Câmara de Teresina. O mais citado é o secretário de Administração, Samuel Nascimento, que vem a ser também irmão do deputado Dr. Vinícius (PT), que declinou da própria pré-candidatura a prefeito para apoiar Fábio Novo na capital.


Olha, depende

A coluna ouviu três petistas sobre o tema. Petista 1: “Pode ser parte do projeto do governador ter uma bancada de Rafaboys. Agora, de vereadores, em 26, de federais e estaduais”. Petista 2: “Zero, governador não quer secretários em eleição”. Petista 3: “Na lei do Rafael não poderia, mas creio que sim”. A conclusão, como sempre, fica a cargo do leitor, a coluna é só a mensageira. 


Encurtar caminhos

Por que é tão importante eleger vereadores de Teresina? Além do óbvio, que é a projeção estadual que os parlamentares da capital possuem, esses nomes têm na Câmara de Vereadores um trampolim para alcançarem outros espaços de relevo na política local, seja uma cadeira de deputado estadual (vide Jeová Alencar), seja a própria cadeira de prefeito (o ex-prefeito Firmino Filho retornou à vereança após perder uma eleição estadual antes de se reeleger deputado e novamente prefeito). Todos querem.


Sobe e desce

Termômetro atualizado das mudanças em Brasília aponta para a manutenção de Wellington Dias no ministério do Desenvolvimento Social. Mesmo que ocorram mudanças no MDS no futuro, a perspectiva é de que a pasta permaneça com o PT. Já na Caixa Econômica Federal, mais certa ainda é a nomeação de Margarete Coelho, já que além de ser indicada por Arthur Lira, presidente da Câmara, sua saída da diretoria nacional do Sebrae abriria espaço para um petista ocupar o espaço. Lula deve fechar as mudanças até a próxima semana e, como de praxe, no final do ano projetar uma reforma ainda maior, avaliando o desempenho de cada ministro.


Foto do dia

Não é uma foto, são as fotos de alguns dos principais políticos piauienses com seus respectivos filhos, filhas e pais em comemoração ao Dia dos Pais. A vida na política não é para amadores (apesar de alguns penetras, vamos admitir). São compromissos seguidos, sem pausa para respirar, viagens constantes e muita exposição da vida pessoal. Alguns filhos de políticos, por conta de todos os motivos elencados, querem distância da vida pública. Outros, justamente pela convivência próxima, também enveredam naturalmente no caminho da política. 


A frase para pensar

“Pior que o canalha é o burro, porque o canalha nem todo dia é canalha, mas o burro é burro sempre”, Fernando Henrique Cardoso (1931), ex-presidente da República, em 2015, citando seu velho professor Camargo, da Politécnica da Usp.