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Coluna 10/11/23

Apostas atualizadas na sucessão em Teresina

 

A política é uma mesa de apostas e o ingresso para sentar e ter voz é ter um partido ou uma candidatura majoritária. Isso explica por que, cada vez mais, parece provável que o MDB lance o médico Paulo Márcio a prefeito (à revelia de 80% dos deputados, que seja) e o PSDB banque a candidatura de Luciano Nunes para defender o legado do partido em Teresina e ter espaço no segundo turno. No caso de Luciano, está claro que a chapa de oposição será, das duas uma: Sílvio Mendes e Jeová Alencar (ou vice-versa) ou Sílvio e Ismael Silva (ou vice-versa). Ou Luciano se lança ou fica como espectador.

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Só estão adiando

 

Nem todos concordam. “Vão apenas adiar uma decisão inevitável”, criticou um petista a respeito da estratégia dos tucanos e do MDB de lançarem candidatos próprios. Do lado de Fábio Novo, a aposta é outra: não precisar negociar no segundo turno. Para tanto, a meta é liquidar a fatura ainda no primeiro turno. Por outro lado, ex-aliados do vereador Jeová Alencar acreditam que é muito difícil que ele rompa com a PMT para bancar uma candidatura própria, considerando os expressivos espaços que ocupa na gestão municipal. "Ele tem coragem, isso não se pode negar, mas para abrir mão de tudo que tem, é outra história", frisou um nome que já foi proximo a Jeová. É pagar para ver.

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Cartas na mesa

 

Com o PSD esperando apenas para oficializar o apoio a Fábio Novo - o que deve ocorrer nas próximas semanas, é fato que o grupo irá cindido, afinal, o deputado federal Marcos Aurélio Sampaio deve seguir na contramão da legenda e ficar com o candidato defendido pelo pai, Paulo Márcio. No caso do MDB, tudo passa por 2026 e o fato de que o vice-governador, Themistocles Sampaio, sabe que a cadeira da sucessão de Rafael Fonteles envolve quem estará sentado na vice até 2030. É um jogo de apostas: só leva quem aposta alto e está disposto a pagar o preço. Winner takes all (o vencedor leva tudo)!

 

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Blocão são eles!

 

“Aqui não tem blocão. O blocão quem tem é outro candidato. Estando trabalhando com olhar administrativo, focados na capital. Alguns simpatizantes estão nos procura para trabalhar por Teresina dentro ou fora do Republicanos”, afirmou em mensagem à coluna o prefeito Dr.Pessoa, no registro, acompanhando o programa “Jornal do Piauí”, da TV Cidade Verde. Pergunta singela: quem é o “outro candidato” que o prefeito se referiu? Considerando que a oposição, representada por Sílvio Mendes, praticamente segue com dois partidos (Progressistas e União Brasil, já que o PSDB é uma incógnita), não é o que se pode necessariamente chamar de “blocão”. Outra coisa: “dentro ou fora do Republicanos”, seria o equivalente a “com esse partido ou ou com outro, doa a quem doer”? 

 

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Você está aprovado para ser meu estadual

 

No mínimo peculiar o modo como o vereador Luís André resolveu trocar de candidato a deputado estadual. Sai Pablo Santos (MDB) e entra Tiago Vasconcelos (MDB). Luís André chamou Tiago em sua residência no final de semana e fez uma sabatina com o coordenador da Coordenadoria de Enfrentamento as Drogas e Fomento ao Lazer (Cendfol), junto ao pai, o irmão e a mãe. Tiago foi aprovado após uma série de perguntas capciosas. Pablo e Luís são amigos e seguem sendo, no entanto, amizade é uma coisa e política é outra. Com Pablo focado em sua eleição para a prefeitura de Picos, Luís André sentiu falta de uma maior atenção e com a Cendfol bombando em ações, foi um pulo para a nova amizade com Tiago Vasconcelos. Deu liga.

 

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Pessoinha na costura 

 

Os dois são advogados, jovens e alinhados em pautas progressistas. A dupla têm encontrado mais pontos em comum na busca por algum tipo de governabilidade entre o Palácio da Cidade e a Câmara de Teresina. Parece impossível, mas a coluna apurou que não é improvável. São eles: Enzo Samuel, presidente da CMT, e João Duarte, o Pessoinha, presidente da Eturb e, na prática, secretário informal de quase tudo na PMT. No meio do impasse para indicção de membros na comissão de Finanças da PMT, que é o local onde começa a tramitar o Orçamento de 2024 do município, Pessoinha e Enzo tiveram uma conversa para acalmar os ânimos, conforme apurou a coluna. Há a percepção de que a PMT não deve brigar para ter maioria em comissões, seria como enxugar gelo, e sim no plenário, que é onde tudo se decide. Pessoinha tenta, de maneira discreta, se cacifar como novo articulador político do Palácio e Enzo equilibra-se para dar voz aos vereadores que acumulam uma lista interminável de queixas. 

 

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Saudade daquela época

 

Três jovens políticos que jantavam na quinta-feira a noite em um badalado restaurante na zona Leste de Teresina lembravam saudosamente dos tempos de formação de chapa comandados pelo ex-prefeito Firmino Filho. “Ele sabia dar o espaço de cada um, principalmente de quem não tinha mandato. Sem essas lideranças, não tem cauda estável para escalar a chapa, não adianta”. O próprio Firmino, segundo eles, era quem montava o xadrez de divisão de espaços, em especial para os suplentes de 1000 a 1500 votos. “Era o melhor dos mundos”.

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Sem data, por garantia

 

O fato é que ninguém está se filiando em partidos, a maior parte das movimentações anunciadas como filiações são, na verdade, promessas. Vai na fé. “E os presidentes de partidos ainda não colocam a data da filiação em quem assina a ficha para segurar os candidatos”. A coluna soube, assim por alto, que há possibilidades de que o vereador Antônio José Lira, líder do prefeito Dr.Pessoa na Câmara de Teresina, vá para o Democracia Cristã, comandado pelo vereador Roberval Queiroz. Tanto Roberval como Lira são ligadíssimos ao deputado Jeová Alencar, mas nesse caso, os dois pesos-pesados se enfrentam diretamente na disputa de voto. Uma chapa explosiva.

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Ilustre Leitor

 

Quando você tem quatro filhos em idade escolar, e é vereador de Teresina, seria surpreendente ainda ter ânimo para começar uma nova graduação no turno da noite, não é? Depende. Se você for o vereador Deolindo Moura, a resposta é “não”. Além de estar envolvido em todas as decisões que envolvem a tramitação de projetos importantes na Câmara de Teresina, sendo aliado de primeira hora do presidente, Enzo Samuel, Deolindo agora é acadêmico de Psicologia. E haja Freud para entender a cabeça dos políticos! Mas Deolindo Moura, se dedica e tem sido sempre citado nas rodinhas do Palácio da Cidade como um nome aguerrido, cuja verve ganha pontos de atenção. Ligado politicamente à ex-deputada Rejane Dias, defende pautas inclusivas na Câmara e faz política 24h, sete dias por semana, sem férias. No meio da vida incansável, parou dois minutinhos para ler a coluna, fato pelo qual agradecemos a audiência ilustre. 

 

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Se conselho fosse bom

 

O ideal é, sempre que possível, ficar longe de pessoas perigosamente irracionais, que só operam no caos. Mas você, por outro lado, deve esporadicamente demonstrar lampejos de imprevisibilidade - no seu caso, tudo isso é planejado sob rígido controle. Quando todos querem o conforto e o previsível, faça a jogada ousada que vai tirar o tapete debaixo dos pés dos seus inimigos. Mantenha a roda girando e evite ser transparente demais, pois revelar tudo que pensa aos outros é inútil e só lhe desvaloriza.  O conhecido se torna comum, depois banal e, por fim, é desrespeitado. Só há atenção e interesse naquilo que desconhecemos. O inesperado é e sempre será o mais valorizado.

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Cifrada da Saúde Mental

 

A coluna encontrou dia desses um deputado estadual que trabalha para formar uma chapa de vereadores em Teresina. Questionado por que não aceitaria filiar um ex-vereador que sempre tem votos, o político negou enfaticamente a possibilidade. A coluna não entendeu nada, afinal, todo mundo quer votos, é ou não é? “Nunca mais. Ele prejudica tua saúde mental”. Mas o que houve? O deputado explicou: “Ele já me apoiou uma vez. Fiquei devendo R$ 100 mil de acordo de campanha. Ele mandou três pessoas para minha casa no final de semana para cobrar. Eram três mulheres, que passaram dois dias chorando e dizendo que só iam embora quando eu pagasse o valor para elas levarem para a comunidade delas. Enfim, paguei. Uma semana depois, vi ele e a família toda postando  foto na Copa do Mundo”. Realmente…

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Para ler, ver e ouvir

 

A colunista tem um defeito (dentre vários, mas isso não vem ao caso): assiste toda e qualquer obra cinematográfica que tem como pano de fundo o período da II Guerra Mundial. Naturalmente, algumas bombas em meio a pérolas. Falemos das pérolas. A adaptação do livro de Anthony Doerr, “Toda Luz que Não Podemos Ver”(Netflix), em uma minissérie de ficção histórica com quatro capítulos, é tudo que o leitor precisa para viajar, com qualidade, sem sair de casa no final de semana. Tudo acontece na bela e histórica cidade de Saint-Malo, na França, onde uma menina cega, Marie-Laure LeBlanc (a atriz Aria Mia Loberti realmente não enxerga), foge com o pai Daniel (Mark Ruffalo), enquanto as forças nazistas avançam. O rádio é uma figura central na história, sendo essencial tanto para as propagandas hitleristas, assim como símbolo de resistência e enfrentamento da escuridão através da busca pela verdade. Com elementos reais em meio a fantasia, a obra tem pílulas de emoção e humanidade com uma bela fotografia.

 

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Foto do dia

 

Um ano na política, equivale a 100 anos. Em 2022, o Progressistas estava com Jair Bolsonaro. Em 2023, está com tudo dentro de posições-chave do Governo Lula. Se o presidente Lula não esteve presente, quem prestigiou a posse do novo presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio Vieira, foram os deputados federais Júlio Arcoverde e Átila Filho.  Júlio não poupou elogios a Carlos Antônio Vieira, ressaltando sua experiência como um trunfo para liderar a Caixa no lugar da petista Rita Serrano. "Estou certo de que, com sua habilidade e compromisso, Carlos continuará a conduzir a Caixa de forma exemplar, sempre buscando o melhor para a instituição e para a sociedade brasileira", afirmou Arcoverde, que segue atento às movimentações para concretizar a federação entre Progressistas e Republicanos ainda esse ano. Ele e o senador Ciro Nogueira são defensores dessa tese. Tudo passa também pela sucessão de Arthur Lira na presidência da Câmara dos Deputados em 2025 e com o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, trabalhando forte para suceder Lira. A conferir. 

 

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A frase para pensar

 

“O burro do duque de Saxe assistiu a mais de cem batalhas e continuou sendo burro”, Joseph Veller, major da Missão Militar Francesa, quando lhe sugeriram que, apesar dos erros, um colega “poderia aprender com a experiência”.