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Coluna 12/12/23

Os bastidores por trás do racha do MDB na sucessão em Teresina

Era uma vez mais uma daquelas reuniões semanais do MDB estadual, na última segunda-feira, 11. A única novidade foi que uma abelhinha enviada pela coluna esteve presente no encontro. Dessa forma, além dos deputados do MDB, o leitor saberá o que foi tratado lá. Conversas à portas fechadas são sempre interessantes. Spoiler: pegou fogo o assunto sucessão em Teresina, revelando tendências e rachaduras no MDB com reflexos para 2024 e 2026. 

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Eles querem tudo

Comecemos pelo começo. Um jovem deputado, um ex-deputado experiente e um vereador conhecido bateram o pé em uníssono: “Agora vamos entregar mesmo tudo pro PT? Vão engolir a gente, passar por cima”, questionaram sobre a possibilidade de declinarem da pré-candidatura do médico Paulo Márcio para apoiarem Fábio Novo para a prefeitura de Teresina. Foram minoria, mas não se deixaram abater.

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Goela abaixo, não!

Toda ação tem reação. Um deputado sem papas na língua e que não tolera o pré-candidato a prefeito do MDB (por motivos de disputas regionais), refutou: “A eleição vai polarizar, mesmo que um terceiro chegue a dois dígitos, vai terminar minguando”. “Querem tirar o candidato do bolso e enfiar na gente goela abaixo. Os deputados mais votados em Teresina nem foram ouvidos”, reclamou outro deputado, obviamente bem votado em Teresina. Uma parlamentar entrou na conversa e foi direta: como fica a chapa do MDB em Teresina?

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Pois me tirem

“Quem vai bancar a formação da chapa proporcional do MDB? Se tiver candidato próprio, o Governo não vai ajudar”, argumentou a parlamentar, que acrescentou a possibilidade de sair do MDB se o impasse continuar: “Se quiserem me tirar do partido, tirem”. Os colegas minimizaram: “Que é isso? Ninguém quer lhe tirar não”. Calma...

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Concordo com todos

O senador Marcelo Castro comandava a reunião, com ares de magistrado. “Começou querendo defender a ideia do Themístocles da candidatura própria e do meio para o fim silenciou. Foi as três posições na reunião”, relatou um dos participantes aos ouvidos da curiosa abelhinha.

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Vamos falar a verdade?

Foi preciso um deputado que está meio desligado das coisas em Teresina, jogar limpo: “Gente, a verdade é que Teresina antecipa a eleição de 2026. Tenho carinho pelo vice-governador, foi nosso presidente, tratou todos nós muito bem. Aparentemente ele pode ficar fora do processo de 26, o PT deve fazer chapa pura, uma vaga de senador é do Marcelo (Castro) e a outra é disputada pelo Júlio César e Flávio Nogueira. Ele também não poderia ir pro TCE por causa da idade, se quisesse”, ponderou.

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... e fim

Todos acompanharam o raciocínio atentamente: “Não vale a pena esticar a corda com governador (Rafael Fonteles). Defendo que tome uma decisão em dezembro, mas se for pra entregar a candidatura, já senta pra saber o que fazer pelo nosso eterno presidente em 2026”, completou o político. A turma fez que concordou e a reunião chegou ao fim. Desdobramentos? A abelhinha teve que ir embora e não pegou essa parte...

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Depende

Está em compasso de espera a decisão sobre o reajuste do IPTU em Teresina. A Prefeitura aguarda a decisão do TCE-PI, segundo apurado pela coluna com uma fonte tomadora de decisões. “Vamos ver se vai determinar ou recomendar o reajuste. Sai qualquer hora (a decisão)”. O cadastro da PMT está atrasado há 20 anos, o que configuraria renúncia de receita, segundo a fonte. Mas esse, como se sabe, não é um problema técnico. É político.

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A gente não aceita ele

Uma intensa troca de nomes tem movimentado as chapas proporcionais do Democracia Cristã (DC), comandada pelo vereador Roberval Queiroz, e uma segunda chapa organizada pelo vereador Antônio José Lira, possivelmente no PRTB. “Todos querem ir para a chapa do AJL porque acham que lá têm mais chances. Seria com nomes como o Sérgio Bandeira e Paulo Roberto da Iluminação”, revelou uma fonte nada satisfeita. O motivo da queixa, alegou o vereador ouvido pela coluna, é o fato de considerarem Paulo Roberto o nome mais competitivo: “Vai ter contra-ataque. Não vamos aceitar eleger o Paulo Roberto”. Então tá bom. 

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Aqui mesmo não

Falando em formação de chapa, um partido médio na base governista, aliado a Fábio Novo, foi sondado para saber se aceitava filiar esses três pesos pesados na eleição de Teresina: o vereador Gustavo de Carvalho, o suplente Daniel Carvalho (filho da deputada Ana Paula) e a ex-deputada Lucy Soares. Resposta: hoje não, passe amanhã. 

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Me tira fora dessa

A respeito da coluna de ontem, com a lista de prováveis chapas no Palácio da Cidade, fonte ligada ao vereador Joaquim Caldas, pede que o nome dele seja retirado da chapa do Republicanos. E vai para onde? “Até mesmo ficar no MDB, mas pro Republicanos, não”, resumiu o emissário. Anotado.

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Se conselho fosse bom

Política é a arte de promover seus próprios interesses enquanto dá a impressão de que você está promovendo o interesse dos outros. É sobre promover aqueles que apoiam você e jogar no ostracismo os que se opõem a você. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o objetivo dos vencedores no campo político não é ganhar dinheiro: é obter autoridade e controle. Quanto mais autoridade você tem, menos os outros podem impactar você. Se você não tem nada a oferecer hoje, seu valor está no valor futuro percebido. Aposte nisso.

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Cifrada da água benta

Um político relatou estar preocupado com o estado de um colega, que durante uma sessão olhou para ele e perguntou: “Meu filho, qual é o seu nome mesmo?”. O político, atônito, decidiu se levantar e buscar uma água ao colega, que apesar dos problemas enfrentados, disputará uma eleição em breve. 

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Foto do dia

Ainda integrando a chapa do PSD, o suplente de vereador Júnior Macêdo realizou uma confraternização bastante movimentada em Teresina. Aliás, as confras desse final de ano têm sido sim um termômetro da força e popularidade de alguns políticos, não dá para negar. A chapa do PSD segue sendo montada. A coluna apurou que Júnior Macêdo foi sondado para integrar uma chapa média que deve eleger pelo menos dois vereadores em Teresina. Por ora, segue onde está. No registro, com o deputado federal Marcos Aurélio Sampaio, que o apoia em Teresina.

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A frase para pensar

“Em política, o tempo não perdoa quem não souber trabalhar com ele”, Ulysses Guimarães (1916-1992), político.