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Coluna 25/01/24

Chico Lucas: um perfil

O celular do secretário estadual de Segurança Pública, Chico Lucas, está lotado de mensagens, que os metódicos podem organizar em três tipos de demandas: pessoas em busca do tempo dele, de recursos ou emprego. Às vezes, dos três. Chico é político, mas não é. Dos secretários de Rafael Fonteles no Governo Estadual, é o mais popular, como apontam as pesquisas internas da gestão. Tem certo um ar de quem não liga para o poder – como demonstra o seu perfil de Instagram, desatualizado e com uma foto antiga – mas, mesmo assim, está inegavelmente no centro dele. A água só corre para o mar. E as atenções do futuro na política do Piauí deságuam em Chico: pode ser ele, láaaaaa na frente, o candidato a sucessor de Rafael?


Ligado no Twitter

Se todos os secretários de Rafael foram orientados a usar bem as redes sociais pelo chefe (que faz ele próprio, bom uso), Chico Lucas seguiu, mas do seu jeito. Checa o Twitter várias vezes ao dia, onde entrou em 2009. Faz mais reposts, mas na aba de curtidas, nota-se que acompanha atentamente os articulistas da esquerda. No Instagram, escolheu ser menos ativo. Nas TVs locais e nos programas policiais que chamam a audiência das classes D e E, é visto com frequência explicando operações e ações da SSP. Acompanha os formadores de opinião, mas optou por falar às massas. Nada disso é por acaso.


Para não ofuscar Fábio Novo

Em meio a nuvem de especulações e questionamentos que rondaram a escolha de Fábio Novo como o pré-candidato a prefeito do PT, o nome de Chico Lucas era uma sombra potente. Fábio poderia ser trocado se não decolasse? Chico era o plano C que poderia virar A? Optando por ficar mais off, o secretário de Segurança deixou os boatos morrerem por inanição, afinal, que candidato a alguma coisa é discreto? Chico matou na raiz e deixou Fábio se viabilizar. Agora é história.


Hiperfoco

Chico Lucas diz que não é estudioso, mas os fatos o contradizem. Passeia por inteligência artificial e psicologia social. É forte em raciocínio lógico e leu recentemente o livro de Antônio Damásio, neurocientista português, “Sentir e Saber”, sobre as origens da consciência. É bom mesmo, não em ler livros, mas sim pesquisas - a arte de decifrar tabelas e dados. Por isso mesmo, é apaixonado pela área de regularização fundiária, sempre ouvido nas questões que envolvem a temática.


Fora da curva 

Foi presidente do Instituto de Terras do Piauí (Interpi) no governo Wellington Dias, coordenou a campanha de Rafael Fonteles a governador. Mas também trabalhou como policial rodoviário federal por cinco anos. Passou no curso de Medicina aos 16 anos, mas quis fazer Direito. Foi pai aos 18 anos. Hoje, tem mais duas filhas pequenas. É petista de carteirinha, raiz, do PT antigo, mas inegavelmente também é do Novo PT, da nova geração que chegou ao Palácio de Karnak. Tem um pé lá e outro cá.


Só isso importa

Aos amigos mais próximos, dá a impressão de estar obstinado e obcecado com a questão da segurança pública. Só pensa e só fala disso. É como um hiperfoco, termo usado para descrever o estado de concentração intensa e sustentada de uma pessoa por uma tarefa ou um conjunto de estímulos específicos, como um estado de absorção completo. Não por acaso, essa é a parte mais delicada na percepção dos piauienses quando apontam as áreas críticas do Estado. Em nenhum lugar do mundo deixará de ter crimes. Mas eles precisam estar em níveis civilizadamente aceitáveis. Uma missão espinhosa em uma bandeira que a esquerda ainda não encontrou sua voz.


Turma do barulho

Antes de estudar no Instituto Dom Barreto com Rafael, passou pelo Anglo, escola tradicional em Teresina na década de 90. A rede de amizades, que se estende até hoje, veio daí. No Anglo, fazia a oitava série enquanto o atual coordenador da Coordenadoria de Enfrentamento às Drogas e Fomento ao Lazer, Tiago Vasconcelos, fazia o primeiro ano. Tiago era conhecido como “Vovô” por causa dos cabelos já brancos, enquanto Chico Lucas era o “Cabeça” para os amigos. Chico era o monitor, ensinava os demais alunos. Tinha fama de inteligente e introspectivo – aura que é reforçada pelos amigos até hoje.


Sou seu amigo, mas não quero a vaga

Ficaram amigos nessa época de Anglo o secretário estadual de Meio Ambiente Daniel Oliveira, o vereador Alan Brandão e o cunhado do secretário de Governo, Marcelo Nolleto, Rochinha. Uma curiosidade: anos atrás, um político que foi disputar um cargo eletivo pela primeira vez e conhecia Chico Lucas da época de escola, foi procurado por ele perguntando quem ia cuidar da seara eleitoral na época da campanha. “O Chico se ofereceu pra fazer. Eu perguntei quanto era e ele disse que não era nada. Fez, eu fui eleito e depois fiquei louco atrás desse bicho para dar uma vaga no meu gabinete e ele não quis de jeito nenhum”, relatou à fonte à coluna, pedindo reserva.


Dos tempos de OAB

Na época de presidente OAB-PI, Chico Lucas foi visto como alguém que quebrou paradigmas. Há o lado negativo, claro, pois num enfrentamento com o Tribunal de Justiça do Piauí, terminou perdendo uma taxa que a OAB-PI recebia do TJ-PI. “Disse que era pela independência, mas isso deixou a OAB mal das pernas e ele não fez o sucessor”, relembra um advogado das antigas.  “Já vi ele sendo ofendido aos gritos, dentro da OAB e foi educado”, citou, para completar o panorama do nosso complexo personagem. Chico deixa claro a todos que a experiência da OAB foi importante, mas finita. Não voltaria e nem repetiria.


Fala o que pensa

Falando em advogados, para o eleitor entender o estilo Chico Lucas, basta saber que o atual secretário de Segurança Pública diz mesmo o que pensa. “Uma vez fui pedir uma opinião para ele sobre uma querela com uma juíza e ele me disse que não ia dar em nada minha representação. Fiquei chateado no primeiro momento, mas gostei da sinceridade”, relata um advogado que não é do grupo de Chico Lucas. Seja para onde os ventos da política piauiense apontarem daqui para frente, não é demais arriscar que eles passam por um sujeito com fama de sincerão, cabelos lisos com franja na testa e óculos na cara. É ou não é?

*a coluna fará, em futuras edições, perfis de outros políticos piauienses, da direita e da esquerda. 


Podem chiar à vontade

A turma que acha que o deputado estadual Jeová Alencar (Republicanos) vai ser vice-prefeito de Sílvio Mendes (União Brasil) lá na frente é capaz de lotar o Maracanã. Porém, tem veto para todo lado. Tudo absolutamente contornável, como é na política. Um tucano: “O PSDB já disse que onde tiver alguém do Pessoa, não vamos estar!”. Os bolsonaristas também dão um pulo lá longe quando se fala de Jeová. Mas, uma fonte próxima a Sílvio, respondeu assim aos reclames levados pela colunista: “Rum, e daí? Isso não impede em nada (uma aliança Sílvio e Jeová)”. Então tá bom...


Só pode tá louco

Demorou exatamente 3 minutos para um deputado do MDB ligar para a colunista após a publicação da nota apontando que o evento de lançamento de Paulo Márcio e Fábio Novo nesta quinta, 25, era de força total de Themístocles Sampaio (volte uma coluna), sem a ajuda de mais ninguém do partido. “Deve estar embriagado quem falou essa história”, retrucou a fonte em off – e com bastante veemência, como o leitor pode notar.


Estão querendo acabar com o MDB!

“Essa historinha está acabando com o MDB. Todos os deputados concordaram com o Paulo Márcio!”, criticou o deputado.  “O Themístocles não está fazendo nada sozinho. Não chamaram os deputados (para o evento do Paulo Márcio com Fábio Novo), que souberam pela imprensa, exceto o Severo (Eulálio) que vai ser presidente (da Alepi)  e puxam o saco dele”, completou o emedebista na metralhadora giratória. Xiiii…


Se conselho fosse bom

Nunca discuta, nunca se explique, fale sempre menos do que aqueles ao seu redor. Os debates verdadeiros só existem para pessoas que possuem o mesmo status e nível de poder. Caso contrário, o mais poderoso sempre ganhará a discussão, e os fatos pouco importam. Mesmo que você seja inteligente, respeitoso e gentil, o jogo da supremacia social opera em outras esferas. Resultados importam mais do que opiniões. É o que é.


Cifrada dos Nervos de Aço

Um político conhecido por ser muito zangado e sincerão, está por aqui com uma forte nomeação recente no grupo político que integra. “Demitiram meu cunhado hoje e nomearam o X. Nada contra o X, mas quem é ele na fila do pão? Não provou que tem voto! Tô com 40 dias sem ver o Y (líder do grupo), mas quando eu ver, vou dizer assim: ‘Vim lhe agradecer, mas vá pro inferno! Só gosta de quem adula e mente!’”. A política, leitores, é para quem tem nervos de aço!


Foto do dia

Oeiras estava lotada essa semana para as solenidades em comemoração aos 201 anos da adesão do Piauí à Independência do Brasil. Dentre os 31 homenageados com a Ordem Estadual do Mérito da Renascença, a mais alta comenda do Estado, estava o delegado Matheus Zanatta, no registro ao lado do delegado Anchieta Nery, diretor de Inteligência da Secretaria estadual de Segurança Pública. Os dois se cacifaram como homens fortes da pasta: Zanatta no tão necessário operacional, Anchieta na tecnologia e articulação. Tudo passa por eles. Na foto, com o também delegado Yan Brayner e Andrea Aragão, homenageada.


A frase para pensar

“Em política, sempre defendi que não existe isso que chamam de princípios. Eles servem para a geometria. Na política, há apenas as circunstâncias históricas, e são elas que definem o que se deve fazer”, José Ortega y Gasset (1883-1955), pensador espanhol.

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