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Coluna 07/02/34

Os segredos da estratégia de comunicação de Sílvio Mendes

Quando escolhemos quem atacar, dizemos quem somos. O ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (União Brasil), não critica diretamente o governador Rafael Fonteles, nem entra em maiores confrontos com o atual prefeito Dr.Pessoa (Republicanos). O prefeito pode ser um apoio num segundo turno apertado, além de segurar vereadores - melhor não ir para o embate. Já Rafael é popular, todos que fazem pesquisa, atestam. Um confronto com ele não favorece ninguém. Sílvio é o anti-PT, mas não o PT de Rafael, é o PT de Wellington Dias e Dudu – muito mais de um imaginário do que da atual realidade de correlação de forças da sigla. Mas eleição se disputa justamente aí, no campo das ideias. 

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Contra o PT do imaginário

Não à toa, Sílvio fez questão de rebater em público uma entrevista do vereador Dudu, que o criticou afirmando que ele era “preguiçoso”. Há uma hierarquia nas falas políticas. Só se deve brigar para cima, com políticos dos cargos acima do seu. Se Sílvio aceitou a provocação de Dudu, não foi para trazer o vereador ao ringue, mas sim o PT histórico de Teresina. O PT de Rafael Fonteles é branco. Sílvio combate o PT vermelho.

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O essencial é invisível aos olhos

Toda a nossa comunicação é voltada para conquistar a adesão de outra pessoa. O ser humano, quando decidiu viver em sociedade, abriu mão da força em nome da palavra. Para ter êxito na arte do convencimento, há uma série de símbolos a serem acionados. Muitos sorrisos infantilizam, já uma certa frieza, por exemplo, é associada ao equilíbrio no nosso imaginário político. Se a população se sente desprotegida, entram associações com símbolos de proteção, segurança. O leitor pode dizer que não percebe nada disso. Tudo bem. Não é para perceber mesmo. É para sentir os efeitos. A comunicação eficaz tem fios invisíveis.

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Simples assim

Se todo discurso político é uma resposta aos discursos populares, Sílvio Mendes quer mostrar estabilidade, família, segurança. É possível ver nas suas redes sociais aspectos que reforçam essa imagem, seja com os netos, seja nos vídeos estrategicamente com pouca produção, com um Sílvio que soe num ambiente menos artificial. Os recursos financeiros ainda limitados dessa fase da campanha até contribuem para o clima de autenticidade que se deseja passar – o que não deixa de lembrar, com certo comedimento, as estratégias de comunicação do ex-presidente Jair Bolsonaro, bem sucedidas até então.

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Preguiça tenho é de você

Até mesmo a provocação constante que recebe dos adversários – de que tem “preguiça”- foi enfim encarada de frente e respondida: “Tenho enorme preguiça de mentir e enganar”. Agora, nessa fase da pré-campanha, Sílvio Mendes deve passar boa parte do dia reunido com o grupo que está montando o plano de governo. Isso deve ser encerrado nessa semana. Carnaval, Sílvio descansa. Na semana seguinte ao Carnaval, serão realizadas rodadas de pesquisa qualitativa para definição de alguns itens da campanha, entre eles o nome a ser convidado para ser vice (isso também depende de acordos políticos, claro). 

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Temos tempo

Há forte expectativa para que na reunião do diretório municipal marcada para o dia 20, o PSDB tenha a sinalização de uma definição de lado: fica com Sílvio ou com Fábio Novo (PT). “Aguardamos isso com paciência também”, revela uma fonte do núcleo duro de Mendes. Na última semana de fevereiro, o foco são as gravações para um quadro novo das redes sociais de Sílvio (a coluna tentou descobrir do que se trata, mas a informação está sendo guardada a sete chaves). A (pré-)campanha está só começando.

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A questão de Caio

Não ter votos é um problemão, quando você quer ser eleito. E ter muitos votos é um problema tão grande quanto, se você também quer ser eleito. Afinal, ninguém é eleito sozinho, é preciso formar chapa, e por isso o suplente de vereador e presidente da Prodater, Caio Bucar, está suando para encontrar uma sigla que aceite ele e o caminhão de 5.609 votos que teve em 2020. 

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Voto demais é um problema sério

“Vai sobrar um MDB pro Caio Bucar”, provocou uma fonte, presidente de partido, que não aceita o vereador por “ter voto demais”. Mas, há quem defenda a ida do parlamentar para o PL. Seria esse também o destino de James Guerra, Gustavo Gaioso e Tiago Duarte? São oito pesos-pesados disputando quatro vagas. Há de funcionar (a coluna só não sabe para quem). 

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Sou o único

Ninguém pode dizer que o deputado federal Flávio Nogueira (PT) não incorporou o espírito petista. Questionado pela coluna, ele admitiu que já soltou aqui e acolá no PT suas pretensões de disputar o Senado em 2026. Mas como fica o deputado federal Dr.Francisco, nome petista raiz defendido por uma ala da sigla para a mesma vaga? “Estou sabendo agora, só se ele está correndo por fora”, respondeu Flávio Nogueira. 

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Enzinho Paz & Amor 

Caso não aconteça nenhum acidente de percurso (nunca se sabe, né?), o presidente da Câmara de Teresina, Enzo Samuel, não vai jogar duro contra a gestão do prefeito Dr.Pessoa nesse ano eleitoral. Várias falas de Enzo na abertura do Ano Legislativo dão conta desse tom mais comedido. Fato, aliás, que chama a atenção, já que pelas bandas dos apoiadores estaduais de Fábio Novo, parece que a palavra de ordem também é esquecer qualquer crítica direta a Dr.Pessoa. Que coisa!

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Voto retrospectivo

O eleitor tem uma certa miopia. Esquece e foca nos últimos anos para balizar o voto. É a avaliação que faz do passado recente que o faz tomar uma decisão para a frente. O eleitor tem uma perguntinha simples na cabeça: “O que você (político) fez por mim recentemente?”. Em seguida: “O que você fez pelo meu grupo recentemente?”. Ganha quem tiver a melhor resposta.

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Cuidado ao bater

Dessa forma, atacar uma gestão que é fruto de uma mudança é lembrar ao eleitor, mesmo que indiretamente, que mudanças podem ser arriscadas e imprevisíveis. Se uma eleição é sobre modelos de mudança ou continuidade, as nuances são tudo. 

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As três personas

Em termos de comunicação política, três perfis de gestores se destacam, cada um ao seu modo, nas redes sociais. O prefeito de Recife, João Campos, incorporou virtualmente o espírito recifense do humor, leveza e atitude arrojada. Virou gigante no Instagram e Tik Tok. Já o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, é o próprio carioca em pessoa, cheio do jeito malandro (no bom sentido), gente como a gente, ativo no Twitter (X), respondendo e entrando com personalidade em discussões públicas. 

Por fim, o governador Rafael Fonteles, conseguiu imprimir uma marca menos sisuda e intelectual (que seria natural a ele) para algo mais próximo da imagem de um piauiense moderno, ideal, firme e ativo. São as palavras que constroem o mundo. Esse é o poder da comunicação.

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Cifrada do Vou te tolerar

Um(a) político(a) que há pouco tempo fez um movimento de inflexão, sustentado por um padrinho forte, teve a adesão comemorada com frieza no núcleo duro de um grupo importante. É que o homem é visto como “forçador de barra, chato e artificial”, relatou um tomador de decisões. Querer, não queriam... Mas, foi jeito engolir! 

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Se conselho fosse bom

Não existe nenhuma grande oportunidade esperando por você na vida. O que encontrará – se for atento – são minúsculas rachaduras. É nelas que você deve mergulhar. Nenhuma porta estará aberta para você, e se espera isso, está louco. Entre nas rachaduras. E lembre-se de não justificar tudo o que você faz ou deixa de fazer a quem lhe questionar. Se agir assim, estará assinando um recibo do quanto é inseguro. 

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Foto do dia

A coluna encontrou em Brasília, muito bem adaptado por sinal, o deputado estadual Georgiano Neto. Por um lapso de memória, questionou o parlamentar sobre como andam as coisas no PSD. Ops! Falha na Matrix. O homem é filiado ao MDB, o leitor sabe... Mas para não deixar a colunista no vácuo, Georgiano disse que está tudo bem, obrigado, no partido do pai, o deputado federal Júlio César. Tem espaço para o vereador e secretário municipal de Esportes de Dr. Pessoa, Renato Berger ficar na sigla? “Só há acordo de aceitar um vereador de mandato, que é o Vinicio Ferreira. E o PSD vai cobrar fidelidade de quem estiver no partido. Tem que votar no Fábio Novo”. Xiii...

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A frase para pensar

“Na vida, você tem três opções em qualquer situação que seja um desafio. Afaste-se da situação, mude-a ou aceite-a”, Phil McGraw.

 

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