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Coluna 18 e 19/04/24

Os erros que o grupo de Fábio Novo espera de Sílvio e vice-versa; bastidores e fator Gessy

A coluna tem interlocutores, informantes, emissários, abelhinhas e até drones como colaboradores dessa humilde cronista da vida política local. Fazendo o trabalho de costura, prezando sempre pelo sigilo inviolável das fontes, é justo compartilhar com o leitor o que se passa por dentro das temidas salas geladas. O que será que o povo do deputado estadual Fábio Novo (PT) tem a dizer da turma do ex-prefeito Sílvio Mendes (União Brasil) em Teresina? E vice-versa? Vamos abrir a caixa Pandora dos bastidores de uma das eleições mais quentes da história piauiense. Pegue um café, dê três respirações profundas, e venha comigo, leitor.


Placas para chegar em Roma

Vários caminhos levam a Roma. Tanto que a coluna soube por fontes confiáveis na capital federal (mais de uma), que a ex-secretária municipal de Economia Solidária, a empresária Gessy Lima, poderá ser candidata a prefeita de Teresina pelo PL. Questionada pela coluna, Gessy lembrou que inicialmente as tratativas com a direção nacional do PL foram na condição de pré-candidata a prefeita, mas o partido entendeu naquele momento que precisava fortalecer a chapa de vereadores do PL de Teresina. Assim foi feito.


Não tô sabendo não 

“Se existe algum plano do meu partido para que eu possa disputar a prefeitura de Teresina, ainda não fui comunicada”, completou Gessy Lima à coluna. Se Gessy não foi comunicada ainda dos planos, a coluna foi. A ideia, segundo fontes próximas ao campo da direita piauiense, é que Gessy Lima conte com o apoio direto do ex-presidente Jair Bolsonaro e da primeira-dama Michelle Bolsonaro, que estarão no Piauí ainda nesse primeiro semestre. Assim, Bolsonaro terá sua própria candidata na capital - o que não deixa de ser uma forma de esvaziar as associações entre Sílvio e Bolsonaro. Vai funcionar? A coluna não tem bola de cristal nem joga tarot. Aguardemos.


A gente não tem culpa de nada disso

Por óbvio, com Gessy candidata, segurando parte do campo da direita (ainda tem o pré-candidato do Novo, Tonny Kerley, no mesmo segmento do eleitorado), o PL deixará, mais dia, menos dia, o palanque do prefeito Dr.Pessoa (PRD). Os vereadores Leonardo Eulalio e Luís André farão o que? Ora, vão ter que ir junto e tentar se eleger. Se vão segurar os espaços no Palácio da Cidade alegando não ter nenhuma ingerência na decisão nacional do PL (que tem, aí sim, ligação próxima com o senador Ciro Nogueira, do Progressistas), bom, isso é outra história. Esse é o jogo dentro do jogo.


Raio-x do adversário 

Um político que trabalha defendendo o nome de Fábio Novo como pré-candidato a prefeito da capital, reconhece que a adesão do deputado Jeová Alencar (Republicanos) a Sílvio Mendes, deu uma melhorada na intenção de votos de Mendes. Inegável. Além das pesquisas, eles fazem trackings (monitoramentos) diários, acompanham cada mudança de vento. “Ajudou (o Sílvio), mas não foi como eles pensavam. Quando o Rafael (Fonteles, governador) entrar na campanha mesmo em Teresina, passamos. Estamos dentro do cronograma”, minimizou. Beleza, e o governador “vai entrar” quando? 


Deixa ele errar

“Depois de junho (espera-se Rafael atuando mais intensamente na campanha). Agora é momento do Fábio ficar mais conhecido, porque muita gente não conhece ele, e consolidar a liderança dele dentro do grupo”, afirmou a fonte. Na análise desse importante político, há uma massa de cerca de 10% de eleitores indecisos, que serão os fiéis da balança no pleito. “São 10% que já conhecem o Sílvio e não votam nele, mas ainda não conhecem o Fábio”, aposta. E completa: “Conhecemos o Sílvio. É um ótimo adversário e contamos que ele continue sendo ele mesmo, está ótimo”.


Funcionou antes e vai funcionar agora 

Na reunião de Rafael Fonteles, Fábio Novo, pré-candidatos a vereador e lideranças comunitárias na última quinta-feira, 18, ficou claro que o discurso “time de Lula” versus “time de Bolsonaro”, lado da “coragem” e lado da “preguiça”, vai ser a tônica da campanha encampada pelos petistas - tal qual foi em 2022, na disputa Sílvio e Rafael Fonteles. Ok, deu certo naquele contexto. Dará certo agora? Os petistas garantem que sim.


Meu papo é outro, irmão 

“Foi uma reunião pra animar a militância, mas pra mim não cola”, confidenciou um vereador presente sobre o grande encontro pró-Fábio.  E o que é que cola então? “Estrutura. Mas não é lá que dizem sobre isso…”. Bom, esse parlamentar tem um argumento, não podemos negar. Para completar, alguns vereadores ficaram chateados com um singelo gesto: “Chamaram deputado estadual e federal lá pra frente do palco e os vereadores ficaram atrás, sem sentido. Nada a ver. A eleição não é municipal não?”, questionou o chateado parlamentar.


 Vão fazer corpo mole

Já um político integrante do lado de dentro da campanha de Sílvio Mendes, aposta em apoio velado de vereadores, suplentes e lideranças do grupo de Fábio Novo e até de Dr.Pessoa. “Já fizemos reunião com as lideranças do X (vereador do PT), Y (liderança do PT que está em outro partido e Z (ex-vereador que não vai mais disputar). As lideranças dizem que votam neles pra vereador mas não pra prefeito. E eles aceitam. A gente aposta nisso. Vereadores estão preocupados com a eleição deles”, argumentou o político experiente.


Eu temo o que você torce que aconteça 

Outra fonte silvista, pontua enxergar duas preocupações no entorno do ex-prefeito: “fator Lula” e “falas polêmicas” do próprio Silvio. Já um petista, diz contar com o “fator Bolsonaro” e com o fato de Silvio Mendes “falar bastante” - o que comprova a preocupação do aliado de Mendes. 


O segredo é ficar off 

Uma parte dos  interlocutores do QG de Silvio, desejam que o ex-prefeito: 1) não participe de debates na TV e rádio e 2) participe de eventos e vá embora sem entrevistas (pois temem “pegadinhas”). Por enquanto, não tem nenhum debate, mas as entrevistas seguem sendo dadas, como o leitor pode notar. Um aliado importante do ex-prefeito nega que essa seja a estratégia, pelo contrário, e aponta que a limitação de entrevistas é para apenas um veículo de comunicação em específico, cuja cobertura o grupo de Mendes considera não ser isenta. Já sobre o fator Bolsonaro, um político que aposta em Silvio Mendes disse o seguinte sobre a data da ida de Bolsonaro ao Piauí: “Quando o Bolsonaro estiver no Piauí o Sílvio vai estar viajando”. A coluna retrucou: “Mas nem tem a data certa”. A fonte fez a tréplica: “Não importa a data, ele não vai estar”. Ah, entendi agora…


Para ler, ver e ouvir

Caso o leitor encontre um intervalo de tempo entre rolar infinitamente o feed do Instagram, ver vídeos de 30 segundos no Tik Tok e comentar no Whastapp sobre a vida de terceiros, pode se beneficiar da leitura de um pequeno (em páginas), mas muito interessante livro chamado “Eleição é guerra: marketing para campanhas eleitorais”, escrito por Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP). O livro é antigo (1992), mas os ensinamentos são atuais. Por exemplo, Manhanelli afirma que toda eleição é regida por três leis básicas: da indiferença, da procrastinação e da efemeridade. Ou seja, a massa dos eleitores não nota o que se passa ao seu redor, deixam tudo (como o voto) para a última hora, e dão o seguinte valor ao voto: nenhum. Bibliografia básica de quem orbita no mundinho da política.


Se conselho fosse bom

Há duas lentes para enxergar o mundo: a da escassez, e a da abundância. A maioria das pessoas opera na primeira esfera. Eles acreditam que há pouco de tudo no mundo e, tentam ao máximo usufruir de tudo dos outros sem oferecer nada de valor em troca. São mesquinhos e sanguessugas, com suas estratégias patéticas de disfarçar o fato de que todas as suas ações visam apenas o benefício próprio. A minoria bem-sucedida é efetivamente generosa. Imbuída num senso de autovalor significativo, as pessoas doam tempo, favores e veem o mundo ao seu redor abrindo portas a elas. Todos querem estar ao lado de pessoas agradáveis e engajadas. Ninguém suporta os mendigos de favores e atenção. Quem tem algum senso de autoestima, não entretem pessoas tóxicas. 


Cifrada do Reino Azul

O pensador inglês Samuel Johnson, dizia que duas pessoas não conseguem permanecer juntas por meia hora sem que uma assuma uma superioridade evidente sobre a outra. Ventos que sopram do Reino Azul, apontam que a ascensão circunstancial de uma Princesa tem trazido nuvens de desconfiança em cavaleiros preocupados com uma batalha iminente. Acreditam que a Princesa terá um papel essencial, de batedora, num conflito que se avizinha. No entanto, entendem também que ela inevitavelmente trará consigo um Rei Deposto que tem sido a causa de muitos problemas para o grupo. Um aliado desabafou: “O X (líder maior do grupo) deveria deixar esse povo todo de mão, se não a gente vai perder! Só trazem problema”. 


Foto do dia

Pense comigo: há um problema sério, que causa prejuízo a milhares de pessoas diariamente. Alguém contribui para diminuir o tamanho do problema. Esse alguém passa, portanto, a ter um modelo que pode ser reproduzido para equacionar a mesma questão onde ela também se apresenta. É o caso da secretaria estadual de Segurança Pública do Piauí, que recebeu na quinta-feira, 18, representantes dos estados do Rio de Janeiro, Sergipe e Distrito Federal. O secretário, Chico Lucas, apresentou o processo de devolução de celulares roubados ou furtados aos seus legítimos proprietários. “Na próxima etapa das ações, vamos fazer a quebra de sigilo telemático que possibilitará a busca e apreensão na casa daqueles que não atenderam o chamado da instituição”, adiantou Chico Lucas, que tem grandes desafios (e projetos equivalentes) na espinhosa missão de combate à criminalidade no estado.   


A frase para pensar

“Se você não for agressivo, não vai ganhar dinheiro, e se não estiver na defensiva, não vai ficar com dinheiro”, Ray Dalio (1949-), fundador da Bridgewater Associates, uma gestora de ativos global.

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