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Coluna 18/06/24

Em alta! O mercado da desistência de pré-candidaturas em Teresina

O local? Um hotel. Os participantes: um pré-candidato a vereador de primeira tentativa e um suplente “calçado” (expressão da política para apontar quem tem “estrutura”, vulgo “dinheiro”). O tema: o convite do grande para que o pequeno desistisse de disputar a eleição municipal de outubro em Teresina. “Me ofereceram R$ 120 mil, R$ 60 mil na entrada e os outros R$60 mil divididos em 3 vezes e pra eu coordenar a campanha desse candidato. Me prometeu um bom cargo com o passar da eleição”. Pegar ou largar?

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Quem não tem pauta, causa ou dinheiro, fica em casa

E qual foi a resposta? “Respondi que não ia desistir porque já visitei 300 pessoas e coloquei o bloco na rua. Ia parecer que estava usando essas pessoas para barganhar cargo”, revelou o pré-candidato à coluna. “Quem não tem causa, pauta e dinheiro, fica suscetível a vender a candidatura”, completou. O mercado de desistência de pré-candidaturas a vereador está a todo vapor em Teresina!

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O fator psicológico

Exemplo disso é o fato de que um suplente de vereador sempre bem votado na capital, deve aderir nos próximos dias a um vereador que enfrenta concorrentes fortes na própria sigla. O acordo é na casa dos R$ 500 mil. Um vereador, amigo de ambos, considera a negociação “uma loucura”. “Eu avisei ao X (vereador que negociou a desistência do colega), que o Y (suplente) vai comer uns 400 contos e não vai dar voto, mas ele alega que a adesão tem um fator psicológico sobre os adversários. Se o cara tem dinheiro pra jogar fora com fator psicológico...”. 

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Com mandato é outra história

Diante do valor da campanha (nas alturas), muitos políticos experientes têm discutido não levar o nome para as urnas. A adesão de alguém com mandato ou uma suplência obtida com muitos votos, é decisiva para precificar o apoio. Um vereador de mandato não desiste para apoiar alguém por menos de R$ 1 milhão. “Fora do mandato, não segura as coisas. Quem está no mandato tem o poder de transferir votos. Claro, tem gente que cumpre e quem não cumpre. O F (vereador que não irá disputar), quer só que honre os acordos e o compromisso futuro”, cita um vereador que busca adesões de pré-candidatos para fortalecer seu lado. 

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Vou te fazer uma oferta irrecusável

Se tem uma turma que vai no dinheiro, outro pessoal vai no argumento. Dois pré-candidatos de esquerda conversaram há alguns meses sobre o tema. Um deles propôs ao outro para fazerem um “mandato coletivo”. E aí? “Eu respondi que fazia sim, só que meu nome ia que ir pras urnas. Aí meu amigo não topou”. Realmente...

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Desistindo sem desistir

Inaugurou-se também a “desistência branca”, que é uma forma de continuar competindo, mas sem gastar dinheiro. “É o caso do Z (vereador) que de 300 pessoas dum evento que fizeram do partido, levou 250. O W (outro político da sigla) levou 50. Um depende do outro, teoricamente, na chapa. Mas O W não vai fazer um movimento nem gastar um centavo”, analisou um político do cenário.

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As duas Zonas Leste

O mapa político de Teresina é assim: a zona Leste é sempre a região mais “desconfiada”. Claro, há duas zonas Lestes: “a rica e a pobre”, classificou um vereador votado historicamente no lado mais simples (mas morador do lado nobre). É lá que se trava uma renhida disputa de votos. 

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Os reis da zona Leste de Teresina

Alguns dos nomes historicamente mais votados na região, do lado de Fábio Novo, são os suplentes de vereador Zé Filho (PSD) e João Pereira (PT), do lado de Dr.Pessoa, o vereador Luís André (PL) e o suplente James Guerra (Avante) figuram nas cabeças. Nas bandas de Sílvio Mendes, Aluísio Sampaio (PP) e Ana Fidelix (Republicanos), protagonizam. Outro nome forte é o do suplente de vereador Gustavo Gaioso. “Mas ninguém sabe em quem ele tá votando não, não declarou apoio. Muita liderança dele está com a Lucy (Soares)”, completou o interlocutor, que mapeia tudo.

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Voto a voto

“Na zona leste rica, o Joel (Rodrigues, ex-candidato ao Senado), ganhou nela quase toda. A mais pobre, é o PT que desempenha melhor, ali na avenida Presidente Kennedy todinha, passa da Piçarreira, Planalto Uruguai, grande Vila Maria, grande Vale Quem Tem”, pontuou um pré-candidato a vereador que briga voto a voto nessa região. Com potencial de formar opinião, a região é crucial para Sílvio Mendes (União Brasil) tentar manter a histórica hegemonia na área, assim como para Fábio Novo (PT), que busca consolidar uma virada. 

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Duas placas

Um político que tem conhecimento profundo dos dois lados da disputa, alerta para dois perigos nas principais pré-campanhas em Teresina: “Perigo do Sílvio (Mendes), não acreditar na subida do Fábio Novo e perigo do Fábio de salto alto do ‘já ganhou’”. Quem avisa....

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Já diria Maquiavel

O poder está no tipo de conhecimento que se tem. De que adianta saber coisas inúteis? Isso é muito importante, caro leitor. Todo líder que busca estabilizar uma conquista, não pode ser refém das condições: acidentes, adversários, necessidades, interesses, outros atores políticos, opiniões, leis, tendências e etc. É preciso saber interpretar e dominar as circunstâncias.

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Melhor você do que os outros

Todo problema é um problema de informação ou entendimento: a informação é incorreta ou a compreensão é equivocada. O pior é quando acontecem ambas as coisas. Nicolau Maquiavel dizia que é dever moral dos virtuosos tentar governar. Se você é justo e capaz, busque o poder, caso contrário, ambiciosos, perversos e tapados estarão influenciando a direção de tudo. 

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Se conselho fosse bom

Só existe um tipo de teoria da conspiração verdadeira: a incompetência é generalizada. A melhor maneira de lidar com isso não é expondo os erros das pessoas que lhe cercam. Mesmo que você fale apenas a verdade, sem o objetivo de ofender, sua percepção será considerada ofensiva. Se você integra a parte minoritária da sociedade capaz de traduzir dados efêmeros e reconhecer padrões, use seu estoque de conhecimento implícito acumulado para prever comportamentos. Se posicione de modo a estar em vantagem sob seus adversários e não para evangelizar os preguiçosos, incompetentes e canalhas sobre falhas que eles nunca vão ter capacidade de corrigir. 

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Cifrada dos Dois Reis

Em um reino onde um jovem rei ascendeu sobre um aliado experiente, há dois grupos disputando força internamente. Tudo acontece de maneira discreta, mas falas soltas aqui e ali revelam o clima nada amistoso. Os mais velhos, reclamam que a turma nova deixou todo mundo das antigas à míngua e só privilegia os seus. Os sangues novos ficam surpresos com o povo que ainda hoje quer roer o osso após ter deixado uma bagunça grande para ser consertada. Uma disputa marcada para daqui há dois anos vai medir a força dos dois lados: o rei novo e o rei posto.

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Foto do dia 

“E o Leonardo Sobral, hein?”, essa é uma frase bastante ouvida por quem, por trabalho ou porventura, orbita o mundinho da política. Sim, e o que é que tem o Diretor Geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Piauí (DER-Pi)? Estava hoje cedo com o governador Rafael Fonteles, o secretário estadual de Governo, Marcelo Nolleto e companhia, nas obras de pavimentação dos 140 Km da PI-115, no trecho de Castelo do Piauí à São Miguel do Tapuio. Mas não é isso que a turma quer falar... O assunto mesmo, nas entrelinhas, é que o homem está fortalecido politicamente, ou como gostam de falar, “fortificado”. 2026 vem aí? Não custa perguntar!

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A frase para pensar

“Cuidado ao procurar objetivos: procure um modo de vida. Decida como você quer viver e então veja o que você pode fazer para ganhar a vida DENTRO desse modo de vida”, Hunter S. Thompson (1937-2005), jornalista e escritor norte-americano.

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