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Coluna 01 e 02/07/24

FabioNaro: estratégia ou passou do ponto? Análise

Se um discurso é útil para a campanha, ele deve circular. Mas nem sempre cabe ao pré-candidato fazê-lo com sua própria voz. Ao admitir, essa semana, que alguns empresários bolsonaristas o apoiam (o que é verdade), o deputado Fábio Novo (PT) quis passar essa mensagem: se você nunca votou no PT ou não gosta do partido, não tem problema, te aceitamos. Mas, por ter usado o termo “Fabionaro” para descrever o voto Fábio Novo + Bolsonaro na eleição de Teresina, políticos no entorno do próprio Fábio, ouvidos pela coluna, enxergam que o petista terminou reascendendo ânimos polarizados e desagregadores entre petistas e bolsonaristas. Há ocasiões em que ser sutil ou usar emissários para circular as narrativas, soa mais eficaz? Ou é melhor ser direto e reto?

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O apito é diferente

Por trás da estratégia “Fabionaro”, há dois pontos muito claros: 1) a meta é ter uma vitória em primeiro turno. Um segundo turno tende a favorecer Sílvio Mendes (UB), além de encarecer o processo eleitoral e resetar o jogo de apoios com os vereadores e suplentes. Para isso acontecer, Fábio Novo precisa que alguns dos resilientes eleitores de Sílvio, mudem de posição e votem nele. Esse é o sinal dado aos bolsonaristas que apoiam Rafael Fonteles, governador do PT, mas se recusam terminantemente a apoiar outro petista, no caso, Fábio.

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Não tem mais voto voando solto

Outro ponto: 2) A margem para conseguir novos votos, tanto para Sílvio como para Fábio Novo, é mínima. E a guerra agora é um contra um. Há cerca de 10% de indecisos. Muita pouca gente. Ou seja, são pessoas que conhecem Sílvio e Fábio e mesmo assim não decidiram por um ou outro. Talvez anulem ou deixem de votar no dia. Talvez migrem para o prefeito Dr.Pessoa (PRD), que pode crescer com a máquina a pleno vapor, ou o novato Tonny Kerley (Novo), cujo desempenho nos debates é uma incógnita (será a nova Gessy Lima?). Não dá para contar com fatores externos: cabe a cada um fazer sua caça ao voto. 

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Voto SiLula

Por isso mesmo, Sílvio faz o mesmo que Fábio, mas no campo oposto: menos direto, no próprio estilo, o ex-prefeito passa o recado: quem votou no Lula, fique à vontade para votar em mim. Sílvio só não chegou ao ponto de chamar o voto Sílvio + Lula (que também existe) de Silula. Aí já é demais?

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O voto dos irmãos e irmãs

Por conta da estratégia “Fabionaro”, a busca pelo eleitorado evangélico é importante. Esse segmento não é homogêneo, mas também não seria exagero dizer que a maioria é alinhada à direita e seus valores conservadores. No registro, encontro dessa semana com evangélicos, tendo como um dos organizadores o coordenador da Coordenadoria de Enfrentamento às Drogas e Fomento ao Lazer, Tiago Vasconcelos, que tem reforçado a ponte com o segmento, apresentando Fábio e as propostas que o petista tem para a igreja.

 

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A favor da igreja, sim. Pauta de costumes, não

Em diálogo com um emissário político no mundo evangélico, um pastor pediu que fosse assinada uma carta de compromisso falando da “defesa da família”, relatou um participante do encontro à coluna. A carta compromisso, ok, a “defesa da família” (eufemismo para uma agenda antiaborto, anti-casamento LGBTQIA+), não. “A ideia é não entrar nessa pauta de costumes, e sim deixar claro que Fábio é a favor da igreja, será bom para a igreja evangélica”, argumentou o político. Vale lembrar que na semana passada, Sílvio Mendes exaltou seu vínculo com esse grupo, lançando a Frente Evangélica por Teresina. Como a coluna disse acima: é voto a voto.

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Tá comigo ou não?

A grande diferença que um político do PT aponta, em reserva, para os estilos do ex-governador e senador Wellington Dias e do governador Rafael Fonteles no comando das eleições em Teresina, é a seguinte: “Com o Wellington, ele deixava claro: ‘Esse é meu candidato’, mas se a pessoa não quisesse votar no candidato dele, isso não fechava as portas. Com o Rafael, fica claro quem é o candidato e que quem está com o candidato dele, está com ele. O inverso também”. 

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JVC, Fábio e Rafael

Para onde vai o ex-senador João Vicente Claudino (ex-PSDB) nas eleições de Teresina? Com falas públicas que deixam claro as pontes queimadas para uma aliança com Sílvio Mendes (UB), há sinais de fumaça no caminho que leva a Fábio Novo (PT). A coluna soube, por alto, que um discreto e positivo encontro entre JVC e Fábio já teria ocorrido há alguns dias. Mas, para fechar, não teria que ter uma conversa com o governador Rafael Fonteles? De todo modo, interlocutores avisam que Rafael está gripado e com a agenda política em stand by. Será que vem aí?

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Vereador sincerão

Um vereador foi recentemente abordado por uma eleitora, durante uma das suas visitas às comunidades em busca de votos. A eleitora, por acaso, não tinha papas na língua: “Vocês, políticos, são engraçados, só aparecem em época de eleição...”. O parlamentar de Teresina, também é conhecido por ser super sincero, e retrucou: “Você votou em quem na última eleição?”. A eleitora não lembrava. Ele completou: “Você já viu Coelhinho da Páscoa sem ser na Páscoa? É assim mesmo”. E fim de papo.

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Marquim & Zé Filho & Brandão

A coluna trará regularmente informações não tão públicas assim sobre os apoios de deputados federais e estaduais a pré-candidatos nos principais municípios. Comecemos por Teresina. A chapa do MDB é fortíssima, tem pelo menos sete nomes grandes brigando por três a quatro vagas de vereador. Um deles é Marco Maia, ex-diretor de Tecnologia da Assembleia Legislativa nas gestões Themístocles Sampaio (MDB). Na Alepi, Marquim é querido entre os servidores e também entre os deputados e ex-deputados. Em nova fase, a rádio corredor aponta que agora Marco Maia aglutina aproximação e confiança com ex-governador Zé Filho e o deputado Wilson Brandão (PP). Pesos pesados! Na foto, Marco Maia com o senador Marcelo Castro (MDB), outro apoio. 

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Se conselho fosse bom

Se alguém faz algo que é um ato contra você (mesmo que seja mínimo, na visão dos outros), corte essa pessoa imediatamente, sem nenhuma hesitação, do seu círculo. A longo prazo, você se poupará de ter que conviver com uma série de indivíduos problemáticos e com potencial de tirar sua paz. Pessoas complexadas, frustradas e com energia negativa, nunca irão mudar e não cabe a você consertar a vida de ninguém. Seja educado e polido, mas decida, sem nenhum tipo de preocupação ou explicação, cortar o acesso a você de quem não é capaz de somar, só subtrair.

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Cifrada do Tamanho da Folha

A coluna teve acesso (não foi ninguém que contou não) à planilha de um competitivo pré-candidato a vereador de Teresina. Chuta aí, leitor: R$ 70 mil por mês com lideranças. “Mas mês que vem subo para R$ 80 mil e depois R$ 100 mil”. O homem é organizado e coloca tudo com o nome de quem apresentou a liderança, nível de confiança e quantos votos projeta (com ‘quebra’ de 25% do prometido, para não ter surpresa). Confrontado com a informação, um vereador no mandato retrucou: “Soube que a folha do Fulano (suplente) está R$ 200 mil mensal”. A colunista retrucou: e a sua? “Não tô gastando nem R$ 10 mil”. Um colega estava do lado e se meteu: “Para de mentira!”. A única conclusão disso tudo: a eleição está cara, caríssima!

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Foto do dia

Integrantes do QG (quartel-general) do prefeito de Teresina, Dr.Pessoa (PRD), deram uma ideia inusitada ao gestor: que a escolha do pré-candidato a vice-prefeito seja feita na hora da convenção, prevista (mas não confirmada) para o dia 20, às 16h. A colunista pensou ter entendido errado e refutou: “Ah, vocês vão anunciar lá na hora... bacana”. A fonte então corrigiu a coluna: “Não, escolher na hora!”. Bom, parece ser uma maneira pelo menos bastante criativa de lidar com a questão: o embate entre o Avante, que quer indicar a advogada Dalva Fernandes, e o PRD, que deseja indicar a jornalista Ana Célia Aragão, não arrefeceu nenhum centímetro e ainda tem a turma que prefere que o vice seja um militar. De surpresa, quem tiver que chiar, vai ter que fazer isso depois do leite derramado!

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A frase para pensar

“Há duas palavras que devemos levar a sério e obedecer ao nos esforçarmos para o bem e nos abstermos do mal, palavras que garantirão uma vida sem culpa e sem problemas: persistir e resistir”, Epicteto (135 d.C), filósofo grego estoico.

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Música da semana

A eleição começou (faz tempo, na verdade). A vida corre acelerada, temos muitos problemas e ideias de soluções (na cabeça). O leitor merece esquecer um pouco tudo isso. Não há nada melhor que dedicar minutos preciosos de existência a Ray Charles e sua “I Believe To My Soul”. A letra é muito simples: ele sabe que está sendo enganado e está prestes a tomar uma atitude. Pois é leitor, como a coluna disse no início, essa música não tem NADA, nada mesmo, a ver com política...