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Coluna 22/07/24

Por Sávia Barreto

Quem “ganhou” as convenções em Teresina? Uma análise dos erros e acertos de cada lado

Quem “ganhou” as convenções em Teresina no sábado, 20, isso depende de para quem o leitor perguntar. O jogo da política é (e sempre será) desgastar os concorrentes. Aliás, para que servem mesmo as convenções? Um político jovem, mas que já participou de várias, resumiu: “Convenção serve apenas para empolgar/desempolgar as bases políticas de cada grupo”. Bom, mas se o sujeito não empolgar nem o povo que depende dele, vai entusiasmar quem mesmo? 

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Vai ser exército contra exército

Um deputado federal presente em uma das convenções, disse à coluna, em análise fria, que vê o pleito da capital da seguinte forma: “A meu ver, eleição sem paixão: exército contra exército”. Sem sentimento. Será? O comportamento ideal da teoria dos jogos é que os partidos políticos se empenham em estratégias razoavelmente racionais para ganhar eleições. Se estivermos falando de Piauí, “racional” não é bem a palavra para descrever a coisa, mas não sejamos implicantes... 

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Só importa o resultado

Analisemos não a intenção (porque dessas, o inferno está cheio, não é?) mas a única coisa que importa: o resultado da movimentação dos três principais candidatos a prefeito da capital. Meu caro leitor, minha cara leitora, a coluna faz aqui uma precária aproximação dos fatos (como tudo), com o mosaico de vozes que o leitor poderá filtrar a seu critério. Estejam servidos com o cardápio do dia!

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Dr.Pessoa: animação e volume. Forçará o segundo turno?

Ao contrário de alguns políticos e leitores que respeito, a coluna não está inclinada a considerar “fora do tom” a encenação que o prefeito fez da própria vida na convenção do PRD: vestido de trabalhador rural e de médico, recontou sua história com ânimo, criatividade e bom-humor. Um integrante da sala gelada dá os créditos: tudo foi ideia da cabeça do próprio prefeito, 72h antes da convenção, colocando num papel de próprio punho para ser executado.

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Tem jogo

Um político do núcleo duro de Dr.Pessoa, que na semana passada estava pedindo “pelo amor de Deus” para o prefeito repensar a candidatura após a adesão do vereador Markim Costa a Fábio Novo (PT) e as suspeitas de debandada, saiu-se com essa: “Rapaz, é como um time de futebol que está no último lugar. Tu vai ver o jogo, por amor ao time. Mas aí o time empata! Acho que agora tem jogo, hein?”, disse, animado e mudando da água pro vinho... Ah, destaque para a organização de Stanley Freire (da Fundação Cultural), que tem os créditos do trabalho na convenção.

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Quem coloca 10k, chega em 50k, né não?

Confrontado com a crítica de um político adversário de que os presentes eram “de DAS”, um outro político, dessa vez aliado de Pessoa, foi ferino: “Eu não quero saber o que é, quero saber é que deu gente”. Esse aí tem um bom ponto. A percepção geral é que, se Pessoa consegue colocar 10 mil pessoas, em média, numa convenção, por que não obteria 50 mil votos, chegando assim aos dois dígitos e forçando um segundo turno em Teresina? Máquina e disposição, o time tem. É colocar pra rodar?

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Sílvio Mendes no palco com Chico e Elmano

No palco, Sílvio Mendes com mais dois ex-prefeitos, o ex-tucano Francisco Gerardo e Elmano Férrer (Progressistas). Chico Gerardo foi prefeito na década de 90 após a morte de Wall Ferraz. Discreto e longe dos holofotes, é raro aparecer publicamente. O fato foi exaltado pelos apoiadores de Mendes. Em sua fala, fez duras críticas a nomes do PSDB que decidiram aliar-se a Fábio Novo. Considerou "lastimável" pois o PSDB sempre teve a "fama" de "fazer muito mesmo com pouco dinheiro e sem atos de corrupção". Palavras de Chico Gerardo.

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Ele não estava parado e sim emocionado

A coluna questionou um integrante da campanha sobre recortes de vídeos que mostravam Sílvio Mendes parado no palco, contrastando com a empolgação do vice, Jeová Alencar. A situação foi minimizada: “O Sílvio é o Sílvio. Naquele momento, estava emocionado com o neto dele, vendo a multidão, nada demais. Ele não é como o Jeová, de ficar pulando, gritando. Isso ele não vai fazer”. Falando nele, o deputado Jeová Alencar (Republicanos), teve visibilidade significativa. Puxou discurso e bordão. Boa parte da mobilização do ato foi vista como trabalho de Jeová. 

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Ausências e presenças

Sobre o volume de gente, um político ouvido pela coluna credita a quantidade menor de pessoas (em comparação aos adversários), à escolha conflitante do horário da convenção: pela manhã ainda há muitas pessoas limitadas a comparecer por estarem trabalhando. Um aliado de Sílvio minimizou as críticas sobre volume: “A militância é feita para o seu grupo e não para um ser maior do que o outro, até porque não dá para competir com quem tem estrutura (Governo e Prefeitura)”, argumentou, em reserva. Ausência sentida: senador Ciro Nogueira (Progressistas), o que não parece um desprestígio e sim uma estratégia calculada de não colar o nome de Ciro (ligado a Jair Bolsonaro) a Sílvio. Se funcionará, o tempo dirá. 

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Fábio Novo: otimismo e força

Incontestavelmente, até mesmo pelos adversários, foi a maior convenção. Como se sabe, para fazer convenção, é necessário ter duas coisinhas: estrutura e organização. Se faltar alguma, é problema. Não faltou para Fábio Novo (PT). No dia seguinte: a base aliada sorrindo de orelha a orelha. “A militância toda achando que já ganhou, embora tenha o cuidado de dizer que agora que a campanha vai começar e que todos vão para a rua assegurar a vitória”, pontuou uma águia do lado de lá.

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Em festa, mas sem salto alto

“Tu é doido, a do Fábio deu gente demais. Eu achei que tivessem escolhido um espaço muito grande e poderia ficar feio se ficasse vazio, mas ficou lotado e entupido de gente”, admitiu, aliviado, um vereador. Riscos: salto alto, que está sendo combatido internamente, e evitar erros (como em qualquer campanha em ascendência – e Fábio está subindo nas pesquisas encomendadas por todos os lados). “Agora é administrar e não chutar a santa”, ponderou um político de barba branca. 

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Se conselho fosse bom

Tudo que você for fazer será arriscado. Se for para errar, que seja um erro de ambição e não de preguiça. O segredo não é ficar parado achando que a covardia evita o perigo (isso é impossível). O que lhe segura para dar o passo a frente necessário? Você não precisa adquirir mais informações. Você não precisa saber o que fazer. Você só precisa fazer. Na dúvida, ultrapasse. Na vida só há dois papeis: ou você é o espectador ou escreve os roteiros. Decida e viva com isso. Mas, se escolher que terceiros roteirizem sua realidade, por favor, sem choro.

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Cifrada do Não Assino Embaixo

Nem só de festa se viveu no final de semana na flamejante capital. Um partido teve uma confusão daquelas porque um político “introcável”, que precisava assinar a ata da convenção, decidiu que não ia fazer. Questões de acordos não cumpridos? Bem ou mal, a turma da legenda se virou e arrumou as assinaturas para completar... Vai ter judicialização? Se mexerem nisso, um candidato capaz de desequilibrar o pleito pode terminar não disputando? Isso ajuda ou atrapalha para ter segundo turno? Por hoje, só perguntas... para respostas, passe amanhã, quem sabe. A coluna não promete nada!

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Foto do dia

Os adictos de política tiveram um dia efervescente ontem com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que desistiria da reeleição. A provável sucessora no partido Democrata é Kamala Harris, atual vice, que enfrentará uma dura batalha contra o favorito (do momento), o ex-presidente Donald Trump. E o que o Brasil tem a ver? Só isso: 1) se Trump ganha, a direita mundial se fortalece (Jair Bolsonaro no meio). Mesmo dizendo que o Brasil terá relação seja com quem for eleito nos EUA (isso é claro), o presidente Lula prefere Biden, por afinidade de agendas (os democratas de lá são mais ou menos a esquerda daqui) 2) as comparações entre as idades de Lula (78 anos) e Biden (81 anos) não são nada favoráveis ao petista, que refuta equivalências sobre capacidade física e vigor. É obrigatório acompanhar!

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A frase para pensar

“Você deve estar preparado para trabalhar sempre sem aplausos”, Ernest Hemingway (1899-1961), escritor norte-americano.

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Música da semana

Essa máquina de moer gente, chamada mundo, nos impele ao conformismo e estagnação. A canção 'My Way', imortalizada na voz de Frank Sinatra em 1969, nos alerta do contrário: encontramos sentido vivendo sob nossos próprios termos e sendo quem somos (com todos os milhões de erros e defeitos que acumulamos, ora!). Trechinho traduzido, para o leitor da coluna se inspirar.

Eu vivi uma vida completa

Eu viajei por toda e qualquer estrada

E mais, muito mais que isso

Eu fiz isso do meu jeito

Arrependimentos, tenho alguns

Mas por outro lado, muito poucos pra citar

Eu fiz o que eu tive que fazer

E continuei fazendo sem isenção

Eu planejei cada curso traçado

Cada passo cuidadoso ao longo da trilha

E mais, muito mais que isso

Eu fiz isso do meu jeito

 

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