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Coluna 16 e 17/04/24

Para vencer, Silvio precisa dos votos dos eleitores de Lula. Essa é a questão
 
Começou e caiu como uma bomba. O anúncio, por parte da jornalista Samantha Cavalca em suas redes sociais, de que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria em breve no Piauí, suscitou uma série de comentários, postagens e veiculações na mídia vinculando a visita a um hipotético apoio de Bolsonaro ao ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (União Brasil). De bate-pronto, a equipe de Sílvio não apenas negou o apoio como garantiu que o ex-prefeito estará em viagem agendada para São Paulo, onde participa de um treinamento de mídia com sua agência de publicidade. 


Teve sim
 
Interlocutores da cúpula de Mendes admitem que o foco do ex-prefeito é manter os pés e os discursos na discussão dos problemas de Teresina. O desafio não é pequeno pois, do outro lado, o esforço é oposto: ligar Sílvio a Bolsonaro e relembrar que em 2022, Mendes apoiou Bolsonaro no segundo turno no Piauí. Por uma questão de lógica e matemática, para vencer a eleição, Sílvio Mendes precisa do seguinte: que os eleitores do presidente Lula, que são maioria na capital, votem nele. Já o petista Fábio Novo, quer o contrário. Cabo de guerra!


Ou é Lula ou é Bolsonaro?

A situação é delicada, portanto. Silvio não ataca Lula, como se viu até o momento. Mas é bastante atacado pelos petistas, que fazem circular o discurso que ser Sílvio é sinônimo de ser anti-Lula. Toda campanha é uma disputa por sentimentos, sentidos e discursos. É impossível dissociar a polarização política nacional, da disputa municipal. Nem que seja, no caso do grupo de Sílvio, para rechaçar a vinculação com um “cabo eleitoral” não desejado no contexto atual.


G20: projeções da eleição no interior do Piauí 
 
Como está a eleição nos 20 maiores municípios do Piauí? Uma fonte da cúpula governista, disse à coluna que enxerga o cenário da seguinte forma:
 
Parnaíba, Picos, Floriano e Teresina: “bem encaminhados”, José de Freitas, São Raimundo Nonato, São João e Paulistana, Luís Correia, Piracuruca e Corrente: “já ganhamos”, Oeiras, Pedro II e Campo Maior: “competitivos”; Miguel Alves: “ponto de atenção”, Altos, Uruçuí, Valença e União: “se tornando competitivos”.


Ponto de vista 

Claro, eleição só acaba quando termina e as perspectivas são absolutamente relativas, dependendo do emissor. De todo modo, são com esses dados que o grupo mais próximo ao governador Rafael Fonteles, diz trabalhar. 


“Sou pequeno, mas não sou besta”
 
Um colaborador costumaz da coluna resolveu enviar não uma sugestão de nota, nem um tema de atenção, mas sim um jingle informal. Segundo ele, essa será a música que os pré-candidatos a vereador de Teresina, que possuem entre 300 a 1500 votos, estão entoando no rumo dos seus deputados federais, estaduais e pré-candidatos a prefeito. Atenção para a estrofe, leitor!
 
“Dinheiro na mão, campanha na rua!
Dinheiro não viu, campanha sumiu!”
 
A coluna achou que rimou.


A comentada vaga de desembargador do Quinto
 
Está previsto para ocorrer ainda no primeiro semestre, a escolha do novo desembargador do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), na vaga destinada aos advogados (chamado de Quinto Constitucional). A situação é interessante e deve ser acompanhada com atenção, não apenas porque o escolhido ficará até os 75 anos em uma das mais altas cadeiras de decisão do Judiciário piauiense, como também há reflexos dessa escolha na eleição para a presidência da OAB-PI (marcada para o final do segundo semestre) e uma correlação mais ampla de jogos de força e poder. 


Vai tentar esse ano?
 
Curioso mesmo é desabafo de um advogado (a) aos ouvidos da colunista. Questionado se não iria tentar dessa vez entrar pelo menos na lista sêxtupla que será votada pelos conselheiros da OAB-PI, o defensor do bom Direito disse um peremptório “não”. Mas por quê?


Advogado (a) sincerão
 
 “Eu só iria tentar (estar na lista) por três motivos...”. E quais seriam? “Queria ficar cada vez mais próximo do X (nome bem cotado para a vaga de desembargador), que todos os outros desembargadores do TJ-PI conhececem meu nome e depois, falar pros meus clientes que sou incrível (o adjetivo original foi substituído pela colunista, mas começa com “f”)”, revelou o bem-humorado advogado, com fama de sincerão. E bote sincero nisso!


Selado em Francinópolis
 
Ainda é tempo de formar palanque. Em Francinópolis e São Pedro do Piauí, duas composições terminaram de ser fechadas essa semana. Mauro Paraíba (PSD) será apoiado pelo deputado Georgiano Neto (PSD) e pelo coordenador da Coordenadoria de Enfrentamento às Drogas e Fomento ao Lazer, Tiago Vasconcelos (MDB). Ele tem o apoio de parte do PT local e do ex-prefeito Brandão. Tiago deve levar o voto de Mauro para estadual em 2026, e Georgiano? Ora, a vaga de federal existe para quê mesmo?


Ajustando os ponteiros em São Pedro
 
Em São Pedro, a dobradinha de Tiago se repete, mas agora com o presidente da Assembleia Legislativa, Franzé Silva, apoiando Neto Peças, que saíram do grupo do atual prefeito Júnior Bill, ainda em setembro passado. Neto selou aliança com Nádia, candidata de oposição pelo PT na eleição passada. Em São Pedro, se será Neto ou Nádia a ficar na cabeça de chapa, só será definido no próximo mês. O instrumento para bater o martelo é a boa e velha pesquisa de opinião. Quem sair melhor, leva. Simples assim.  


Se conselho fosse bom
 
A maioria das pessoas funciona assim: anote tudo o que eles falam e inverta. Eles farão exatamente o contrário, mais tempo ou menos tempo, pois a palavra desses não significa nada. A incoerência, a eterna busca pelo caminho de menor custo, é a marca dos comuns. Para se distinguir dessa massa, lustre seu bem mais precioso, sua reputação. Adquira a fama de ser uma pessoa consistente e cumpridora de acordos, custe o que custar. Isso irá, certamente, facilitar sua vida e encurtar o caminho para o sucesso. Fale e faça. 


Cifrada dos Dois Batedores

Doido não é só quem rasga dinheiro, não é mesmo? Toda eleição tem que ter “batedores”, faz parte da escalação do elenco. Na turma dos batedores, um time que passa por algumas dificuldades, escolheu um nome experiente e bom de lábia para ajudar seu pré-candidato a prefeito. Só tem um “porém”: o batedor tem dupla missão, pois precisa bater num adversário forte, e noutro, que é fortíssimo. Será uma boa ideia comprar briga com todo mundo? A coluna só faz as perguntas... Já do outro lado, depois de receberem uma pancada repentina de um adversário que andava em outros ares geográficos, houve resposta. Esperaram um tempinho e escalaram um batedor, digamos assim, inusitado, pois não teve votos. É tudo uma forma de rebaixar o adversário? “É o que ele (adversário) merece”. Esses daí são profissionais...


Foto do dia
 
O senador e psiquiatra Marcelo Castro (MDB), que costuma ter uma visão mais progressista de temas da Saúde Pública, esteve ausente na votação da PEC das Drogas, aprovada na terça-feira no Senado. Ele explicou depois, através da assessoria, que estava de atestado médico, fazendo exames de rotina em São Paulo. A bancada do Piauí no Senado, por sua vez, seguiu a maioria: votou pela criminalização de todas as drogas em qualquer quantidade. A proposta mira no STF, que caminha para descriminalizar quem porta pequenas quantidades de maconha. Como o Congresso é soberano para legislar, vai prevalecer a alteração da Constituição que vier do Legislativo. Na Câmara dos Deputados ninguém espera placar diferente. O Brasil, como se sabe pela representação no Congresso, é conservador. E aqui, sem juízo de valor, uma constatação: as mudanças, para acontecerem num país como esse, precisam ser efetivadas de baixo para cima e não contrário. 


A frase para pensar
 
“Quis fazer o bem a alguns e o mal a outros. Tudo o que quis fazer bem, fez mal, mas todo o mal foi bem-feito”, jornalista anônimo, acerca de ex-autoridade argentina famosa por criar polêmicas.

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