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Wilson Martins defende reforma fiscal

Segue a segunda parte da entrevista do governador Wilson Martins, exclusiva para a Tempo Real. Ele diz que o Estado ainda enfrenta gargalos que sugam quase R$ 2 bilhões por ano. E que, sem uma reforma fiscal profunda, os estados mais vulneráveis vão continuar penando, perpetuando as enormes desigualdades regionais.
Veja o resumo da entrevista:
 
TEMPO REAL – Quando o senhor fala de gargalos, se refere ao serviço da dívida?
WILSON MARTINS – Não só ao serviço da dívida. Temos alguns sugadouros de dinheiro que geram impacto de quase 2 bilhões por ano... O maior é o serviço da dívida, sim, mas há outros problemas sérios, como o déficit previdenciário, os precatórios e a falta de acordo sobre o e-comércio e a guerra fiscal?
 
TR – O senhor diz que a dívida é o maior desembolso. Qual é, de fato, o impacto real de cada um desses itens?
WM – Só o serviço da dívida, este ano, vai representar um desembolso de R$ 734 milhões. Outros R$ 450 milhões serão para cobrir o déficit previdenciário e mais R$ 60 milhões para pagamento de precatórios. Os parcelamentos do INSS somam outros R$ 60 milhões. Quase tão pesada quanto o serviço da dívida é a guerra fiscal e a falta de acordo sobre o e-comércio, que impedem a entrada de R$ 620 milhões.
 
TR – Essa soma é que chega a quase R$ 2 bilhões?
WM – Tenho a conta feita: somando todos esses itens, temos um valor de exatos 1 bilhão e 920 milhões. Quase R$ 2 bilhões. É algo absolutamente perverso para um estado como o Piauí, porque impede a formação de poupança e inviabiliza investimentos necessários ao desenvolvimento do Estado e a mais ampla modernização na gestão pública.
 
TR – Há um caminho para superar esse problema?
WM – Creio que devemos ter uma atenção especial à reforma fiscal. Sem ela – portanto, sem um novo pacto federativo – não temos como atenuar significamente as diferenças regionais. Precisamos, pelo menos, alterar a forma de cobrança do imposto sobre consumo (basicamente, o ICMS), fazendo que seja cobrado no destino. Hoje, cobrado na origem, ele beneficia especialmente os estados que já são ricos e aprofundam as diferenças regionais. O Congresso tem que estar atento a essa necessidade, que é urgente, muito urgente.
 
TR – O Pré-Sal pode ser uma saída?
WM – A proposta do senador Wellington Dias, aprovada no Senado e que na semana que vem estará na Câmara, é um passo importante. Com ela, o Piauí terá uma injeção de uns R$ 15 milhões por mês. É um valor importante que destinaremos para reforçar o trabalho em áreas essenciais como educação, saúde e segurança. Quero lembrar como fundamental a liberação das emendas dos parlamentares, que muitas vezes não se tornam realidade.
 
TR – Quer dizer que as boas intenções não saem do papel?
WM – Tenho que reconhecer a vontade da bancada federal, e também as dificuldades da União, sobretudo em meio a esse vendaval da crise mundial. Mas estamos atuando juntos para que as emendas – tão necessárias para concretização de nossos projetos prioritários – sejam liberadas. A maior parte de nossos projetos depende desses recursos, porque nossa poupança é limitada. Veja o caso da ponte do Mocambinho: foi toda construída com recursos do Estado, o que não é fácil, até porque há a necessidade de diversas outras intervenções em Teresina e em todas as regiões do Piauí. Estamos usando o diálogo para, quem sabe, conseguir um tratamento diferenciado para o Piauí. Confio muito na sensibilidade da presidente Dilma.
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