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Apenas 18,5% do esgoto de Teresina é tratado; gestor culpa Governo Federal

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A terceira reportagem da série "Saneamento: o grande desafio", exibida nesta quarta-feira (22) no Jornal do Piauí, revelou que apenas 18,5% do esgoto de Teresina é tratado e que a capital precisa de pelo menos mais quatro estações de tratamento de esgoto para atender 100% dos domicílios teresinenses.

Atualmente, Teresina dispõe de apenas três estações de tratamento de esgoto. O mais eficiente fica localizado na zona Leste e é responsável por tratar 12,5% do esgoto da capital. A estação da zona Norte, 5%. A da zona Sul, apenas 1%.

De acordo com o superintendente de Estudos e Projetos da Agespisa, Simon Bolívar, a baixa cobertura é resultado de anos de falta de investimento no setor. Segundo ele, a responsabiliade do problema é do Governo Federal.

"Todas as companhias de saneamento passaram cerca de 20 anos sem receber um tostão do Governo Federal. Saneamento é atrelado à saúde. Depois que acabou o Planasa (Plano Nacional de Saneamento), as companhias de saneamento ficaram sem poder de investimento e foram sucateadas. Em estados ricos, como São Paulo e Paraná, conseguiram se reerguer. No Nordeste é mais complicado. O saneamento no Nordeste é bem mais complicado. É preciso que as autoridades compreendam esse tipo de ação", chama a atenção.

Simon Bolívar acrescenta que, mesmo que surjam recursos, não será fácil expandir o tratamento de esgoto em Teresina. "A nossa dificuldade é conseguir terreno adequado. Os terrenos são de grandes dimensões. Quando a gente pensa em lagoas de estabilização, pensa em hectares. Essa lagoa nova da zona Sul tem um terreno de 60 hectares. Isso é para atender só 200 mil pessoas. Se a gente puder e conseguir terreno, o tratamento em si é simples e eficiente", destaca.

O tratamento do esgoto, de fato, não exige muita mão-de-obra. Para tratar a água, não há qualquer adição de produtos químicos. Primeiro, acontece o processo de filtragem. Depois, é hora da caixa de areia. Em seguida: as lagoas de estabilização. Depois desse processo, tudo volta para o rio Poti. Na reportagem exibida nesta quarta-feira, do alto dá para ver a água sendo despejada no leito do Poti.

 

Sem saneamento, construção civil emperra

Presidente do Sindicado da Construção Civil do Piauí, o engenheiro André Baía o Governo precisa investir em saneamento básico sob risco do setor da construção civil ficar estagnado em Teresina.

"Você não consegue verticalizar, construir edificações comerciais e residenciais com sustentabilidade sem saneamento. Se você faz um prédio, você verticaliza, ou seja, você coloca um grande número de unidades residenciais em uma pequena área. Para onde esses dejetos vão? Você não tem como fazer fossa ou sumidouro, por exemplo. Você obrigatoriamente tem de ter saneamento básico. (se não tiver) Você inibe todo o crescimento da cidade, a verticalização fica amplamente prejudicada e no final quem paga a conta é a sociedade", adverte.

Flávio Meireles
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