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Colapso na rede de esgoto pode acontecer por falta de vontade política, reclama engenheiro

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Com obras paradas desde 2012, a rede de esgoto da zona Sul da capital acumula problemas e muitos prejuízos para moradores, para a União, que terá que pagar R$ 40 milhões a mais na atualização do valor, e a empresa, que tem um gasto mensal de R$ 15 mil para manter um depósito e um calote de cerca de R$ 10 milhões pelo início das obras. De acordo com o engenheiro responsável pela ação, que classifica o atraso como “má vontade política”, com as ligações clandestinas em 40 km de rede já instalados pode haver um colapso e o esgoto voltar para as casas. 

A obra teve início em 2009 e, entre disputas judiciais pelas empresas na licitação, acabou sendo iniciada à força, segundo o presidente da construtora Jole, que aplicou cerca de R$ 10 milhões. “A obra é para ter sido terminada em 2012 com os 270 km de rede de esgoto, ligação residencial e estação de tratamento”, explica o engenheiro José Leal, reclamando do prejuízo da empresa.

Segundo o engenheiro, a obra foi paralisada pode determinação da Caixa, que alegou a carência de informações no projeto e uso da tabela errada do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI). “Disseram que estávamos desobedecendo a tabela do Sinapi, que eles usam a do nordeste, mas nós usamos justamente a tabela usada no Piauí e Maranhão, que é diferente. Provamos isso para a justiça e nos deram razão”, reclama Leal.

Com os embargos e a briga judicial, a obra está parada até hoje, com vários quilômetros de canos e equipamentos mantidos em um depósito na zona Sul, onde frequentemente são registradas tentativas de roubo. “O material está lá e temos que manter segurança e o aluguel do espaço”, afirma, destacando que é gasto cerca de R$ 15 mil por mês.

O engenheiro alega que existe uma esperança da obra ser terminada. Isso porque há um processo tramitando na Justiça Federal e com a decisão do TCU em deixar a obra de saneamento da zona Sul por responsabilidade da construtora Jole, impedindo outra contratação para o mesmo serviço, isso deve ser facilitado. No entanto, a obra que custaria R$ 61 milhões em 2012 e os recursos acabaram voltando ao Ministério das Cidades, com a atualização dos valores, pode passar para R$ 100 milhões hoje. “É um grande prejuízo, principalmente, ao erário público. Ela já poderia estar funcionando desde 2012 e hoje está muito mais cara”, lamenta.

Para ele, o maior problema da obra foi falta de vontade política, que veio desde que foi recomendado a não participar da licitação. “Mudaram vários gestores na Agespisa no meio dessa confusão toda, mas nunca conseguiram resolver o problema. Isso porque não queriam que entrássemos na obra”, reclama Leal.

Outro problema com a paralisação da obra é que algumas pessoas acabaram fazendo ligações clandestinas às residências em um sistema de esgoto que não estava concluído, o que apresenta um grande risco. “Esses canos não estão dando em lugar nenhum, já que não tem a estação. Uma hora [o esgoto] vai voltar [para as casas]. Teve apenas 40 km de rede de esgoto concluída e que deverá ser refeita. Está tudo lá enterrado”, frisa o engenheiro.

Diego Iglesias
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