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Brasileiro ainda paga caro pelo crédito mesmo com o corte na Selic

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O Comitê de Política Monetária (Copom) resolveu baixar a taxa básica de juros na última reunião. Com a Selic fixada em 10,25% ao ano, o recado que o governo tenta passar é de controle da inflação e de incentivo à atividade econômica. Nesse sentido, o interesse não é somente aumentar o investimento no País, o corte na Selic também vem como forma de incentivar o consumo.  

O grande problema é que o corte determinado pelo Copom não tem reflexo significativo nos juros que são pagos pelo consumidor e pequenos empresários. Em outras palavras, o corte na Selic não é suficiente para deixar o crédito barato no mercado. Isso significa que o cidadão continua contraindo dívidas caras em um momento em que o desemprego segue em patamar elevado - atingindo cerca de 14% da população, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
 
O que realmente faria diferença no bolso do consumidor seria a redução do spread bancário – onde o Brasil amarga a posição de mais alto do mundo. O spread nada mais é do que a diferença do custo do dinheiro para os bancos e para o consumidor. Em outras palavras, um investimento atrelado à Selic vai te pagar juros anuais próximos a 10,25% ao ano. Em contrapartida, uma dívida atrasada no cheque especial chega a ter juros de mais de 300% ao ano nos cinco maiores bancos do país. 
 
Enquanto não existir mais transparência dos bancos em relação a um spread tão elevado, o corte feito na Selic não serve de estímulo efetivo ao consumidor. Ela vem como uma sinalização de mercado, mas sem efeito prático na vida do cidadão comum. 
 
Outro agravante é o fato de que a economia ainda segue em ritmo lento de recuperação, a qual está fortemente atrelada à instabilidade política do país. O mercado vinha apostando na aprovação das reformas econômicas, mas a agenda ficou travada depois dos escândalos envolvendo nomes importantes no cenário político, entre eles o presidente Michel Temer. 
 
Ainda é cedo para prever o comportamento da economia daqui em diante, tendo em vista que não há como ter certeza sobre os desdobramentos políticos. A expectativa do mercado é que o governo encerre o ano com a Selic no patamar de 8,5% ao ano. No entanto, esses cortes podem acontecer em um ritmo mais lento, justamente em função do agravamento político. 
 
Apesar da redução da inflação, o orçamento das famílias segue apertado. Considerando todo esse contexto, o incentivo ao consumo fica limitado. Por hora, o único comportamento que se espera do consumidor é cautela. Enquanto isso, se o mercado deseja mesmo uma retomada mais expressiva da economia, é preciso focar com mais prioridade na redução do spread bancário brasileiro. 

 

Fonte: G1 - Blog do Samy Dana 

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