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Asgard encontrada e cultivada

Não estamos trazendo nenhum episódio novo de Thor, o herói da Marvel que se baseia em um Deus da Mitologia Nórdica. Nem vamos falar de Asgard o mundo dos deuses da mesma Mitologia Nórdica que se popularizou graças aos filmes e personagens do formidável Stan Lee. Vamos falar de uma pesquisa que abriu um importante leque de informações sobre o surgimento dos Eucariotos.

Antes de mais nada é bom explicar. Os seres celulares se dividem em três grandes grupos: Procariotos que apresentam a célula mais simples e com o núcleo desorganizado, os Eucariotos, que são os organismos que apresentam células com formas mais complexas, incluindo um núcleo que vem totalmente organizado e os Arqueias que apresentam-se como os organismos mais primitivos e com uma organização celular peculiar. No grupo dos Eucariotos estão organismos como animais, plantas e fungos e uma infinidade de organismos bem complexos. Até hoje não se tinha noção de como a vida passou de uma estrutura celular mais simples (como Procariotos e Arqueias) para uma estrutura celular mais complexa (Eucariotos). A coisa pode ter mudado totalmente com a descoberta dos cientistas japoneses liderados por Hiroyuki Imachi, do Instituto de Ciência e Tecnologia do Mar e da Terra do Japão.

Desde o início da década passada, cientistas escandinavos descobriram Arqueias em regiões profundas do mar. Como são de grandes profundidades, estas bactérias se desintegram em razão da diferença de pressão (por viverem nas profundezas suportam grandes pressões. Ao serem trazidas para zonas com menor pressão terminam rompendo-se, pelo fato de a pressão interna ser maior do que a externa), por isso a única coisa que conseguiram coletar e conservar foi o seu DNA. Descobriram então uma série de Arqueias que receberam nomes de deuses vikings como Loki, Thor, Odim, Heimdall e Hel, e foram chamadas na mesma família: Asgard. As arqueias Asgard guardam em comum a presença de DNA de células eucariotas, descobertas feita ainda em 2015.

Em 2006, Imachi e sua equipe descobriram Arqueias de Argard a partir de sedimentos da fossa marinha de Nankai, a 2500 metros de profundidade e cuidaram de tentar cultivá-las em um biorreator, o que durou cinco anos. Conseguiram alimentar as Arqueias com leite em pó para bebês e puseram-se a observar sua estrutura e comportamento. Visualizaram-nas pela primeira vez identificando seus tentáculos e acompanharam sua lenta reprodução (considerando os padrões para as demais bactérias), pois levam um mês para concluir a reprodução.

Imagem da Arqueia de Argard. Fonte: Nature.

A equipe de Imachi publicou na revista Nature a teoria de que o ancestral dos Eucariotas seria uma arqueia muito similar a um Asgard. A ideia é de que este Arqueia, com seus tentáculos, engoliu uma bactéria e esta passou a fazer parte de sua estrutura, gerando um organismo mais complexo. A ideia do grupo de Imachi reforça a hipótese formulada pela cientista norteamericana Lynn Margulys que explica exatamente que a origem das células eucarióticas (responsáveis pela formação dos seres vivos mais complexos, o que inclui o ser humano) terem um arsenal bioquímico formado pelas Mitocôndrias (que em estrutura lembram muito uma bactéria) seriam por força da chamada Hipótese Endossimbiótica, chamada mais tarde pela pesquisadora espanhola Purificación Lopez-Garcia de Sintrofia entre Bactérias, ou trocando em miúdos, uma união (do grego Sin, junto) em troca de alimento (do grego Trophos, alimento).

A simples observação destas Arqueias pode não ser a única premissa necessária para comprovar esta ideia, mas esta simples observação reforça as hipóteses traçadas antes mesmo de se conhecer o tipo de organismo que poderia ter feito parte da interface entre a evolução entre o modelo procariótico (baseado na simplicidade da estrutura celular) e o modelo eucariótico, que se resguarda em uma complexa estrutura que favorece toda a diversidade biológica que conhecemos.

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Uma boa semana para todos (as).

 

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