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COVID-19: impactos sobre a educação

No início desta quarentena assisti a uma entrevista do biólogo Átila Iamarino no Programa Roda Viva e algumas de suas palavras me marcaram muito. Dentre elas o diálogo que, segundo ele, estabeleceu com a esposa, de que o mundo que conheceram havia mudado a partir do momento em que se caracterizasse a pandemia provocada pelo SARS-Cov2: a COVID-19.

Aquelas palavras me fizeram iniciar uma reflexão que trago comigo de muitas coisas no mundo, que de fato, sofreu uma deflexão no seu percurso natural. Começando pelos hábitos de higiene que precisamos mudar para não espalhar ainda mais a doença, passando pela nossa própria saúde mental, afetada pelo isolamento que, para nosso alento, é minimizada pelo uso de tecnologias de comunicação, o que tem nos permitido conversar com parentes, fazer reuniões de trabalho, dar aulas etc.

Como sou do meio educacional, vejo que um dos desafios tem sido ensinar crianças e jovens por meio de plataformas e usando recursos de comunicação para tentar mitigar o pior no combate à doença que é a falta de contato interpessoal. As escolas estão tentando, usando os recursos de vídeo aulas, lives e outras atividades remotas, manterem as crianças na “sala de aula”. Especialistas do mundo inteiro tem debatido as melhores formas de fazer isso, mas enfrentando as críticas dos pais e de alguns educadores que não perceberam ainda que, para uma situação como essa, quanto mais conseguirmos preencher a lacuna deixada pela necessidade de isolamento, melhor.

Alguns educadores têm colocado que as diferenças entre condição financeira de estudantes oriundos de famílias com poder aquisitivo e aqueles sem as mesmas condições, neste período, agravarão as desigualdades de acesso, reduzindo a equidade para se atingir os mesmos objetivos educacionais, no que estão completamente certos.

Os pais, agora envoltos com a conciliação entre suas atividades na lida com os filhos e mais a tarefa de administrar o ensino de suas crianças, possivelmente agora percebam a importância das escolas e principalmente do professor, em cuidar de uma geração organicamente mais ativa e mais dotada de energia. O homeschooling (educação domiciliar) que estava entrando na pauta de discussão de alguns pais mais modernos, nunca esteve tão em alta. Seus conceitos recrudescem na opinião dos pais mais engajados com a educação dos filhos e, definitivamente não está nos planos daqueles que agora observam o quanto a atividade educativa vai muito além do que se imagina, e dá um trabalho sem precedentes.

O período de pandemia, que atinge ou atingiu a suspensão de aulas em 191 países, tem reforçado algumas opiniões sobre a Educação a Distância, a EaD. Especialistas acham que depois que a pandemia passar um número maior de pessoas aderirá a esta antiga forma de se ensinar que depende muito mais de planejamento e disciplina pessoais do que de qualquer outro fator.

Um grupo particular de estudantes ficou mais suscetível ao isolamento: as crianças da educação infantil. Mesmo pertencentes a uma geração que já nasceu imersa na tecnologia, cujos dedinhos já são bastante habilidosos nas telas touchscreen, o que seria considerada uma grande vantagem neste período de aulas remotas com o uso de tecnologias, o contato interpessoal e as interações sociais se mostram como elementos imprescindíveis no aprendizado deste grupo. Algumas escolas têm passado por uma avalanche de pedidos de cancelamento de matrículas, o que pode levar a uma crise no setor, especialmente com a demissão de professores e auxiliares. Todavia, é preciso que os pais reavaliem esta situação, pois somente na escola os campos de aprendizagem são praticados com planejamento e a visão de especialistas, podendo esta lacuna gerar o acúmulo de prejuízos que reflitam as fases futuras do processo educacional.

Outro grupo que sofre, ora preocupado em tentar acompanhar as aulas e atividades remotas, ora sem saber o que vai ser para o futuro, é o que se prepara para ingressar nos cursos superiores. Há no país uma preocupação sobre a necessidade de adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. O Ministério de Educação, num misto de cautela, dúvida e terrorismo barato, dá assertivas de que nada mudará, mas as indefinições causam uma intranquilidade imensa em quem, pela própria idade e vivência do momento, já estaria imerso numa plêiade de ansiedades. Na minha opinião, o MEC fará, mais a frente um ajuste no calendário. Mesmo sendo prematuro alterar agora, deveria deixar claro que fará as mudanças caso haja um comprometimento no cronograma, o que na minha opinião, já aconteceu.

Para o momento, sobram incertezas sobre quando isso tudo irá acabar e revelam-se certezas de que o mundo definitivamente mudou.

Boa semana para todos (as) e até o próximo post.

PS: Pelo Dia Internacional da Educação (28/04)

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