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COVID19: a resposta da ciência brasileira

No final da semana que passou li a mensagem de um pesquisador parceiro meu bastante desanimado com a aprovação do achatamento salarial sofrida pelos professores das universidades federais e o congelamento das promoções a que fazem jus, relativo à produtividade acadêmica que todos precisamos ter para evoluir nas carreiras. A medida foi tomada pelo governo e endossada pelo Congresso em razão das baixas na economia, afetando a todos, embora no fundo ache que o fardo sempre tem vindo para os servidores públicos.

Retruquei com ele que isso é uma fase, que acredito, sinceramente, que o máximo que pode durar é enquanto durar a atual gestão, pois querendo ou não os servidores e professores, especialmente das universidades, foram escolhidos por membros do atual governo para alvo de achincalhes e escárnios, que inundam as redes sociais. Muito do que se propaga sobre o lado negativo das universidades é pura ilusão como “as extensivas plantações de maconha” e “a produção de metanfetamina” do ideário do atual ocupante do Ministério da Educação. O que se produz muito nas universidades é ciência, pois 95% da produção acadêmica nacional vem de lá.

O que a maioria das pessoas não sabe, e aí o senso comum reina, e que precisa ser mudado, especialmente por quem ajuda na divulgação científica, é que os laboratórios das universidades embora sucateados, com falta de insumos, cortes de bolsas etc. estão trabalhando intensamente. A maioria das pessoas não sabe que na atualidade uma bolsa de mestrado custa R$ 1.500 e a de Doutorado R$2.200,00, e o último aumento foi entre 2004 e 2005, na gestão do então Ministro Eduardo Campos, ou seja: algo em torno de 15 ou 16 anos sem reajuste.

Já é senso comum que doentes graves com COVID19 precisam de acesso a um respirador mecânico em Unidades de Terapia Intensiva. Também é senso comum (facilmente comprovável em uma pesquisa pela internet) que os respiradores mecânicos custam entre R$ 50 mil e 70 mil. Em nenhum momento, em nenhum noticiário viu-se, por exemplo, pesquisadores em diferentes países buscarem alternativas. Pelo contrário, o que se vê são países fazendo apreensão de aparelhos quando as cargas já compradas fazem escalas em seus aeroportos. Veja esta notícia aqui

Numa pesquisa rápida descobri que atualmente existem oito projetos de respiradores em desenvolvimento em diferentes universidades brasileiras. Desde universidades de ponta como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), passando por universidades menores como a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Universidade Estadual do Amazonas (UEA), até universidades privadas (“até” porque as instituições privadas raramente investem em pesquisas) como as gaúchas Universidade de Passo Fundo (UPF) e Universidade de Caxias do Sul (UCS). Clique nas siglas e comprovará através do que já foi noticiado na imprensa.

E estamos falando de um item apenas: respiradores mecânicos. Neste momento existem pesquisadores estudando vacinas, medicamentos, ajuste de procedimentos, adaptações farmacológicas de outros medicamentos, levantamento de sintomas diagnósticos acessórios, desenvolvimento de testes seguros, desenvolvimento de técnicas alternativas mais rápidas, de novas condutas, desenvolvimento de novos tipos de equipamentos de proteção individual, adaptação de materiais para produção em larga escala de EPIs etc. Ou seja: a universidade, pesquisadores, a intelligentsia brasileira, está trabalhando forte. Enquanto tem “patriota” terraplanista fazendo carreata para baldear o isolamento social, ainda necessário em quase todas as cidades brasileiras.

A verdade vai prevalecer sempre! Meu amigo: não desanime! Se não fosse a ciência as coisas estariam bem piores. Charles Darwin publicou os fundamentos disso há 160 anos. A ciência não nos conforma, mas nos conforta.

Boa semana para todos (as).

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