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COVID-19: reedição da Revolta da Vacina

Quando eu estava no Ensino Fundamental, lá na década de 1980, lembro de ter estudado sobre a Revolta da Vacina que aconteceu no Rio de Janeiro no começo do século XX. Na minha inocência infanto-juvenil achava algo tão absurdo que chegava a ser inacreditável. Na minha cabeça achava impossível que um considerável número de pessoas duvidasse dos efeitos de medidas sanitárias rígidas tomadas para prevenir doenças com altíssimo índice de letalidade como a varíola e medidas de saneamento e limpeza para reduzir infestação por ratos, visando diminuir os casos de peste bubônica, além de focos de febre amarela.

Revolta da Vacina - 1904. Fonte: Wikipédia.

A necessidade de quarentena em tempos de COVID-19 tem nos mostrado, via redes sociais e às vezes transmitidas por outros veículos, cenas absurdas e estarrecedoras. Cito o exemplo de um rapaz que chega a uma farmácia sem máscara, recebe da balconista (dada a proibição vigente) e, com uma ironia desatinada, coloca máscara sobre a cabeça, enquanto filma tudo e é interpelado por outros clientes. Ou a cena de uma moça que chega a um supermercado e dá um espetáculo, quando é retirada pelo segurança da loja.

Em casa, na quarentena, temos assistido a comportamentos como esses, na minha opinião, patéticos. Acompanho a preocupação de algumas autoridades em manter o isolamento social. Estes têm uma visão total do sistema de saúde -formado por unidades de saúde públicas e privadas - e sabem até onde este suportaria atender. Neste momento, os sistemas do Amazonas, Pará, Maranhão e Ceará estão estrangulados. No estrangulamento não há meio de salvar pessoas, nem que estas tenham recursos para pagar, por isso, nem as diferenças de poder econômico livrariam os mais ricos dos mais pobres.

A pandemia trouxe uma crise econômica difícil. Negócios serão afetados fortemente e muitos empregos serão perdidos. Esta semana li estudos que comparavam três cenários diferentes. O menos ruim para a economia ainda é o que está desenhado com o isolamento social e o fechamento dos negócios não essenciais, enquanto o pico de contaminação não é ultrapassado.

Assim como a Revolta da Vacina, não é somente a questão da saúde pública que está em jogo. Há uma disputa descabida em questão. Isto é absolutamente lamentável.

Boa semana para todos (as).

 

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